Selfie Sem Filtros

Wanda Stuart: "Se calhar, se tivesse lá ficado, era uma grande estrela no Brasil"

Convidada da rubrica SELFIE SEM FILTROS, Wanda Stuart aceitou abrir o coração, para falar sobre a carreira no Brasil e o arrependimento de não ter permanecido lá.

Questionada sobre qual o segredo para o sucesso, e olhando para trás, Wanda Stuart sublinhou: "Trabalho! Trabalhar sempre muito, nunca me encostar… eu, ainda hoje, tenho a noção de que não sei quase nada. Dou aulas, há sete ou oito anos que tenho o meu grupo, Kids On Broadway, e é muito giro, porque, também, aprendo imenso com eles. Comecei como cantora de bares e acho que foi a melhor escola que podia ter. Quando entrei no teatro, tudo o que o Filipe La Féria fazia eu pensava: deixa ver como é que ele faz - e eu era das poucas que ele deixava estar na plateia a assistir aos ensaios dos veteranos. Ele sabia que eu estava lá a absorver tudo o que pudesse aprender com os mais velhos. Eu fui ganhando cada vez mais destaque, porque, também, fiz por merecer. Trabalhava muito. Enquanto os meus colegas tinham de saber os seus papéis, eu tinha que saber o guião todo, todas as semanas. A qualquer momento tinha que entrar para substituir alguém. Às vezes, as artistas convidadas ficavam com medo do Filipe La Féria, do método de trabalho dele - ele gritava muito, toda a gente sabe - e não apareciam mais. Então, o Filipe La Féria chamava-me e dizia: 'Você vai ter de substituir a não sei quantas!' Eu lidava bem com isso, até os gritos, para mim, eram uma aprendizagem."

Mas será que a artista mudava alguma coisa no percurso? "Claro que mudava. Essa história do 'não me arrependo de nada' é mentira. Há coisas de que me arrependo. Arrependo-me, por exemplo, de, na altura em que fui para o Brasil, em 1999, fazer shows com o Wolf Maya, não ter ficado lá quando fui convidada para fazer novelas na Globo. Só que eu acho que não tinha uma estrutura emocional que me possibilitasse estar lá, sozinha, porque tenho pouco espírito de emigrante, faz-me muita falta o meu país e os meus amigos, por muito que estivesse preenchida a nível profissional. Fiz um espetáculo, durante três meses, no Rio de Janeiro, sempre com casa esgotada, com os meus ídolos da Globo a assistirem ao meu show e a tecerem-me os maiores elogios. Eu gastava o dinheiro todo que ganhava lá a telefonar para Lisboa a dizer: 'Sabes quem é que esteve a assistir ao meu show?' (risos) Era desde o Francisco Cuoco à Betty Faria… Os grandes da Globo, que admirava desde miúda, estavam a assistir ao meu show, então, para mim era o culminar. Depois, fui convidada a permanecer lá. Se calhar, se tivesse lá ficado, hoje em dia, era uma grande estrela no Brasil e a vida teria corrido de outra forma, mas a vida é como é. Quando voltei cá de férias, como estava a fazer sucesso no Brasil, de repente, recebi uma série de convites e fui ficando. Quando voltei a estar com o Wolf Maya no Rio de Janeiro, já tinham passado sete anos anos e perguntei-lhe: 'Wolf, se eu voltar, ainda tem espaço para mim?' E ele respondeu-me: 'Aqui, sempre tem espaço para quem tem talento!' Comecei logo a chorar e ele perguntou porquê e eu disse-lhe: 'Porque eu nunca ouvi isso no meu país...' Fica sempre a dúvida sobre o que poderia ter acontecido, sim. E, durante anos, todos os dias me arrependia de não ter ficado lá, até que conheci o pai da minha filha e, aí, pronto... Eu sou muito positiva e tento, sempre, ver o lado positivo das coisas, então, quando conheci o Nelson, pensei: 'Eu não tinha que ficar no Brasil porque tinha que conhecer o Nelson'. Vou tentando arrumar os meus arrependimentos de uma forma que não me magoe, basicamente."

No entanto, era no Brasil que gostava de usufruir da velhice: "Era onde gostava de acabar a minha vida, num barzinho de praia, onde cantasse quando me apetecesse, de chinelo no pé, em biquíni, a servir os clientes enquanto cantava, se me apetecesse... Era assim que gostava de fazer a minha reforma. Vamos lá ver se consigo (risos). Ainda para mais, uma artista como eu que nunca teve uma estrutura por trás. Sempre estive sozinha. Nunca tive um manager, aliás, tive, mas a experiência correu tão mal... que a pessoa ganhava três vezes mais do que eu, então, decidi ser eu a tratar dos meus assuntos. Para editar o meu disco, fui eu que tive de pagar, mesmo com toda a gente a dizer que eu era das melhores vozes do país, portanto, nunca tive uma estrutura que me apoiasse ao nível da carreira, sempre construí, sozinha, o meu caminho, e isso ainda é mais difícil... manter-me no ativo, continuar, a mal ou a bem, a sobreviver do que eu faço... Por isso é que eu digo: 'Deus que me continue a dar muita saúde para trabalhar até ser velhinha.'"

A propósito da saúde, a artista partilhou, ainda, que experienciou, recentemente, a menopausa e que tomou uma decisão importante: "Depois da menopausa, engordei um bocadinho… eu era mais magra. Custa um bocadinho a aceitar que, agora, estou com uns quilinhos a mais. Deixei de fumar no primeiro confinamento. Senti muita diferença em relação à minha voz e, portanto, estou super contente por ter conseguido, porque fumava há muitos anos."

Leia a entrevista na íntegra AQUI

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