"Pensei durante toda a semana se havia de escrever o que vou contar e concluí que talvez a nossa história possa ajudar alguém". É desta forma que Maria de Vasconcelos começa por contar, no Instagram, um episódio que quase lhe custou a vida.
"No fim de semana passado, tivemos uma intoxicação por monóxido de carbono e não morremos por milagre. Tínhamos uma caldeira há 17 anos, para aquecer a água e para o aquecimento central. Avariou e venderam-nos uma nova que foi instalada no final de outubro. No dia 4 de dezembro, deixou de funcionar e esteve desligada durante uma semana. Mandaram-nos um técnico na sexta-feira, dia 11, à tarde, que deixou a caldeira a trabalhar.
À noite, comecei com dores de cabeça, uma discreta tontura e taquicardia para pequenos esforços. Estranhei, não tenho nada disto, nunca!, mas achei que estava muito cansada. No dia seguinte, os sintomas foram-se agravando, e eu sempre a pensar que estava cansada. Fui para a cama às 18h30, meia baralhada, a cabeça a explodir, o coração aos saltos e cheia de frio. Que esgotada andava eu!, pensava. Não sabia mas a Mathilde e a Manon [filhas de Maria de Vasconcelos] deitaram-se às 19h, também convictas de que estavam a precisar de descansar. O Xavier [marido da cantora] ficou a ver uma série até às 22h30", explicou, num texto partilhado, neste domingo, dia 20.
Tal como Maria de Vasconcelos afirmou, foi por um triz que toda a família não perdeu a vida: "Não morremos os quatro durante essa noite, porque a Manon não aguentou de dor de cabeça e desatou aos gritos às 4 e tal da manhã. Eu só consegui acordar ao fim de muitos gritos, sacudi o Xavier, que foi ver o que se passava. Caiu cinco vezes nas escadas e ficou no chão do quarto da Manon. Escavacou-se todo do lado esquerdo e fez uma lesão do joelho com muita dificuldade em andar. A Manon desceu aos trambolhões até ao chão do nosso quarto. Eu levantei-me, caí e já não saí do chão. Gritámos pela Mathilde que veio no mesmo estado e o Xavier lá conseguiu descer as escadas. Consegui pegar no telefone, mas não sabia o que fazer com ele, estava tão obnubilada que não me ocorria sequer a palavra 'INEM', e, se me perguntassem naquela altura qual era o número, não me lembrava. A dor de cabeça era insuportável, nem a conseguia mover, tinha formigueiros nos braços e pernas e dificuldade em segurar no telemóvel. Estávamos todos em pranto, caídos no chão. Não conseguia ver bem, mas sabia que tinha uma chamada da véspera, não atendida de uma grande amiga nossa, a meio do ecrã e carreguei, meio ao calhas, e ela atendeu. E foi ela, a Mariana, quem ligou ao INEM.
O INEM ligou-me e disse-me que devia ser uma intoxicação. A CALDEIRA! MONÓXIDO DE CARBONO!!"
"Não sei onde fui buscar força, mas consegui arrastar-me até à varanda, abrir a porta, a portada e deitar-me lá para fora, aos gritos para que eles abrissem também o que pudessem. O Bartolomeu, marido da Mariana, veio a voar para cá, mas não sabíamos se conseguíamos abrir o portão. A Mathilde tentava, mas não percebia nada dos botões, e acabou por ir lá para fora com um comando, e cair depois de conseguir abrir. A Manon vomitava.
O Bartolomeu entrou e abriu tudo. Diz que continua com pesadelos a ver-nos todos caídos. A Mariana falava vezes sem conta com o INEM e rezava", acrescentou a cantora, de 50 anos.
"Veio o INEM, os Bombeiros, a Polícia. Levaram-nos para o S. Francisco Xavier, cujo chefe de equipa já tinha passado pelo mesmo. Os nossos níveis de carboxihemoglobina eram muito altos, de grande risco, os das meninas um pouco menos, porque estavam no andar de cima, os do Xavier um pouco piores do que os meus, porque ele ficara mais tempo lá em baixo na véspera. Mandaram-nos para o Hospital Militar, para uma câmara hiperbárica com oxigénio a uma pressão não sei quantas vezes superior ao normal inspirado, durante 1h40. Vimos um filme e saímos de lá como novos. Foi um MILAGRE. Foi um MILAGRE a Manon ter desatado aos gritos. Salvou-nos.
Foi um MILAGRE a Mariana atender. Salvou-nos", contou.
No final do relato, Maria de Vasconcelos deixou um conselho: "O monóxido de carbono é inodoro. Estes acidentes são frequentes, muito frequentes, com caldeiras, esquentadores, lareiras, braseiros. São muitas vezes FATAIS. Adormece-se e não se acorda. É grave, MUITO GRAVE. Conto-vos tudo isto, porque há detetores de monóxido de carbono, aos mais variados preços. Deviam ser obrigatórios. Em alguns países são. Queiram atender à sugestão: ponham um nas vossas casas."
