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Morreu o fadista Carlos do Carmo

Morreu o fadista Carlos do Carmos, aos 81 anos.

com Lusa

O fadista Carlos do Carmo morreu na manhã desta sexta-feira, dia 1, aos 81 anos.

O fadista morreu no hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse o filho à Lusa.

Carlos do Carmo tinha terminado a carreira em 2019, num concerto de despedida que encheu o Coliseu dos Recreios, no dia 9 de novembro desse ano.

Casado com Judite há 55 anos, o fadista tinha três filhos: Gil, Cila e Alfredo.

Carlos do Carmo é, segundo a Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, uma "figura marcante no estabelecimento de mudanças na tradição fadista", sendo uma das "suas maiores referências, com reconhecimento nacional e internacional".

Filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998), "uma das vozes mais marcantes" do fado no século XX, segundo a mesma fonte, Carlos do Carmo cresceu num ambiente fadista. Desde 1947 que sua mãe era proprietária da casa de fados Adega da Lucília, no Bairro Alto, em Lisboa, atual Arcadas do Faia, que passou a ser gerida por Carlos do Carmo em 1962.

Este não era o plano traçado para si pelos pais que, em 1956, o enviaram para a Suíça para estudar línguas e gestão hoteleira.

A vocação musical despertou porém em 1963, quando gravou um fado da sua mãe, "Loucura", num disco do Quarteto de Mário Simões.

Carlos do Carmo revelou, ao longo da carreira, "uma voz límpida e uma dicção clara cuidadosamente ajustada ao sentido dos poemas", segundo a Enciclopédia dirigida pela etnomusicóloga Salwa Castel-Branco, onde se lê ainda que as alterações que fez no fado foram influenciadas pelos seus gostos musicais que incluem referências da bossa nova, de Frank Sinatra e Jacques Brel, de quem gravou "La valse a mille temps".

Depois do 25 de Abril, tornou-se "o representante máximo do fado novo", segundo a mesma fonte.

O artigo que lhe é dedicado na Enciclopédia recorda que em 1976 a RTP o convidou a interpretar todas as canções concorrentes ao Festival da Canção, "Uma canção para Europa", o que "confirmou a sua posição de destaque no panorama musical português".

Carlos do Carmo representou Portugal no 21.º Festival da Eurovisão, realizado em Haia, com "Uma Flor de Verde Pinho", tendo-se classificado em 18.º lugar.

No ano seguinte saiu o seu álbum "Um Homem na Cidade", totalmente constituído por poemas de José Carlos Ary dos Santos (1937-1984), musicados por José Luís Tinoco, Paulo de Carvalho, Martinho d’Assunção, António Victorino d’Almeida e Fernando Tordo.

Este álbum "apontou diferentes tendências que vieram a verificar-se como agentes da mudança da tradição musical do fado", assinala a Enciclopédia, que realça "algumas inovações musicais notáveis", mantendo a estrutura harmónica tonal.

Esta obra refere "a produção de elevada qualidade técnica" de Carlos do Carmo, patente nos seus trabalhos.

Recorde, agora, alguns dos sucessos do fadista:

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