"Há acontecimentos que são maiores e tão mais violentos que não temos capacidade de os processar, há uma anestesia. Quando acordamos dela é como se alguém nos batesse à porta e entrassem mil pessoas pela casa, não sabemos responder, só sabemos que já estamos no lugar real. Ontem, foi assim, quando vi passar o Carlos à minha frente", começou por escrever o músico, que marcou presença na despedida do fadista, na Basílica da Estrela.
"E, de repente, percebi que não o voltava a ver. E estava ali, a tocar o "Lisboa Menina e Moça", para ele, e ele não cantava. Ficámos todos com a vontade de tocar eternamente, como crianças a ver o pai ir embora. Adeus, Carlos", concluiu, recebendo inúmeras mensagens de internautas comovidos com as palavras do músico.
Carlos do Carmo morreu, na passada sexta-feira, dia 31, aos 81 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Distinguido com o Grammy Latino de Carreira, em 2014, entre outros galardões, Carlos do Carmo passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, na Alemanha, do 'Canecão', no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres, e despediu-se dos palcos a 9 de novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.