Crónicas

Magda Burity sobre Pedro Crispim: "Pedro, o Grande!"

O título podia ser alusivo à sua estatura, nada média, mas não é. Conheci o Pedro Crispim, de raspão, num evento do croquete lá para os lados da Expo, em Lisboa. Fomos "prestigiar" um espaço que estava a ser inaugurado e, entre outras figuras públicas que lá estavam, chamou-me à atenção a sua energia contagiante, as texanas e a gargalhada.

  • 17 jan 2021, 16:57

Depois daí, como ainda tinha a minha cabeça em Angola e Moçambique, países onde vivi durante 15 anos, não prestava muito atenção ao seu desempenho profissional, nem o que representa como aliado da luta contra a diferença e homem interseccional que é.

Conhecendo já o meu estilo de escrita, acho que não estão à espera que me posicione em mexericos sobre a vida do Pedro.

Depois desse dia, só o assistia na televisão. Afinal, não é o que todos fazemos? E, felizmente, não sabia mais nada do "Rei da Bobage", que, hoje em dia, tem esta assinatura estampada em marcas portuguesas, como a Pulser – nos famosos sneakers sem género – e a Pampamia, que criou uma linha de merchandising, pelo alcance da sua expressão.

Lamento dizer, mas, também como especialista em comunicação, quando as marcas começam a desenvolver produtos connosco e em nosso nome ou assinatura mediática é porque we are doing something right!

E é isso que destaca a figura do Pedro e me faz escrever sobre ele esta semana, depois dos ataques preconceituosos de que foi alvo e, como sempre, não conferiu o ditado de "O Rei Vai Nu".

Do que lhe conheço, e vocês não vão acreditar que desde 2018 que não nos vemos, apesar de termos partilhado o mesmo projeto - o "Big Brother 2020" –,  o Crispy, como carinhosamente lhe chamamos, é daquelas pessoas que não larga a mão de quem agarra.

Apesar de os turnos serem diferentes, dizia-me sempre que acompanhava o meu trabalho e valorizava a minha interseccionalidade. Até ao dia. O dia em que eu ia dar uma entrevista para uma revista de televisão, já tinha tudo preparado, e a dona do showroom que me tinha sido indicado para a produção – como eu não era "conhecida" - decidiu boicotar o acordo e, às 9h da manhã eu não tinha roupa para "fazer bonito".

Foi aí que senti a força do Pedro, a sua empatia e espírito de entreajuda. Ninguém que se cruza com outro alguém, do mundo da televisão, tem esta generosidade que eu conheça. Há mais alguém. A Maria Botelho Moniz, mas fica para depois.

Em duas horas, o "Guru da Moda" conseguiu que eu tivesse uma loja inteira só para mim e todos os looks que eu quisesse para ser entrevistada. A mesma loja que me foi "cancelada" pela senhora amargurada que representa o showroom. Sendo assim só fiquei a ganhar e cada vez que conto que foi o Crispim que organizou tudo, quem não o conhece não acredita.

Às vezes, a nossa persona em televisão não tem de ser igual à da vida privada ou ao projeto de entretenimento a que estamos alocados. Por isso, é que televisão é magia.

Imaginem se fossemos todos iguais ao que somos no ecrã. Só víamos Netflix e HBO. É preciso gloss, purpurinas e energia positiva para transmitir naquele pequeno ecrã, que, agora, já tem 80 polegadas, em algumas casas (risos).

E seja de que tamanho for, o Pedro Crispim é um bom profissional de comunicação e um bom colega. Isso é que conta. Imaginem, de tudo o que se especula dele, se era possível manter o seu ateliê e cursos de formação há dez anos, se fosse mesmo desagradável? Fugia tudo! Inclusive eu.

É esse o serviço público que também vos deve ser prestado. Descrever quem está por trás do que se diz. Já te faziam uma grande entrevista na TV, Rei da Bobage!

Magda Burity

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