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Jornalista da RTP António Esteves de luto pela morte do pai

Morreu o pai de António Esteves e o jornalista da RTP recorreu às redes sociais para lhe prestar uma homenagem.

António Esteves
António Esteves

"O meu pai era um homem bom, bonito, muito tímido e reservado, era de uma honestidade e de uma ética à prova de bala, leal, muito profissional e pontual, um trabalhador incansável, orgulhoso, teimoso, humilde e educado. [...] Sentia-se especial nos tempos em que andava de braço dado com a minha mãe, que sempre foi uma mulher muito bonita e elegante, brincava muito com os filhos, quando eram pequenos, e tinha um imenso orgulho neles e nos netos, que via pouco porque morava longe, no exílio que escolheu, na terra onde nasceu e morreu. A mesma onde seguia todos os dias, religiosamente, os meus noticiários da tarde", começou por recordar.

"O meu pai não esteve no meu casamento porque estava muito doente na altura e não queria ser uma distração triste num dia bonito. O meu pai era assim e não esperava ser compreendido", disse.

António Esteves lembrou, ainda, a infância ao lado do pai: "Levantava-se de madrugada para me fazer o pequeno-almoço e o reforço que levava na mochila para o trabalho porque tinha medo de qualquer atraso, nem a minha irritação o demovia mesmo quando tinha acabado de se deitar. Gostava que o filho tivesse sido advogado e zangou-se quando desistiu do curso no terceiro ano de Direito para seguir o sonho de ser jornalista. Habituou-se, mas contrariado. [...] O meu pai ensinou-me praticamente a primeira classe antes de eu ir para a escola e estudou mais um pouco já em adulto, era inteligente e tinha uma letra linda, tão perfeita e elegante que parecia desenhada em vez de escrita. Recebeu louvores e muitos elogios dos colegas. Adorava a nora e o genro."

"O meu pai esteve na guerra em Angola e veio de lá ferido como quase todos os jovens da idade dele. Não fisicamente, mas na alma. [...] Nunca quis contar o que viu mas sabemos que preferia nunca ter visto e vivia revoltado por não ter conseguido evitá-lo e não ser capaz de contar. Não sabemos o quê mas foi o suficiente para lhe tirar paz e serenidade. A família sofreu com isso mas o tempo não é de acrescentar mágoas à dor", revelou.

O jornalista da RTP falou, ainda, da última despedida e das saudades que deixa: "Hoje teve familiares, amigos e vizinhos no funeral dele depois de ter sido traído pelo coração que parou de repente. O nosso nunca vai esquecer o marido, o pai, avô e sogro, que mesmo com os defeitos próprios da frágil condição humana deixa muitas memórias boas. Suficientes para já termos saudades dele. As pessoas só morrem quando deixam de fazer parte das nossas memórias e das nossas conversas. Percebo agora que é a primeira vez que falo aqui do meu pai."

"Em nome da minha família, agradeço todas as manifestações de apoio e carinho que nos fizeram chegar ao longo do dia e de todas as formas. Um obrigado especial aos meus familiares e a todas as pessoas que em São Miguel d’Acha nos acompanharam de perto ao longo destas horas dolorosas. Que Deus vos abençoe. Que o meu querido pai descanse em paz, na tranquilidade que tanto apreciava", terminou.

 

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