Entrevistas

Bárbara Taborda sobre "Slow Aging": "Aos 40, percebi que não queria viver com o copo meio cheio"

Bárbara Taborda lançou, recentemente, o livro Slow Aging e, numa conversa com a SELFIE, falou sobre o que a levou a adotar este estilo de vida.

Como surgiu a ideia para escrever o livro Slow Aging?
A ideia aconteceu depois de muita pesquisa sobre as diferentes áreas que considero fundamentais para uma longevidade saudável. Existe bastante informação, mas muito dispersa ou de forma pouco clara. Pensei, porque não compilar tudo e criar uma espécie de bíblia, com toda a informação e ferramentas, com as bases principais para as nossas rotinas do dia a dia? Falei com alguns especialistas de áreas como a saúde, nutrição, cozinha, desenvolvimento pessoal, ioga, fitness, desporto e beleza, que adoraram a ideia do livro e me deram o seu contributo, cada um na sua área.

Qual é o segredo para uma vida longa, saudável e feliz?
É vivermos conscientes de que é preciso trabalhar um todo. Quanto mais alinhados estivermos com a natureza, mais equilibrados estamos. Não é preciso ir viver para o campo, para isso. Pequenas escolhas que fazemos no nosso dia a dia, como o tipo de alimentos que ingerimos, que sejam o mais próximos da terra, deixando de lado os processados cheios de químicos que só intoxicam o organismo e geram doenças terríveis. Gerir o stress, que é outro inimigo de uma vida longa. E como? Pequenos momentos do dia em que escolhemos parar, nem que seja por cinco minutos, e respirar ou meditar. Hoje, com a ajuda da Internet, isso é super fácil, estão exercícios por todo o lado. Tentar ter noites bem dormidas, desligar o telemóvel, pelo menos, uma hora antes de ir dormir, faz toda a diferença. Apostar nos relacionamentos, quer familiares quer de amigos, de uma forma inteira e presente. O mundo digital é incrível e dá-nos imensas coisas boas, como informação rápida, mas cria um espaço entre as pessoas. Mais vale menos amigos, mas a quem dedique algum tempo, do que milhares de virtuais. São o contacto e as relações humanas que nos tornam mais saudáveis emocionalmente. Respire ar puro. Qualquer altura serve, durante o dia escolha 20 minutos para oxigenar as células, por exemplo, à hora de almoço ou ao fim da tarde, escolha sentar-se num banco do jardim ou dar uma caminhada, convide um
amigo ou colega de trabalho. Utilize produtos o mais naturais possíveis, pois os químicos vão para a nossa corrente sanguínea.

Sempre foi adepta desta filosofia?
Sempre fui adepta de comer bem e fazer desporto. Mas, só depois dos 40, comecei a dar mais atenção ao meu desenvolvimento pessoal. Essa foi a idade em que percebi que não queria viver com o copo meio cheio e que o ritmo a que vivia não era muito saudável. O interessante é que, quando começamos a mudar e a sentir que essas pequenas mudanças têm um enorme impacto na nossa vida, em geral, depois, fica uma bola de neve. É um vício bom, querer experimentar mais e mais, para me sentir ainda mais plena e equilibrada.

Acredita que a pandemia veio trazer mais consciência em relação a estas questões?
Muito mais. Em primeiro, o tempo de confinamento levou muita gente a perceber a velocidade a que vivia, e ouço, muito frequentemente, dizerem que já não querem voltar a esse ritmo. A pessoas passaram a valorizar muito mais a natureza quando se viram privados dela. E a alimentação passou a ser um tema levado mais a sério. Estão todos muito preocupados em serem resistentes ao vírus quando deviam pensar isso sempre, porque existem outras doenças, mas já é bom que assim seja. Passaram, também, a valorizar mais o contacto com o próximo. Na verdade, foi preciso uma pandemia para se redefinirem imensos valores.

Como tem vivido esta pandemia?
Tento ser o mais resiliente possível. Não me focar só no que deixei de ter, mas fazer o exercício de olhar para algumas mudanças boas, como, por exemplo: mais tempo em família, uma vida mais simples e mais conectada com a natureza. A pandemia obriga-nos a ser criativos, a arranjar formas de nos superarmos no meio de tantos desafios e restrições. Claro que tenho dias em que me sinto desanimada, todos temos, mas, depois, agarro na minha força interior e penso: 'Vamos lá!'. Fazer exercício, ter uma alimentação rica em nutrientes e fazer alguma meditação é uma ajuda preciosa.

