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Repórter da RTP Joana Dias revela que foi vítima de violência doméstica: "Deixará traumas sei lá até quando"

A repórter Joana Dias partilhou um testemunho duro sobre a realidade da violência doméstica, vivida na primeira pessoa.

Nas redes sociais, Joana Dias revelou ter sido vítima de violência doméstica. "Olá, sou a Joana. Tenho 43 anos, um filho com dez, e trabalho em rádio e televisão, na RTP. Sim, fui vítima de violência doméstica. Sim, estou viva e não tenho medo. Já não tenho medo. Também já não tenho vergonha por, um dia, ter tomado a decisão errada. E é, por isso, que consigo falar. E foi, por isso, também, que fiz uma campanha de sensibilização para esta realidade, assustadoramente, silenciosa. [...] Houve quem não acreditasse que as palavras que escrevi fossem reais. São, sim. Foram-me ditas a mim. Foram ditas a uma mulher. A muitas mulheres, todos os dias. Mas, também, são ditas a homens e a crianças por esse país fora. Por esse mundo fora", começou por desabafar a repórter.

Joana Dias assumiu, também, que os episódios de violência doméstica que viveu lhe causaram traumas: "A minha irmã, os meus pais, os meus amigos e as minhas amigas, o pai do meu filho, os meus colegas e as minhas colegas de trabalho foram essenciais para que conseguisse sair da realidade que tomou conta da minha vida durante quatro anos. E que deixará traumas sei lá até quando. A minha falta de autoestima, o meu pouco amor-próprio, a minha crença de que um príncipe viria, em meu auxílio, salvar-me da tristeza dos meus dias, fizeram com que me aproximasse da pessoa errada. Permitiram que ela entrasse em minha casa e que me manipulasse e que me levasse a ser personagem de um dos piores filmes da minha vida."

"No dia em que vi medo nos olhos do meu filho, encontrei em mim a coragem para me separar deste homem. Sabia que não ia ser fácil, e não foi. A imagem é banal, mas é isto que sinto: atravessei o deserto. E, como já me encontro, solidamente, com os pés em águas seguras, decidi falar e partilhar. Pelo fim da violência doméstica, pelo fim da violência no namoro. Pelo alerta de que esta violência é crime público", acrescentou.

"Ao longo de todos estes anos, tornei-me mais consciente, fiquei mais forte, percebi que o meu bem-estar vem de dentro para fora e não o contrário; descobri que não dependo de nenhum homem e que nenhum homem tem de depender de mim; entendi que o amor verdadeiro liberta e nunca, nunca, aprisiona. E aprendi uma das mais valiosas lições: se é amor que eu quero, então, tenho de me amar primeiro. E esta lição guia-me todos os dias da minha vida. A mim, nunca mais", completou a repórter.

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