Entrevistas

Marcos Pinto: "Sei que, se der tudo, o melhor de mim estará sempre por chegar"

Numa entrevista exclusiva para a SELFIE, o jornalista Marcos Pinto fala sobre o novo programa que apresenta na TVI24, "Hora de Agir", e deixa uma reflexão sobre o futuro profissional.

Como surgiu a oportunidade de apresentar o programa "Hora de Agir" [emitido, na TVI24, aos sábados, pelas 18:45 horas, e com repetições, aos domingos, à 01:30 horas e às 10:45 horas]?

Foi um desafio do Joaquim Sousa Martins, subdiretor de informação da TVI, a quem agradeço a confiança. E que belo desafio! Gosto muito do formato "programa", registo que me faz sentir muito bem. A única experiência que tinha tido, na TVI24, foi há uns bons anos com "No Tom Certo", um programa sobre música portuguesa que gostei muito de fazer. Mas é passado! Agora, é "Hora de Agir", uma parceria com o Fórum da Energia e Clima, observador consultivo da CPLP, que tem uma contribuição muito valiosa do Ricardo Campos, presidente do Fórum, que é convidado residente em todas as emissões.

De que forma é que espera que este programa lhe acrescente como pessoa e como profissional?

Muito, tanto! Nesta fase da minha vida, estou totalmente focado nas questões ambientais e, por isso, é tão fácil vestir a camisola deste conceito que sugere uma reflexão permanente sobre o impacto que as decisões do Homem estão a ter na Natureza. Este debate nunca é demais e este programa sinaliza a importância que, se queremos mudar o rumo das alterações climáticas, todos temos um papel principal. Todos os dias, reflito sobre o meu e no exemplo que quero ser e dar às minhas filhas.

Considera que este programa cumpre uma das principais funções do jornalismo: esclarecer para refletir e, posteriormente, originar uma ação?

Sem dúvida, é tão isso! O programa tem, como premissa, a crise climática como um desafio presente da Humanidade e as soluções para o futuro pedem já uma ação concertada para que a defesa da Natureza seja a prioridade - as alterações climáticas, a poluição dos oceanos, a escassez da água, a transição energética, a mobilidade são questões-chave para um mundo mais sustentável - e o "Hora de Agir" tem esse desígnio: alertar para o que temos e, mais importante, o caminho que devemos seguir. Um exercício no qual contamos com os melhores convidados, como, por exemplo, o Ministro do Ambiente e Ação Climática e, também, o Ministro do Mar.

Afirmou que o "Hora de Agir" é um "conteúdo que se quer apelativo e dinâmico". Como é que o programa pretende atingir esses dois objetivos?

Se olharmos para a televisão nacional e mundial, encontramos programas ou segmentos que também tratam dos desafios do clima e da Natureza. Somos um programa novo e, por isso, temos de trabalhar a dinâmica para apelarmos à atenção dos espetadores. Já falei da força dos convidados, outro exemplo, a força da imagem e a seleção da imagem é criteriosa para reforçar a transmissão da mensagem como conteúdo fundamental. Um grande amigo ensinou-me, um dia, que há duas formas de aprendizagem: por repetição e forte impacto emocional. As imagens podem não ser bonitas e estarem sempre a passar, se sentirmos que essa é a forma de chamarmos a atenção.

A "Hora de Agir" já chegou há algum tempo à vida do Marcos? Ou seja, já adotava, antes, algumas medidas importantes para, no dia a dia, reduzir a presença do CO2 na atmosfera ou para diminuir a poluição?

Já adotava algumas medidas, mas tenho uma confissão a fazer - a verdadeira ficha caiu-me no verão do ano passado, com o trabalho extraordinário que a Catarina Canelas fez com o documentário "Plástico, o novo continente". Tem sido premiado e com inteira justiça. Estava a passar férias em Porto Santo e o documentário teve um forte impacto em mim. Até nos passeios pela praia que dei a seguir. Um dia, liguei à Catarina a agradecer-lhe. Desde a emissão desse trabalho, sou mais "verde" do que nunca - na hora de separar o lixo e, sempre que posso, escolho sempre o comboio como meio de transporte. Estou certo, também, de que se, um dia, mudar de carro, vai ser elétrico! Estou mais atento do que nunca, com mais consciência e responsabilidade ambiental.

As suas filhas também já têm uma consciência ecológica? Tenta incentivar esse espírito nas duas?

Sem dúvida. Elas já adquiriram noções de "estudo do meio" na escola e sabem que, em casa, o pai é muito "chato" na hora de separar o vidro do plástico e do papel. E com a torneira que está a pingar ou a luz que ficou ligada…

É verdade que, para si, ser pai "é a coisa mais extraordinária da vida"?

Tão verdade que não retiro uma vírgula à pergunta (risos)

A pandemia alterou, de alguma forma, a relação com as suas filhas [Matilde e Madalena]? Tornaram-se ainda mais próximos?

Foi um privilégio. Como se, de repente, o universo me tivesse dado tempo de qualidade para contrariar o outro tempo da "corrida" que nos deixa ofegantes e longe de sermos gratos pela vida que temos. Gostei muito de estar em casa, ficámos mais próximos, pude ser pai, professor e ajudar nos trabalhos de casa, com tempo. Com todo o respeito por todos os que estiveram ou estão a "sofrer" com o impacto desta pandemia, para mim, foi um tempo de qualidade.

Falando na pandemia, considera que o jornalismo desempenha um papel importante, neste período único das nossas vidas?

O jornalismo mostrou toda a sua força e relevância. Os canais de informação tiveram as melhores audiências de sempre, foi o reconhecimento de um trabalho de entrega e dedicação que os jornalistas fizeram desde a primeira hora. Os portugueses queriam estar informados sobre a Covid-19 de uma forma permanente e reconheceram o muito talento que há nas redações. Tenho um imenso orgulho do trabalho que a redação da TVI fez e continua a fazer. Agora, há uma hashtag de apoio à seleção rumo ao Euro que é #vamoscomtudo - se tivesse de criar uma para o trabalho exemplar que os jornalistas da TVI desempenham, todos os dias, seria #dartudo.  

Já tem planos para as férias deste verão? Serão umas férias ecológicas, mesmo a condizer com o programa?

Boa questão e obrigado pelo desafio que vou ter sempre em conta, nestas férias que vão passar pelo Algarve e por Riodades [freguesia do concelho de São João da Pesqueira], claro! Já alguma vez vos falei de Riodades, a minha terra? Nunca? (risos) Já voltei a Porto Santo, apaixonei-me pela ilha e o grande responsável tem sido o Jorge Gabriel, grande profeta! (risos)

Para si, quais são as férias perfeitas?

Em família, com o sorriso da Matilde e da Madalena sempre por perto. E, sim, se tivesse de escolher um só lugar… Riodades!

Recentemente, foi anunciado que a Media Capital irá criar a CNN Portugal. Como se sente em relação a esta novidade?

Um grande entusiasmo, sentimento que acredito ser extensível a toda a redação da TVI. É um privilégio estar a acompanhar a história por perto. Grato, por nesta altura da minha vida, poder aprender e evoluir com novas valências. Vejo a CNN, desde sempre, e agora Portugal ter a sua… Uau! Os próximos tempos serão extraordinários.

Em termos profissionais, o que ainda lhe falta fazer?

A vida ensinou-me a aceitar o que o universo tem para me dar. E agradeço à Direção de Informação da TVI o "Hora de Agir". Gosto de apresentar e de "agarrar" os desafios do presente. Sei que, se der tudo, o melhor de mim estará sempre por chegar.  

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