Crónicas

Psicóloga Teresa Rebelo Pinto: "Dormir não é uma perda de tempo"

Esta é a máxima que quero passar no mês em que celebramos o Dia Mundial do Sono. Se ainda acha que dormir é para fracos, que não serve para nada ou que é coisa de preguiçosos, desengane-se.

Psicóloga e Somnologista
  • 18 mar 2022, 07:00
Teresa Rebelo Pinto
Teresa Rebelo Pinto

Sem sono não há vida, não há saúde física nem mental e os custos são tremendos para a sociedade em geral e para cada um de nós.

Há mais de dez anos que estudo e trabalho como psicóloga na área do sono. Tenho visto como o tema tem saído da gaveta e é verdade que existe cada vez mais informação disponível. Ainda assim, continuam a existir mitos e muitas ideias erradas acerca deste tema que ocupa cerca de 1/3 das nossas vidas. São essas crenças e atitudes pouco saudáveis que sustentam os maus hábitos de sono, incluindo deixá-lo para o fim na nossa lista de prioridades.

Se é verdade que o sono tem vindo a ficar mais sexy para os portugueses, também acontece que a nossa vida é muito pouco favorável ao sono: trabalham-se muitas horas, não se respeitam muito os horários, os equipamentos eletrónicos estão ligados dia e noite, o horário nobre é pela noite dentro! Parece que é tudo "quanto mais tarde melhor", por isso é tão difícil ser matutino e viver em Portugal (mantendo um sono saudável e uma vida social ativa, claro).

"Há estudos que mostram uma associação clara entre dormir mal e ser menos atraente"

A ideia de que nada acontece enquanto dormimos não podia estar mais errada. Podemos mesmo dizer que tudo acontece no corpo enquanto dormimos, sobretudo no cérebro, que funciona num ritmo diferente e bastante mais lento. Das muitas funções que o sono tem podemos resumir da seguinte forma: a qualidade do sono garante o bom funcionamento a nível físico, cognitivo, emocional, relacional e social. Isto é, sem dormir não somos capazes de nos concentrar, temos mais risco de doenças, maior tendência para depressão e ansiedade, isolamento e problemas relacionais. Até há estudos que mostram uma associação clara entre dormir mal e ser menos atraente.

Depois há quem pense que consegue "controlar o sono" e que lida bem com as noitadas ou diretas. Ouvir coisas como "durmo quando me der jeito"; "durmo quando acabar de trabalhar" ou "depois compenso no fim-de-semana" demonstram a falta de conhecimento sobre os mecanismos que regulam o sono e uma ingenuidade que chega a ser assustadora. De facto, o sono é uma função de sobrevivência que é involuntária, o que significa que o sono acontece porque precisamos mesmo dele e, por isso, as consequências de não dormir são desastrosas.

A responsabilidade de quem tem exposição social é imensa. Se já vemos tantas figuras públicas dar a cara por dietas e planos de exercício fantásticos, para quando os bons exemplos ligados ao sono? Que tal uma campanha nacional pelo direito a uma boa noite de sono? Ou antecipar ligeiramente o horário nobre? Regressar às matinés? Há tanto por fazer...

"É urgente proteger mais o sono e torná-lo prioritário nas nossas vidas"

Talvez possamos começar por repetir o slogan que propomos neste Dia Mundial do Sono: "Dormir não é uma perda de tempo." Repitam quantas vezes forem necessárias e passem a mensagem a quem vos parecer precisar mais de a ouvir.

É urgente proteger mais o sono e torná-lo prioritário nas nossas vidas. Entre outros objetivos, também é isto que a Psicologia do Sono faz: ajudar a mudar a atitude que temos face ao sono, criar uma relação mais informada e saudável com esta parte tão importante da nossa vida. Vamos a isso? Quantas celebridades conseguimos convencer a promover esta ideia?

Clínica Teresa Rebelo Pinto promove campanha de sensibilização

Desde o dia 16 de março e até ao próximo dia 23, decorre, em Lisboa e no Porto, uma campanha de sensibilização sobre a importância do sono, promovida em conjunto pela Clínica Teresa Rebelo Pinto e a Gasoxmed, empresa de cuidados respiratórios domiciliários.

 A intenção é estimular o conhecimento da temática e despertar consciências levando à mudança necessária de hábitos e comportamentos de sono adequados, nomeadamente saber quais os sintomas que não devem ser descurados e onde procurar ajuda especializada.

 A iniciativa decorre no âmbito das celebrações do Dia Mundial Sono, um evento anual promovido pela World Sleep Society, e que este ano se assinala a 18 de março.

Teresa Rebelo Pinto
Psicóloga e Somnologista

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