Foi quando Toy tinha 17 anos que se deu a grande reviravolta na vida do cantor, que casou e foi viver para a Alemanha, onde esteve oito anos.
"Nessa altura, conheci uma nova realidade. Ao princípio, foi entusiasmante. Com 17 anos, ser independente, casar, ter a minha casa, viver com a minha mulher... foi aquela loucura da independência, mas, depois, comecei a perceber que não era aquela a minha cena. A Alemanha não era o meu país, a filosofia de vida dos alemães não era a minha filosofia de vida e a única coisa que me ajudou foi a música. Formei um conjunto de baile, com portugueses, fui convidado para uma banda de new wave, com alemães, também toquei numa banda de jazz e estive num grupo de fado, em que tocava viola e cantava. Quando estamos fora, há coisas de que nunca pensámos sentir tanta falta. Só se percebe o que se ama, quando se perde. Tudo isto mexeu muito mais comigo durante aqueles oito anos, porque a saudade é, realmente, muito portuguesa. Sou muito fácil de rir, mas, também, sou muito fácil de chorar. Os sentimentos são isso mesmo: não termos filtros. Acabamos, sempre, por exorcizar os nossos sentimentos."
E, nessa altura, quem é que acreditava no músico? Toy não hesitou em responder: "Ninguém. O meu pai nem sequer foi ao meu casamento, porque pensou: 'Este maluco chega à Alemanha, casa-se e, depois, vem embora.' O que é certo é que, quando eu tinha 21 anos, o meu pai teve uma dificuldade financeira, e fui eu quem emprestou dinheiro ao meu pai para ele resolver o problema. A partir daí, o meu pai sempre acreditou em mim. Mais tarde, na altura do meu divórcio, por influência da mãe dos meus filhos, o meu pai ficou um bocadinho 'de candeias às avessas' comigo, mas eu contei-lhe tudo o que tinha acontecido, contei-lhe os erros que cometi, porque não sou perfeito, e os erros que vieram do outro lado, porque, num divórcio, há, sempre, culpa das duas partes, e ele, depois, percebeu. Acho que o primeiro degrau foi quando eu tinha 21 anos e o segundo degrau foi quando eu tinha 44. O meu pai, a partir daí, sim, nunca mais teve dúvidas em relação a mim. Quem confiou, sempre, em mim foram os meus filhos, tenho a certeza absoluta. Embora na altura do divórcio, talvez, a minha filha tivesse ficado um bocadinho… mas é normal. Enquanto o meu filho estava de saída de casa, ela ficou com a mãe e, às vezes, as conversas e as tentações de dizer ou de ouvir… Há muitas interpretações e muitas maneiras de dizer as coisas... Mas, felizmente, está tudo sanado."
"Acho que o casamento deve ser para a vida, mas nós não mandamos em nós. O coração não tem dono, não tem idade e, pronto, a vida continua. As pessoas têm que ser felizes e eu gosto muito de mim e acho que só consigo fazer os outros felizes, se estiver feliz. Se não estiver feliz, não consigo e, portanto, tive de procurar a minha felicidade para poder fazer toda a gente feliz", confessou, ainda a propósito da separação.
Fruto deste primeiro casamento, o cantor teve dois filhos. "O mais velho, o Leandro, tem 37 anos e é diretor de fotografia de cinema. Lembro-me de uma conversa que tivemos quando ele terminou o 12.º ano e me disse: 'Pai, vou para Medicina ou para Direito?'. E eu respondi-lhe: 'Não, filho! Tu gostas é de cinema. Se fores o melhor, vai dar!' E, se não é o melhor, anda lá perto. A Lara tem, agora, 29 anos. Quando chegou ao final do secundário, eu também lhe disse: 'Segue pintura, é o que tu gostas!' Eu sou mais um filho deles do que pai deles, porque sou o mais rebelde, o mais maluco, mas sou um pai muito preocupado com a felicidade dos meus filhos. A melhor palavra que se diz a um filho é 'não' e não se pode protegê-los demasiado, porque, senão, depois, amanhã, sem proteção, acontece-lhes o mesmo que acontece a um pássaro quando sai da gaiola."
Ainda sobre o casamento de 26 anos com a mãe dos filhos, Toy recordou: "Foi um casamento difícil. Houve umas partes melhores e outras partes piores… como em tudo na vida, como nas empresas, como nas relações entre amigos… Há as coisas boas e as menos boas. Nas partes piores, houve uma altura em que, realmente, o meu equilíbrio emocional não era o mesmo, em que a minha vida era perto de muita gente, - e eu sempre fui um rapaz que gostava de olhar para mulheres bonitas e, às vezes, perdia-me um bocadinho. Isso era uma coisa que estava controlada, só que, às vezes, atrás de uma mulher bonita, há uma pessoa interessante, e isso já vai para além da atração física. Ao longo da minha vida, tive algumas paixões, digamos assim. Cheguei a propor, inclusivamente, uma espécie de descanso de casamento, mas não tive, do outro lado, abertura para que isso acontecesse. Foi uma espécie de 'vamos dar um tempo, estou baralhado, não sei...' Mas nunca tive abertura para isso e, se calhar, na altura, abdiquei da minha felicidade, em benefício da felicidade da mãe dos meus filhos e deles próprios, porque eram miúdos, na primeira vez em que tentei dar um tempo. Foi muito complicado fazer essa gestão e pensei: 'Vou deixar de ser feliz, mas vamos ficar todos felizes aqui em casa e vai ficar tudo bem.' Só que fiquei um bocadinho revoltado com a situação e, se calhar, a partir daí, terei sido não um péssimo marido, nem um péssimo pai, mas um péssimo exemplo para a sociedade, enquanto homem. Não estive bem, não fui correto, mas foi o que, na altura, achei que podia colmatar um bocadinho a minha infelicidade sentimental. Até que, um dia, conheci a minha atual mulher e apaixonei-me a sério, e, aí, tive de pôr um ponto final no casamento, já não aguentei mais."
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