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Tony Carreira: "Eu já não conto. Morri por dentro"

Cinco meses após a morte da filha, Sara Carreira, Tony Carreira concedeu uma entrevista a Manuel Luís Goucha.

  • 17 mai 2021, 22:35
Redação

Questionado por Manuel Luís Goucha sobre se a vida tem sentido depois da morte de uma filha, Tony Carreira respondeu, perentoriamente: "Não! Claramente, não! Estou a tentar encontrar um sentido. Tenho mais dois filhos e, por isso, a vida tem de continuar. Eles percebem quando o meu discurso é tão apático quanto este. Eles percebem que é a dor que está a falar, porque é claro que a vida tem de ter sentido, tenho mais dois rapazes e tenho de me agarrar a eles..."

"Eu já não conto, porque já deixei de pensar em mim, no fundo. Mas espero, através da associação da minha filha, encontrar sentido. Espero encontrar sentido através dos meus filhos, estou à espera de respostas, estou à espera de tentar perceber o porquê de a vida ser tão injusta. Estou à espera de encontrar respostas e caminhos. Quando a minha filha partiu, foi de uma violência extrema, morri por dentro e ainda estou a tentar encontrar alguma vida cá dentro. Não tenho problemas em dizer que bebi mais do que devia, andei ali uns tempos... em que parecia um zombie. Depois, veio alguma violência, fui injusto com pessoas que amo muito, fui agressivo com o mundo inteiro.... revoltei-me contra o mundo inteiro. Neste momento, estou à procura de, através de alguma fé, - a fé que me resta - encontrar algumas respostas", confessou o músico, de 57 anos.

"Nada vai matar a dor, as saudades e a falta que ela me faz. A revolta acho que já passou. Há duas certezas que tenho: uma delas é que nunca mais volto a ver a minha filha e a outra certeza é que nunca mais serei o mesmo. A única coisa que pode, realmente, ajudar-me é agarrar-me à associação da minha filha, fazer o bem e acreditar que o caminho que me resta cá não será assim tão longo. Eu gostava que não fosse longo. Se chegar aos 100 anos, será um grande castigo", admitiu Tony Carreira, que, apesar de toda a dor, nunca pensou em por termo à vida.

"A Sara era luz, era alegria, era a minha princesa, era a mulher da minha vida, como eu disse muitas vezes, era um anjo, um ser especial", afirmou o cantor, que considera ter vivido muito com a filha: "Não há nada que eu gostasse de ter feito com a minha filha que não tivesse feito. Fui um super pai com a Sara. Eu anulava-me para ela. Fiz tanta coisa com a minha filha, e ainda bem."

"Quero acreditar que ela nos está a ver a fazer isto em nome dela", disse, ainda, sobre a associação Sara Carreira.

A propósito das notícias que saíram na imprensa de que Tony Carreira teria pedido para que a filha entrasse numa novela, quis esclarecer: "Escrevem mentiras e isso é muito feio. Isso é mentira. Nunca liguei a ninguém."

Por fim, concluiu: "Uma tragédia destas, para além da tristeza que provoca, pode transformar uma pessoa numa pessoa horrível ou numa pessoa melhor. No meu caso, espero que seja para melhor."

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