Entrevistas

Dia do Pai: Madjer fala sobre a perda do pai e a relação com os filhos

Madjer, cinco vezes considerado o melhor jogador do mundo de futebol de praia, aceitou o desafio da SELFIE e respondeu ao nosso quiz alusivo ao Dia do Pai.

O pai de Madjer morreu no dia 22 de dezembro de 2021, pelo que o Dia do Pai, que se assinala este sábado, dia 19, será, particularmente, emotivo para o antigo astro do futebol de praia. No entanto, o atual coordenador da Seleção Nacional de futebol de praia, de 45 anos, mostra-se muito grato, por ser pai de três filhos: Bernardo, de 18 anos, Kyara, de nove, e Eva, de três.

O que mudou desde que foi pai?
Mudou tudo. Sermos pais é a melhor coisa que nos pode acontecer na vida. É um amor completamente diferente. Mudou as minhas rotinas, acabamos por fazer as coisas totalmente em prol dos filhos. Sempre fui responsável, mas tive que amadurecer, rapidamente, em vários aspetos.

Todos os momentos são especiais, mas há algum que guarde com especial carinho?
O Natal é aquele momento que marca sempre. Ainda por cima, com a discrepância de idades, o Bernardo faz aquilo que eu fazia, que era vestir-me de Pai Natal, e é maravilhoso. É espetacular ver o envolvimento deles.

Vivem os três consigo?
Não, mas passam muito tempo comigo. É como se vivessem.

Os nomes deles foram escolhidos por si?
Pelos dois. Foi natural e chegámos a um acordo, rapidamente. Nem houve grandes debates, caso contrário, teríamos uma lista com 50 nomes e ainda ficávamos mais baralhados (risos).

Qual foi a conversa mais delicada que já teve com eles?
Infelizmente, quando tenho de lhes passar a informação de que algo não está bem, de que há algo negativo com alguém da família. Por exemplo, quando alguém morre, quando "alguém vai para o céu", como lhes costumo dizer. É sempre complicado e os meus filhos são muito sensíveis. Posso dar o exemplo da morte do meu pai. São sempre conversas delicadas, principalmente com o Bernardo e com a Kyara, uma vez que a Eva ainda não entende.

Este será o primeiro Dia do Pai desde a morte do seu pai. Vai ser, particularmente, emotivo?
Vai ser um dia de felicidade, por ter os meus por perto, mas doloroso, por não ter o meu pai comigo. Vai ser a primeira data em que não vou ter o meu pai presente, mas, de qualquer forma, está presente nos nossos corações e na nossa memória. Isso é o mais importante.

O que gostava de fazer com os seus filhos, mas ainda não teve a oportunidade?
Há uma coisa que já lhes está prometida há imenso tempo, e também esperámos um bocado por causa da Eva, que é ir à Disney, em Paris. Esperámos que a Eva tivesse uma idade em que já pudesse interagir com os irmãos, porque isso é que é giro, o facto de eles interagirem...

Defina-se enquanto pai.
Sou um pai galinha. Antes, pensava que não o iria ser, mas sou mesmo um pai galinha. Estou sempre preocupado com eles. Vejo-os sempre como as minhas crianças, mesmo em relação ao Bernardo, que já tem 18 anos. Vou à faculdade levá-lo e gosto de lhe dar beijinhos e ele esquiva-se (risos). Mas não deixa de ser o meu menino. Além disso, gosto de passar para eles aquilo que eu também tive. Valores, educação e serem crianças felizes. Aproveito para deixar uma mensagem, que acho que é importante. Com esta questão da pandemia e, agora, com a guerra, devemos tentar que eles tenham o mínimo dano possível. Devemos deixá-los serem só crianças.

O facto de o Bernardo já ser adulto, deixa-o com alguma preocupação acrescida?
Não. É um miúdo que sabe bem o que quer. Não se desvia, independentemente dos caminhos. Tem o foco dele, e acho que o desporto também nos dá isto. Cultura de saúde, bem-estar e foco. Há muitos pais, amigos meus, até, que ficaram preocupados com as festas e as praxes. O Bernardo nunca me preocupou. Em 18 anos, já foi a várias festas e teve sempre um comportamento exemplar, por causa do foco. Para se ficar ligado ao desporto, só seguindo o caminho certo, e ele sabe disso.

Deixa-o orgulhoso o facto de ele estar a seguir as suas pegadas no futebol de praia?
Orgulha-me. Apesar de os meus filhos saberem que a única coisa que quero é que eles se sintam realizados. Nunca incuti, em momento algum, nos meus filhos, algum sonho meu que esteja por realizar ou algo que eu gostaria de fazer ou que eles fizessem. Eles só têm de fazer aquilo que os deixa felizes, sabendo que têm os pais na retaguarda, sempre a apoiá-los.

Em jeito de brincadeira, o Bernardo revela que gostava de o superar, ou sabe que é muito difícil atingir o que o Madjer conseguiu? Por exemplo, o facto de ter sido considerado, pela publicação francesa France Football, como o melhor jogador de futebol de praia de sempre.
Ele sabe que é difícil (risos), mas também tem a consciência de que, lutando, é possível alcançar boas conquistas. Quiseram mudar o nome dele na camisola para Madjer Jr., mas ele disse logo que não. Eu sempre lhe disse que ele tinha de seguir o seu próprio caminho. "O Madjer foi o Madjer, foi o teu pai, já passou. E tu tens de seguir o teu caminho como Bernardo, o jogador de futebol de praia, pronto".

Os seus filhos são parecidos consigo?
Toda a gente diz que o Bernardo é igual a mim. A Kyara tem algumas parecenças. A Eva também, mas já tem aquela irreverência da mãe. E eu costumo dizer que, também, tem o mau feitio dela (risos).

Gostamos dos filhos da mesma forma?
Sem dúvida. Quem disser o contrário, é porque não tem uma relação equilibrada com eles.

Abdicaria de tudo, por eles?
Sim. Aliás, ao longo da minha vida, abdiquei de muita coisa por eles e também me dediquei a muita coisa por eles. Como disse, quando eles nascem, nós mudamos, totalmente, o foco.

Como costuma celebrar o Dia do Pai?
Normalmente, eles organizam-me uma surpresa, ou várias surpresas. Eles só me pedem para estar disponível. É maravilhoso.

Recorde-se que Bernardo é fruto do primeiro casamento de Madjer. Já Kyara é fruto da relação do antigo jogador com Marta Cruz. Atualmente, Madjer é casado com Soraia Lynn, com quem tem, ainda, outra filha, Eva.

Veja, agora, as melhores fotografias de Madjer com os filhos, na galeria de imagens que preparámos para si!

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