Entrevistas

Ângela Ferreira perto de realizar o sonho de engravidar do falecido marido: "Vou amar pelos dois!"

Foi através da série documental "Amor Sem Fim", transmitida na TVI, que Portugal ficou a conhecer a história da luta de uma mulher para "engravidar do marido morto".

O jornalista Emanuel Monteiro explicou, na altura: "É uma história de amor inédita, que passa a morte, em que esta mulher está numa luta contra o tempo, para realizar aquele que é o último desejo do marido, vontade essa expressa por ele, que tem os médicos e enfermeiros como testemunhas e que ficou escrita."

Agora, Ângela Ferreira está mais perto de realizar o sonho que ficou por cumprir aquando a morte de Hugo Neves, aos 29 anos, vítima de um cancro, em março de 2019.

Depois de a proposta de lei ter sido aprovada em março e ter sido, posteriormente, vetada por Marcelo Rebelo de Sousa, o parlamento aprovou, no passado dia 22 de outubro, um novo decreto sobre a inseminação pós-morte.

"Em relação à nova proposta parece-me justa e ponderada e acho que colmata as dúvida do Presidente da República relativamente à primeira proposta. Estou feliz com a aprovação, mas ainda um pouco reticente pois falta a decisão do Presidente da República", afirma Ângela Ferreira, em declarações à SELFIE.

Contudo, a barbeira de Gondomar, de 33 anos, faz questão de afirmar: "Não é uma lei para mim, é uma lei para muitas mulheres."

"Desde o início, sempre fui cautelosa e, apesar de celebrar cada vitória, foi sempre com os pés muito assentes na terra, porque, até que esteja publicado em Diário da República, o não ainda é uma possibilidade", reforça Ângela Ferreira, que descreve o processo de espera, ao mesmo tempo que faz o luto pela morte do marido como "uma avalanche de emoções".

Assumindo que sonha com o dia em que vai conseguir engravidar, Ângela Ferreira conta que se imagina a viver a maternidade com serenidade: "Vai ser a época mais feliz da minha vida!"

"Falar do Hugo ao meu filho vai ser um processo natural. Quero passar-lhe os valores do pai e o amor que o pai, independentemente de estar cá, sente por ele, porque foi um filho muito desejado e sonhado em conjunto. Vou transmitir-lhe todo esse amor e o amor do pai que está em mim: vou amar pelos dois!", revela Ângela Ferreira.

Desde que tornou pública a sua história, Ângela Ferreira tem sido contactada por outras mulheres na mesma situação. A barbeira diz que tenta ajudar, mas que nem sempre é fácil: "Há quem pense que tenho uma poção mágica para resolver tudo. Mas cada relação é uma relação e as histórias são diferentes. Gostaria de fazer mais, mas não consigo..."

No futuro, Ângela Ferreira gostaria de conseguir criar um grupo de apoio ou uma associação para ajudar pessoas na mesma situação: "É uma ideia, mas são precisos meios, disponibilidade, entre outras coisas... Mas quem sabe, um dia! Vou amadurecer a ideia".

Relacionados

Patrocinados