Big Brother

Psicóloga Teresa Paula Marques arrasa comportamento de concorrente do "Big Brother: "Roça o perverso"

"Superar-se", "conhecer-se melhor", "testar os limites"… são frequentemente os motivos apontados pelos concorrentes de reality shows como justificação para ali estarem.

Doutorada em Psicologia
  • 11 mar 2022, 18:13

No entanto, de maneira gradual, todos nos vamos apercebendo de que a grande maioria se encontra numa fase menos boa da vida, ou deseja transformar-se numa figura conhecida, custe o que custar.

Os que encaixam no primeiro grupo são os que facilmente exibem as suas fragilidades, e o que deveria fazer parte da esfera privada torna-se, rapidamente, da esfera pública. Expõem histórias da família, recordam episódios marcantes da sua vida e deixam-se levar pela emoção do momento.

O tema da saúde mental começou por ser abordado no "Big Brother 2020" quando um dos concorrentes se recusou a fazer a "Curva da Vida" sob o argumento de que isso o iria fragilizar. As redes sociais explodiram, com aplausos e elogios à coragem do concorrente em assumir o seu problema psicológico. A partir desse momento, a produção estava "entre a espada e a parede" e optou por não insistir na tarefa. Certo é que este concorrente (para mim, um dos mais brilhantes estrategas até agora), posteriormente, escudou-se diversas vezes com o mesmo argumento para não cumprir outras regras. Lembro-me de que, na época, cheguei a colocar a hipótese de tudo não passar de um plano predelineado, mas a minha ideia não foi bem acolhida. Depois disso, já assistimos a situações que chegam muito próximo da descompensação, outras vêm mesmo a concretizar-se, como foi o caso do rapaz dos bróculos.

Neste momento o que se está a passar é algo um pouco diferente. Uma concorrente, que se assume como terapeuta holística, decide colocar em prática as suas técnicas, não tendo em conta que é algo eticamente condenável para o local onde se encontra, e que qualquer tipo de ato terapêutico tem de ser efetuado num setting adequado, com confidencialidade assegurada e com um profissional com quem já se estabeleceu uma relação de confiança. Não estando presentes estas condições, a intervenção pode causar descompensações e, por isso mesmo, sérios danos emocionais.

Provocar descargas emocionais em pessoas que já estão fragilizadas é muito perigoso. Qual é o objetivo? Será uma estratégia de jogo, com vista a debilitar, ainda mais, os outros concorrentes? Se for isso, então roça o perverso. Se não for, então esta concorrente revela uma grande falta de bom senso. É que "de boas intenções está o Inferno cheio"…

Teresa Paula Marques
Doutorada em Psicologia
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Teresa Paula Marques
Doutorada em Psicologia

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