Selfie Sem Filtros

Pedro Crispim: "Soube que era gay pelos outros"

Convidado da rubrica SELFIE SEM FILTROS, Pedro Crispim recorda o momento em que partilhou com os pais que é homossexual.

"Eu aceitei-me muito, à minha vida e à minha sexualidade através do olhar da minha mãe… Tenho uns pais assim muito à frente do seu tempo", começou por afirmar Pedro Crispim.

Sobre o momento em que contou aos pais que é homossexual, o stylist recordou: "Assumi aos meus pais que era gay com 19 anos. Estamos a falar de uma altura completamente diferente da que, hoje, existe, de informação e de tudo. Mas é engraçado, porque sempre senti apoio e amor. Nunca me senti julgado pelos meus pais, sempre me senti muito amado e sempre senti vontade deles para me conhecerem, para saberem… Dava pelos meus pais a tentarem pesquisar, a lerem sobre o assunto. Um caminho feito... sozinhos... E eu tive que lhes dar esse tempo, para cicatrizarem feridas, expetativas, sonhos, que, também, tinham alocados à minha pessoa, não é?"

A seguir, veio o medo: "Acho que eles tiveram receio de como o mundo me iria tratar, porque eles sabiam que podia sofrer e queriam poupar-me disso. A gestão das expetativas e dos sonhos deles passou para segundo plano, a prioridade deles era como é que me iriam proteger, como é que o mundo me iria tratar. É muito duro quando tens uma mãe que vai a um café e ouve observações sobre ti, é muito duro quando a tua mãe trabalha na escola onde tu andas e sabe, perfeitamente, o que acontece nos intervalos. É muito duro quando eles estão nessa luta ao nosso lado. Não se afastaram, em momento algum. Era mais fácil se eles se afastassem e me deixassem fazer o meu caminho, sozinho, e, em momento algum, senti esse desamparo."

"Na realidade, sempre fui muito franco com a minha família. Disse sempre aos meus pais que eles me podiam perguntar o que quisessem, que eu iria responder. Aconteceu numa pergunta… a pergunta foi feita e a resposta foi dada... e é simples dizer a verdade, mais complicado, às vezes, é gerir a reação, mas eu estava disposto a esse risco. Não conseguia camuflar aquilo que sentia, nem conseguia camuflar quem era, muito menos, perante os meus pais. Eles não iam merecer que estivesse a fingir, a simular uma persona, e eu, também, não iria ser feliz a fingir ser uma pessoa que não era", recordou,

Questionado sobre o momento em que percebeu que era homossexual, Pedro Crispim respondeu: "Na realidade, sempre soube que era diferente, mas não sabia qual era a diferença. A certa altura, achei que podia ser um super poder, que era um super herói - isto é de quem via muitos desenhos, muita televisão e lia muitos livros (risos). Havia qualquer coisa de diferente em mim, mas nunca achei que fosse algo de essência. Nunca achei que era diferente de ninguém, achei que era igual aos outros, mas achei sempre que tinha alguma coisa diferenciada, só não sabia o que era. Eu soube que era gay pelos outros. A sociedade sempre me apontou o dedo, e eu estranhava. Por que é que olhavam para mim de forma diferente e me faziam sentir diferente, se eu me sentia igual a ele e queria fazer o mesmo que eles? Mas isso não me era permitido e eu não conseguia perceber o porquê. Aos poucos, vais crescendo, vais aprendendo e vais arranjando anticorpos."

A aceitação foi essencial: "Sempre me aceitei, nunca tive nenhuma luta internada. A diferença está em tu perceberes que os outros só têm poder, se tu lhes deres poder. A partir do momento em que tu aceitas, as palavras dos outros deixam de ter qualquer poder. Então, é relativizar o que os outros te dizem e, realmente, dar importância a quem tem importância. O resto não tem importância na tua vida", rematou.

Leia a entrevista, na íntegra, AQUI.

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