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Miguel Araújo sobre genérico de "Bem Me Quer": "O guião inspirou-me"

Miguel Araújo compôs o tema do genérico da nova novela da TVI, "Bem Me Quer". Em conversa com a SELFIE, o músico falou sobre o que o inspira a escrever temas que marcam a vida de muitas pessoas.

"É muito raro eu fazer músicas de empreitada, por convocatória, só que, neste caso, o Pedro [Ribeiro] enviou-me a sinopse da novela e aquilo inspirou-me. Eu nunca aceito inequivocamente uma coisa destas, o que digo é: 'Mandem lá as ideias e deixa ver se sai alguma coisa'", começa por contar Miguel Araújo, que se mostra entusiasmado com este novo projeto.

"Desta vez, de facto, a ideia de a miúda ser da Serra da Estrela e aquela coisa entre a cidade e o campo, inspirou-me, e consegui fazer uma música, coisa que nem sempre acontece. Consegui fazer e gostei do resultado final", confessa o músico, antes de explicar por que motivo não dá voz ao tema. "Nunca podia ser cantada por mim, porque tinha de ser uma voz feminina, mas ficava ao meu critério escrever a música, produzi-la e, também, escolher a voz feminina. Eu escolhi a Joana Almeirante, que toca comigo na minha banda e canta lindamente. Apesar de ainda não ser assim tão conhecida, será, inevitavelmente, bastante conhecida, porque ela tem um talento fora de série", elogia Miguel Araújo.

Confessa não ser espectador assíduo de novelas, até porque sendo pai de três filhos, "à hora em que as novelas dão, é hora de ponta" lá em casa, Miguel Araújo recorda que foi na série juvenil "Morangos Com Açúcar" que a primeira música da sua autoria "ficou minimamente conhecida". "Foi em 2006, se não estou em erro, e a música era "Quem és tu, miúda", dos Azeitonas. E isso teve um impacto muito positivo na minha vida, por isso, sempre que há músicas minhas nas novelas, eu vou lá espreitar para ver como fica. Nessa vez, em 2006, lembro-me que ficava muito entusiasmado cada vez que a música dava na novela, mas, agora, é a primeira vez que trabalho com um genérico", explica o músico que espera que o tema que compôs para "Bem Me Quer" tenha impacto semelhante na carreira de Joana Almeirante. 

Miguel Araújo que, durante a quarentena, aproveitou para gravar um novo álbum, "Peixe Azul" [a ser lançado em breve], confessa que não gosta de se cingir apenas a uma faceta profissional. "Eu vou oscilando entre as várias facetas e assim é da maneira que me vou preenchendo e não me vou fartando muito. Se eu fosse só cantor, se calhar, isso não me chegaria. Se eu fosse só autor das canções, mas também não as cantasse, provavelmente, também não me chegaria. Se eu fosse só músico também não. Se eu fosse só cronista, também não me chegaria, porque sou assim um bocado inquieto em relação a várias coisas, então gosto de andar sempre a meter a mão na massa. Neste disco que vou lançar agora, fui eu que fiz a capa, mas isso também não faz de mim um designer ou artista plástico. O facto de escrever umas crónicas para a Visão e de lançar um livro de crónicas, não sei se isso faz de mim um escritor, mas também não me preocupo com essas questões. Gosto de fazer um bocadinho das coisas todas. Não acho que tenha que me cingir a algumas delas", explica Miguel Araújo.

O músico, que nunca sonhou fazer carreira na Música, até porque tal não era visto como uma profissão, acabou a estudar Gestão e a criar uma banda com os amigos. "Ser músico era uma coisa muito inatingível e distante, mas era a única coisa que me interessava e eu passava horas a tocar guitarra no quarto e era quase uma obsessão, eu passava a vida agarrado à guitarra e às coisas da música, a comprar cd’s e a comprar revistas de música. [...] A música era a única coisa que me interessava, então, fui ficando. Mesmo, na altura em que eu, de repente, era um profissional, foi uma coisa gradual, não foi uma decisão que eu tomei num tal dia. Fui ficando, fazendo umas coisas, de repente já ganhava um dinheirinho… e ainda estou ficando", confessa Miguel Araújo que, em 2012 lançou o primeiro disco a solo. 

"Coexisti na banda [Os Azeitonas] e na minha carreira a solo durante 4 anos, entre 2012 e 2016. Só saí da banda por impossibilidade de tempo e disponibilidade mental e física, porque era impossível conciliar as duas coisas. Saí mais para não estar ali a empatar a banda do que propriamente por outra coisa", conta o músico, que assume ser diferente trabalhar a solo ou num grupo: "É diferente, claro que é diferente. Por um lado, é bom estar sozinho e não ter que dar cavaco a ninguém e tomar as decisões sozinho. Por outro lado, é mau, porque, ao estar sozinho, não se tem ninguém a quem se tem de dar cavaco e toma-se as decisões todas sozinho. Por isso, a razão pela qual é mau, é, também, a razão pela qual é bom."

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