A pandemia veio 'ajudar' as pessoas a olhar os conteúdos digitais com maior seriedade?
O meio digital tornou-se o mais acessível. E é bom que se aproveite esse espaço para, também, se promover conteúdos mais completos e interessantes, dentro destas áreas ligadas ao bem-estar e à saúde. Sinto uma enorme responsabilidade sobre aquilo que publico, tento que não seja nada em vão, existe sempre alguma mensagem ou ferramenta, ainda que seja subliminar, e penso ser esse, também, o nosso papel.

O que é o Slow Aging Project?
Slow Aging é um projeto pensado para aqueles que, como eu, lidam, diariamente, com os desafios das mudanças significativas, gerindo família, trabalho, amigos, e as mudanças interiores. Com um lema que assenta no slow aging, longevidade saudável, para que as pessoas se sintam mais enérgicas, realizadas, equilibradas, confiantes, felizes e bonitas, em todos os desafios e etapas da sua vida. As escolhas recaem nas minhas experiências e naquilo em que eu acredito para ter ótimos e comprovados resultados. O Slow Aging Project reúne os vários pilares body, mind and soul, que, juntos, têm a tão desejada longevidade saudável. Desenvolvimento pessoal, mindfulness, ioga , saúde, cozinha e nutrição são algumas das áreas exploradas e sustentadas por especialistas de cada área. O projeto vive de conteúdos digitais partilhados no barbara.pt e no instagram do imabarbarataborda, bem como do slowagingproject. Workshops das especialidades de nutrição e cozinha, desenvolvimento pessoal, beleza, retiros e livro, que inclui todos estes pilares.

A maternidade mudou-a? De que forma?
A maternidade faz-nos ser mais práticos e menos complexos. Sou muito mais descontraída e menos exigente comigo mesma. Fazemos o que dá e como dá para fazer. Os filhos, na verdade, quanto a mim, são o grande desafio que, enquanto seres humanos, passamos. Para uma criança ser bem educada e com bons valores, esse trabalho tem de ser bem feito, em casa. Já não dá para pensar em nós como um ser único, temos de pensar nas nossas ações com essa responsabilidade. Fez-me, também, apreciar e dar mais valor às relações familiares.

E como foi viver a maternidade em diferentes fases da vida?
Foi, de facto, muito diferente. Se, por um lado, tinha mais energia quando a Constança [de 13 anos, fruto da relação com Tiago Roquette] nasceu, também tinha menos consciência do que, de facto, era ser mãe. Por outro lado, como o Benjamim [de cinco anos, fruto da relação com Bruno Tristão] foi um bebé que me deu muitas noites mal dormidas e é muito reguila, acaba por ser mais exigente. Por outro lado, sou mãe de uma forma muito mais consciente e preparada com ele.

Sempre sonhou ser mãe? Deseja ter mais filhos?
Sim. Gostava de ter uma casa cheia de miúdos, de ter tido, pelo menos, quatro filhos. Neste momento, não me sinto com coragem. Aos 45 anos, não temos a certeza de ter a energia para começar, novamente, com as fraldas e todas as exigências de um bebé. Não vou dizer nunca, porque a vida nos pode surpreender, mas não está nos meus planos.

O que nos pode contar acerca do seu noivo? Como se conheceram e o que mais admira nele?
O Pedro é uma pessoa muito reservada, vou deixar esses pormenores na nossa privacidade.

Quais as grandes diferenças na forma de amar aos 20, aos 30 ou aos 40 anos?
Aos 20, é a loucura e a paixão, queremos viver tudo na intensidade máxima. Aos 30, já temos a expetativa de ter uma relação construída com alicerces para casar e ter filhos. Aos 40, estamos, de facto, com quem queremos estar, porque essa pessoa representa parte de nós, é amante, amigo e companheiro, de uma forma mais livre e mais suave, sem tanta pressão.

Como estão os preparativos para o casamento? Já há data para o enlace?
Ainda andamos a ver espaços, ando à procura de um espaço que seja muito romântico e onde se respire natureza. Provavelmente, será no próximo verão, depende da evolução da pandemia. Gostava que, nessa altura, já estivéssemos sem tantas restrições.

Que tipo de cerimónia pretende realizar?
Intimista e romântica, na cerimónia, mas com uma festa de arromba no copo de água.

A Bárbara é uma bridezilla ou é uma noiva tranquila?
Muito tranquila, para já. Quero que seja um dia em que nenhum detalhe escape, mas, mais do que tudo, estar rodeada de amor e de pessoas que são importantes para mim.

