Entrevistas

Vanessa Martins: a mulher, a influencer e a empresária de sucesso

A Penha Longa foi o cenário escolhido para uma entrevista, na qual ficámos a conhecer melhor a mulher, a influencer e a empresária de sucesso Vanessa Martins.

Como é um dia na vida da Vanessa Martins?
Um dia na minha vida é sem horários, mas com algumas regras, como é óbvio. Todos os dias da minha semana são diferentes. Não tenho nenhum horário de entrada, nem de saída, o que não é positivo, mas, às vezes, tem as suas vantagens, como é obvio. É ter horários para acordar, para deitar, de forma a conseguir ter uma noite tranquila, para, no dia a seguir, também render a nível de energia. É andar de um lado para o outro. É muito stressante, não me gabo desta vida, gostava de ter uma vida mais tranquila, mas estou a tentar conquistá-la.

Com uma marca para gerir, uma agência, uma revista digital... Como é que gere o tempo? 
Tenho que ter horas para almoçar. Há uns anos, cometia o erro de almoçar mais tarde, só parava para almoçar às 15:00 ou 16:00 horas… Isso não voltou mais a acontecer, porque mexe, de facto, com o meu dia. Almoço sempre antes, nem que tenha de almoçar às 11:30 ou às 12:00 horas, e, depois, tenho que estar sempre a comer ao longo do dia. Tenho que também ter, durante a minha semana, três dias livres para ir treinar. E, depois, ter horas para parar, o que, às vezes, é um bocadinho difícil, quando tens uma equipa já consideravelmente grande. Chega ali às 19:00 ou 20:00 horas e eu própria digo: agora acabou. Vou jantar, vou tomar banho e vou ficar no meu canto. Para poder aproveitar, porque senão não dá. É um ritmo alucinante.

E em que tipo de liderança acredita?
Acredito na liderança pelo exemplo, por isso é que lhes digo que tudo o que eles estão a fazer agora, eu já fiz! Só que já não consigo fazer mais, por não ter tempo, então, tenho que começar a delegar e, agora, eles até fazem melhor do que eu, mas essa é a ideia! Se é para continuar só eu a fazer bem, então, não vale a pena. Quando se acrescenta pessoas numa equipa é para, também, acrescentar valor, conhecimento, know how, para crescermos todos. Eles não trabalham para a Frederica, trabalham para mim! Sou eu que lhes pago os ordenados, sou eu que lhes dou as ideias, sou eu que os motivo… Quando eles fazem algum sacrifício é por gostarem de trabalhar para mim, fazem-no por mim, fazem uma hora a mais porque é por mim, não pela marca em si. E, como é obvio, eles são, indiretamente, beneficiados, mas ter uma equipa motivada faz toda a diferença. E eu faço imensas coisas para os manter motivados e fico super preocupada quando alguém na equipa está mais em baixo, porque, bem ou mal, aquelas pessoas dependem de mim e, se elas não estão felizes na sua vida pessoal, isso passa para a equipa e para o trabalho. Então, eu quero é toda a gente bem e feliz à minha volta, se alguém está mais em baixo eu quero saber o que aconteceu, se está tudo bem... São muitas horas a trabalhar e poucas horas na vida pessoal, não é? Passamos o nosso dia, praticamente, sempre a trabalhar. Então, quero que eles estejam sempre bem e felizes, porque isso reflete-se nos resultados diários!

Que tipo de preocupações sociais tem no dia-a-dia e procura trazer para a empresa e para os seus funcionários?
Tento, sempre, que a minha equipa esteja bem, a nível psicológico e mental, então, faço algumas atividades em que fazemos terapia de grupo e terapia individual. Agora, com isto da pandemia, deixamos de fazer terapia de grupo, mas tento, sempre, manter o estado mental ao máximo, é mesmo importante para todos. Trabalhar com pessoas que não estão bem não é fixe, então, tento ter esse cuidado. Depois, eu recebo tantas coisas, que acabo, sempre, por dividir pela equipa toda ou por dar a instituições. Temos, sempre, esse lado social ativo e presente. Uma coisa muito engraçada que nós fazemos, todos os anos, no jantar de Natal da Frederica, é: não há troca de presentes. Eles trazem presentes de cães e de gatos e nós damos, sempre, a uma instituição. Podem dar o que quiserem: comida, presentes, e, depois, vamos dar a uma instituição. Nunca divulguei isso, acho que nem sequer é preciso divulgar, mas fazemos isto há sete anos. Isto também não tem nada a ver com a Frederica, mas, no meu aniversário, também não quis presentes, não preciso de presentes, então, pedi a todos os convidados para trazerem algo para combater a pobreza menstrual, então, ofereceram tampões, pensos, higienizadores íntimos, e, depois, também demos a uma causa que anda a combater a pobreza menstrual. Acho que isso é importante, quando temos uma voz mais ativa. É muito pouco, mas faço qualquer coisinha.

