"Faz quatro anos que emigrei. A sensação de deixar tudo para trás foi ímpar. Tenho noção que deixei muito. Deixei as coisas materiais, o lar, as minhas gatas. Deixei o convívio de todos os dias, a rotina na dança, de manhã à noite. Deixei uma família da dança. Deixei o mar, a boa comida, um quotidiano maravilhoso. Não foi só deixar a minha querida Lisboa. Foi deixar o país do meu coração", começou por escrever.
"Quem me acompanha à distância pensa que fui maluca! Mas, quem me conhece de perto, entende que eu tinha de dar este passo. Deixei acumular muita tensão e só acreditei quando tive um ataque de pânico seguido de outro. (Até lá, desvalorizava isso). A minha exposição era outra e a invasão não tinha uma linha. O meu bem-estar justificou a minha escolha. Invariavelmente, a aventura sempre foi uma proeza minha. E fé no destino também", continuou.
"A ideia era emigrar com a amiga Solange para Londres. Imagino o bom que seria, mas não era o que procurava e decidi vir para a Suíça. Há quatro anos, vinha no voo a chorar tanto que as hospedeiras traziam-me água para me manter hidratada, e a senhora do lado deu-me, solidariamente, o seu ombro", lembrou.
"Mas quando cheguei à terra dos Alpes, desfiz a mala e comecei no preciso momento, um novo rumo. [...] Adorei a sensação de começar do zero. Só ter trazido umas roupas. De não conhecer nada. Na verdade, nunca me senti sozinha. É antagónico, mas é verdade. Primeiro objetivo: melhorar o alemão. Segundo: procurar trabalho. Terceiro: explorar e renovar-me. Até hoje, não me arrependo deste passo. E, não, aqui não tenho uma melhor vida do que tinha em Portugal. Qualidade de vida é subjetiva. Suíça dá-me uma serenidade que prezo. Se um dia é para voltar? Jamais estará fora de questão. Até lá, viverei com saudade, que lido bem, mas será sempre saudade", rematou.
Recorde-se que Vanessa Ferreira está prestes a ser mãe, pela primeira vez, de um menino.