Qual será o papel dos seus filhos na cerimónia?
Os meus filhos adoram música, a Constança está, inclusive, no terceiro ano de harpa, portanto, pelo menos, uma peça tocada por eles vai haver, de certeza absoluta.

Qual dos seus filhos é mais parecido consigo?
O Ben ainda é pequenino, mas já se nota as parecenças na personalidade. Se calhar, porque, também, é do meu signo, gémeos. Ele tem a minha impaciência e energia. A Constança tem o sentido de humor da mãe, assim meio mordaz.

Gostava que seguissem as suas pisadas?
Quero que eles encontrem a sua paixão e sejam felizes e realizados, não os vou tentar influenciar. A Constança é apaixonada por música e cinema, escreve muito bem e, provavelmente, é o que vai seguir. O Ben, para já, é doido por música e construção de casas, vamos ver o que sai.

Pode partilhar alguns segredos e/ou rotinas de beleza que não dispensa?
Limpar a pele, sempre, ao acordar e deitar. Passar um bom hidratante. A pele, para estar bonita, precisa de estar limpa e hidratada, tem de respirar. Esfoliar uma vez por semana, rosto e corpo, assim, removem-se as células mortas e ela fica mais fresca e regenera-se muito melhor. Fazer máscaras ou usar produtos naturais. Têm algumas receitas super fáceis no meu livro ou quase todas as marcas já têm propostas nessas linhas. Adoro umas boas massagens drenantes. Para mim, são dos melhores tratamentos que se pode ter para a retenção e celulite. E massagens faciais que têm um efeito drenante e de lifting, muito fáceis de fazer em casa.

O cuidado com a pele e o cabelo tem de começar de dentro? Que dicas pode dar para os manter saudáveis?
Em primeiro lugar, água! Na água está a base de uma boa hidratação: 1,5l por dia. Depois, verdes e
fruta, cheios de antioxidantes e vitaminas para a pele e par o cabelo. Acreditem que quem faz este trio tem uma pele luminosa. Os piores inimigos: tabaco, stress, refrigerantes e açúcar.

Pratica exercício físico com que regularidade? E que modalidades pratica?
Amo fazer desporto! Faz-me sentir viva e enérgica. Faço treinos funcionais, costumo fazer eu mesma os meus circuitos, de acordo com a forma como me sinto no dia. Gosto muito de fazer boas caminhadas na natureza, mas intensas, como subir serras, por exemplo. Pratico ioga e, às vezes, pilates. No livro, têm muito boas sugestões de exercícios.

Que cuidados tem diariamente com a alimentação?
Sou flexitariana. Ou seja, 75% vegetariana e 20% peixe e marisco e, muito ocasionalmente, 5% de carne branca, de origem biológica. Portanto, muita fruta e legumes são a palavra de ordem na minha alimentação. Não consumo laticínios nem glúten. Por exemplo, de manhã, tomo um batido com verdes e fruta, mas misturo com água ou água de coco, como pão sem glúten com abacate, por exemplo. É um pequeno-almoço cheio de nutrientes para ter energia ao longo do dia. Nos lanches, fruta e frutos secos ou barritas energéticas. Ao almoço e ao jantar, normalmente, como peixe ou vegetariano, com a diferença de que, ao almoço, consumo sempre hidratos de carbono, mas dos bons, como a batata doce, a quinoa, o arroz selvagem ou leguminosas, que, também, me enchem de energia. Ao jantar, gosto de refeições leves, por vezes, um boa sopa é suficiente.

Quais são os erros alimentares que os portugueses têm mesmo que abandonar?
O leite e seus derivados, apesar de já muitos beberem sem lactose, por causa das intolerâncias, mas o problema é que, na verdade, a caseína, proteína do leite, faz pessimamente à saúde e está presente em imensos alimentos. O açúcar, para começar, que está presente em quase tudo, exatamente, para viciar. Quando leio os rótulos, no supermercado, fico chocada com a quantidade de açúcar, em tudo e mais alguma coisa. Nos lanches da manhã e da tarde, o famoso folhado ou rissol, os refrigerantes, péssimos para a saúde, e as farinhas brancas cheias de glúten, super nocivo.

E qual o pecado alimentar a que a Bárbara não consegue resistir?
O pão! Adoro pão, então, se for alentejano, molhadinho em azeite… É o mais difícil de resistir. Às vezes, quando estou em viagem, permito-me comer.

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