Liguei-lhe, histérica, assim que vi o anúncio no seu Instagram. Afinal, agora nós podemos ser os primeiros a avançar com as notícias, sem filtros ou enviesamentos. E a Érica confirmou-me que, depois de um casting, vai interpretar um papel que ainda não vou revelar.
É uma participação que sei que não vai ficar esquecida. E sabem porquê? Porque a Chissapa – sim, Chissapa, para que o nome comece a ficar conhecido aqui em Portugal – já anda nisto há 20 anos. Primeiro, abraçou o jornalismo, o que lhe valeu ser repórter da TV Globo em Angola, além de ter sido protagonista de várias novelas no seu país, quando a ficção começou a dar os primeiros passos.
Fez furor em Portugal, como parte do elenco principal da série "Voo Directo", que estreou na RTP 1, em 2010, e apresentou-nos o sangue novo angolano que, hoje, pontualmente, dá um pezinho na ficção portuguesa. Foi uma das coproduções de Lisboa com Luanda mais bem-sucedidas – acho que já se pode descrever assim – e uma lufada de ar fresco, no início da década.
Érica era Weza e fazia parte do grupo das quatro assistentes de bordo mais sexys do Oceano Atlântico. Contracenou com Soraia Chaves, Maya Booth e Micaela Reis – as suas colegas de cabine. A este elenco juntaram-se atores, como Ciomara Morais, Gonçalo Diniz, Fredy Costa e Ana Bustorff.
O enredo girava à volta da vida destas quatro amigas que partilhavam uma grande amizade. O humor, a força e a esperança destas mulheres que contavam com o apoio incondicional umas das outras, nos altos e baixos das suas vidas - no início dos 30 anos -, representava-me. As novas preocupações como o casamento, a maternidade e a continuação ou não de uma vida profissional agitada, também.
Quem nunca passou por isto? E num ambiente de trabalho multicultural, que, tal como a década passada nos mostrou, é possível e devemos continuar a normalizar e não tornar uma exceção.
Este regresso da Érica à TV preenche a fatia da representatividade que é necessária e salutar, por aqui. Começa na ficção e, como defendo, deve estender-se a várias áreas, como a apresentação, a opinião e a partilha de histórias de sucesso de profissionais africanos e afrodescendentes que são invisíveis em Portugal, para que o serviço público de todas as televisões possa ser cumprido a 360º.
A juntar-se a este debute, a atriz vai estrear, esta semana, dia 5 de fevereiro, um projeto de comédia no Mundo FOX, do universo Fox, que espero que chegue à Fox Comedy, uma vez que é da autoria do humorista e guionista Gilmário Vemba, prata da casa na comédia "À La Carte".
E, last, but not the least, fica a dica: na semana em que a novela "A Única Mulher" está de volta – o projeto que chamo de "Dallas" à portuguesa, pelo enredo e espaço temporal que ocupou na TV –, vai ser ótimo rever personagens que representam o universo do dia a dia. Em que todos estamos lá e que é o caminho certo para se mudar mentalidades.
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