Na infância, quando chorávamos por não nos sentirmos vistos, nem escutados, éramos rotulados como demasiado sensíveis.
Quando tendíamos a responder por sentirmos que nos tínhamos de defender dos adultos que ultrapassavam os nossos limites, éramos rotulados de "mau feitio" e desafiadores.
Quando nos fechávamos porque sentíamos que ninguém nos compreendia, éramos rotulados como bichos do mato.
Ninguém olhou para aquilo que precisávamos, para o nosso mundo interno, para as emoções que, por não conseguirmos processar, como seria natural ainda com num cérebro tão imaturo, se traduziam em comportamentos que não sabíamos explicar.
Sem que reparemos, carregamos esta herança de olharmos para o comportamento e rotularmos a criança a partir dele.
Mudarmos de lentes, percebermos que o comportamento não tem de definir a criança, mas sim mostrar-nos o que lhe pode estar a faltar, permite que identifiquemos essas necessidades e emoções e, a partir daí, que cheguemos até à criança.
Já imaginaram como se sentiriam se finalmente alguém realmente vos visse e dissesse: "Não te preocupes, não te vou julgar pelas tuas acções, entendo que estás só a sentir-te perdida/o, sem saber mostrar de outra forma aquilo que sentes. Quero muito perceber o que precisas"? Se nós gostaríamos disto, as crianças, que ainda têm menor capacidade de compreensão de si, gostariam mais ainda.
Aquilo que mostramos por fora diz muito sobre o que nos está a faltar/a passar cá dentro.
Estamos juntas, 3m’s.
Psicóloga Tânia Correia: "Crescemos a ser julgados pelos nossos comportamentos"
Crescemos a ser julgados pelos nossos comportamentos.
- 10 abr, 18:12

Tânia Correia
Psicóloga, mestre em Psicoterapia Cognitiva-Comportamental na área da infância e adolescência / OPP: 24317