1. Natal é...
... a minha época festiva de eleição! Com maioria absoluta e uma verdadeira moção de confiança. Imaginem que um qualquer governo avançava com um decreto-lei que estipulava a celebração do Natal, o ano inteiro... Contava muito com o meu voto. Bom, talvez esteja a exagerar um pouco, mas é só porque gosto muito de Natal. Das músicas, da árvore, dos filmes na TV, no sofá, com chá quente e uma manta. Mas a exclamação do Natal é testemunhar o momento da abertura de prendas por parte das minhas filhas. É extraordinário ver tanta felicidade no olhar e no sorriso das minhas crianças.
2. Qual é a memória mais especial que guarda do Natal?
Na verdade, gosto imenso do Natal, mas, pelo andamento da minha história de vida, nunca houve tradição para grandes celebrações natalícias. Talvez por isso, recordo com imensa saudade os natais com a minha avó Teresa, na minha terra, Riodades. Ela, sozinha, esperava pela minha chegada e passávamos a Consoada só os dois. Uma refeição rápida, cozida no pote que estava ao lume, e os dois sentados num banquinho de madeira, junto da lareira, enquanto, lá fora, reinava o silêncio e o frio típicos de uma aldeia beirã. Não havia troca de prendas, só a audição das histórias e memórias da minha avó. Momentos imprescindíveis na minha vida e que explicam a paixão pelo Natal, que foi "revolucionado" com a chegada das minhas filhas. Uma boa revolução [risos].
3. O que é que costuma comer na noite de Consoada e qual o doce favorito?
Quando era criança, adorava começar a noite com pão torrado e uma fatia de salmão fumado. Sei que pode não ter nada a ver com a tradição de Natal, mas, caramba, como gostava dessa sandes improváveis [risos]. Depois, um prato de raia cozida, com batatas, bem regado de azeite, e com um ovo cozido. Doces, sim, sempre, muitos. É a noite de todos os abusos. Gosto muito de azevias de grão e destas novas variações do Bolo Rei, como o Bolo Rainha com frutos secos e, agora, o Bolo Rei só com recheio de chocolate. As pupilas gustativas agradecem tamanhas inovações que ninguém leva a mal.
4. Quantos presentes costuma oferecer e quantos recebe? Pensa e compra com antecedência ou é tudo à última hora? Tenta oferecer sempre presentes personalizados?
Nunca tive muito jeito para receber presentes nem para dizer aquilo de que preciso. Digo sempre que não preciso de nada ou, então, que prefiro aplicar o "voucher" da escolha noutra altura do ano. Acontece que na primavera pode haver Natal [risos]. Tenho mais jeito para escolher prendas para crianças e nem tanto para adultos. Fácil para as filhas e afilhados, porque já escrevem ao Pai Natal, difícil para a esposa e para a sogra. Já desisti de oferecer roupa, porque nunca acerto no tamanho, porque estou (ou estava) convencido de que é igual em todo o lado e a lei da costura dita o contrário. Para o sogro é mais fácil, porque sei que ele gosta de ler. Ups, será que acabo de revelar que lhe vou oferecer mais um livro? Nunca deixo para a última da hora, porque não gosto da confusão dos últimos dias das lojas. Olha, cá está algo no Natal de que não gosto, talvez a única.
5. Para quem é o presente de Natal mais difícil/especial de escolher?
Por norma, dou-me bem. Não costumam devolver as minhas prendas [risos]. Se quisermos surpreender alguém, a missão é mais complicada, porque nunca sabemos a reação. Só se tivermos 110% de certeza absoluta de que é aquela a expetativa do presenteado. Temos de estar sempre atentos a todos os sinais, especialmente nos adultos, para saber se há uma escolha óbvia. Quando as crianças deixarem de acreditar no Pai Natal, vão-se as cartas e, aí, poderá começar a ser difícil. Ups, eu disse que o Pai Natal não existe?! Peço à Selfie para não me citar, muito obrigado [risos].
6. Qual é o presente de Natal ideal para si?
Eu gosto mais de dar do que de receber prendas. Sinceramente. O presente ideal para mim é todo o ambiente de Natal, com o serão a começar na tarde do dia 24, com a árvore a dar muita luz em pleno dia e brincar com as minhas filhas ao mesmo tempo que vamos picando uma entrada ou doce que já esteja na mesa. Depois, uma Consoada com bacalhau, acompanhado com um belo vinho. E na sobremesa, um bom espumante a acompanhar. Ou seja, o melhor presente é mesmo o Natal.
7. Costuma fazer a árvore de Natal? Sozinho ou com ajuda?
Este ano foi batido o recorde da árvore, porque um amigo da escola da minha filha Matilde já tinha montado a dele e nós não podíamos ficar para trás certo? Por isso, o Natal já começou no início de novembro e as netas tiveram a ajuda preciosa do avô e da mãe. Eu sou um especialista na arte de ligar e desligar as luzes da árvores de Natal [risos].
8. Quem é que se costuma vestir de Pai Natal? Até quando acreditou?
Eu estreei-me como Santa Claus no ano passado. Vestido a rigor e com uma bela barriga que a dada altura não percebi se era das almofadas ou dos doces que já tinha ingerido. Mais difícil foi fazer uma voz mais grave do que já tenho, para não ser reconhecido. Mas acho que até correu bem. Deixei de acreditar cedo, 6 anos talvez, na casa da minha avó materna. Passei esse Natal com os meus tios e o meu primo Filipe que se tinha portado "não tão bem" como eu nesse ano (desculpa Filipe, é verdade) recebeu um carro telecomandado muito catita. Eu recebi um "carrinho". Logo ali achei que era uma grande injustiça, juntei a ida estranha da minha prima à sala para depois voltar e dizer que o Pai Natal já tinha passado por lá... pronto, acabou ali. Passados tantos anos, divirto-me com esta história e é normal que os pais ofereceram prendas melhores aos filhos do que aos sobrinhos, certo?
9. Quando, onde com quem costuma passar o Natal?
Nos últimos anos, em casa, com a família mais próxima: esposa, filhas e sogros.
10. Costuma fazer o Presépio? Qual a figura favorita?
Agora não, mas quando era criança, na minha terra, íamos mesmo em busca da dita árvore e do musgo que se encontrava na floresta para fazer o Presépio. Sempre gostei de São José. A figura de pai, o nome do meu pai... eu também tenho o nome, também sou pai.