"Quando era miúdo, tinha muitas expetativas e muitos sonhos. Vivia na 'Alice no País das Maravilhas' e acreditava que o mundo era colorido e brilhante, que era um mundo de respeito e empatia… Mesmo as coisas menos boas que me aconteceram, não as trago na bagagem de uma forma negativa. Não me esqueci delas, mas não deixei que isso me fizesse um adulto mais denso, mais toxico, revoltado, amargo… nada disso. Mas passei as 'passinhas do Algarve' na altura da escola", começou por recordar Pedro Crispim, que chegou a pesar 106 quilos até aos 16 anos.
O bullying foi uma realidade na infância e na adolescência do fashion adviser, devido ao peso e à orientação sexual: "Eu tinha dois Gs na minha vida: era gay e era gordo. Era muito tímido, muito inseguro, e a minha autoestima não era, propriamente, a mais forte. Acho que eu me resumia e reduzia ao facto de ser gordo e de ser gay, porque, acima de tudo, a sociedade era isso que sublinhava em mim. A sociedade não dava, e, ainda hoje, não dá, grandes hipóteses para que mostres outras camadas do teu ser, da tua essência. E quando te resumem, reduzem e sublinham, uma e outra vez, que tu és gay e és gordo, tu acabas por acreditar que só és gay e que só és gordo, e, efetivamente, levas algum tempo a perceber que és muito mais do que aquilo que os outros fazem de ti."
Os ataques na escola eram constantes, como recordou Pedro Crispim: "Muitas das vezes, não voltava da escola nas melhores condições. Emocionalmente, ia muito abaixo com aquilo que ouvia. Enquanto a maior parte dos meus colegas ia para a escola e pensava em ter boas notas, nos estudos, nos exames e no social que acontecia nos intervalos, eu, acima de tudo, tinha que pensar: 'Como é que vou sobreviver a este dia? Como é que vou chegar inteiro ao final do dia?'"
Visivelmente comovido, o fashion adviser confessou: "Achei que, a determinado momento, pudesse ficar pelo caminho. Acho que, quando recebes tanta coisa negativa e ouves tanta coisa negativa sobre ti, tu, se calhar, acreditas que estás errado e, quando acreditas, não consegues ver muito além. Portanto, eu nunca poderia ambicionar, nem desejar ser a figura de homem que sou hoje, isso era uma coisa que eu nunca conseguiria materializar. Estava demasiado fragilizado para poder visualizar ou materializar o Pedro em adulto."
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