Se estivesse a começar agora, mudava alguma coisa?
Não sei, porque, quando comecei, há oito anos, também não sabia o que ia acontecer, só sabia onde queria estar, mas, agora, se calhar, estou num sítio muito melhor do que poderia imaginar. Não sei se mudaria alguma coisa, acho que manteria tudo. Acho que foi um percurso importante. Gosto de aceitar, foi assim que o percurso se fez e correu bem.

Na azáfama do dia-a-dia, sobra tempo para cuidar de si e para estar com os amigos?
Pouco tempo. Tenho, realmente, pouco tempo e, às vezes, queixo-me disso. Da quantidade de "nãos" que digo à minha vida social. Perguntam-me: "Vamos jantar fora?"… E eu respondo: "Estou cansadíssima, não consigo." Nem consigo socializar, nem me consigo aturar a mim, quanto mais, sabes? (risos) Preciso imenso do meu tempo de descanso, tem mesmo de ser. Eu apareço com esta cara, tenho de estar disposta, tenho de estar bem e tenho que ir buscar essa energia para estar, constantemente, a comunicar, então, privilegio muito o meu horário de descanso. Às vezes, tenho de dizer que não a um jantar mais tardio ou a outras coisas, porque, depois, é o meu dia que fica penalizado, porque fico cansada, porque já não tenho a mesma energia, porque fico mais impaciente e, então, tenho de escolher. Agora, já não sacrifico tanto, mas, no início, sacrificava imenso e as minhas amigas brincavam: "Olha, a empresária!" Mas, agora, se calhar, faz um bocadinho de sentido. Tive que dizer várias vezes que não podia, porque estava cansada ou porque, no dia a seguir, tinha que acordar muito cedo.

O que é que está, sempre, em primeiro lugar?
O meu cão (risos). Eu sei que a maior parte das pessoas não percebe, mas é o meu cão. É a minha companhia e ele está lá desde sempre. Corra bem ou corra mal, é ele que está lá, feliz da vida, à minha espera, quando chego a casa. Como é óbvio, a minha família… a minha mãe, o meu pai, o meu irmão, mas o meu cão, também, sim!

A quem é que nunca rejeita uma chamada, mesmo que esteja muito cansada ou atarefada?
À minha mãe e ao meu pai. Se eles me ligarem, tenho de atender, sempre! Mesmo que esteja numa reunião, eu digo sempre: "Peço desculpa, tenho só de parar"… Os meus pais já são de alguma idade, por isso, tenho que atender, sempre. Às vezes, não é nada. Aliás, quase sempre não é nada. Mas atendo, sempre, os meus pais, eles são, sempre, a prioridade. E não tenho, sempre, o telemóvel com som. Na maior parte das vezes, o meu telefone está sem som. Ao fim de semana, está sem som total e, a partir das 22:00 horas, ele fica em modo noturno, deixo de receber notificações. São as regras! A minha patroa é o meu telefone (risos). Tem de haver regras, senão é um descontrolo total.

Consegue ter tempo para cozinhar?
Não, tenho muito pouco tempo para cozinhar e não gosto de cozinhar, mas tento fazer uma sopa ao fim de semana que já fica para alguns dias. Dentro das escolhas de mandar vir comida, tento escolher bem. Almoço e janto muitas vezes fora. Tenho cuidados, mais para não ter fome e estar bem, porque não consigo estar muitas horas sem comer. Tento, sempre, que aquilo que vou ingerir seja bom para o meu corpo: verduras, legumes, boa proteína... Acredito muito que nós somos tudo aquilo que nos rodeia, aquilo que ingerimos e o que pensamos. A comida faz parte e o exercício faz parte. Eu não treino com um objetivo físico. Se eu treino, acabo por conseguir manter-me atlética, mas treino porque preciso de ter aquela hora no ginásio em que transpiro, faço força, carrego pesos, em que me supero. Experimentem treinar todos os dias ou três vezes por semana e vão ver que a vossa qualidade de vida aumenta brutalmente. É tão bom quando sentimos que somos fortes, saudáveis e capazes. Isso mexe muito com o meu dia a dia. Não gosto de não treinar. Treino desde os meus 18 anos. Todos os dias não, mas semanalmente. Sempre fui muito magra, então, as pessoas diziam: "Mas por que é que tu treinas?"… Eu não treino para perder peso, treino para me sentir saudável. Há muitas pessoas que são magras e não são saudáveis, porque isso não tem a ver com o peso em si.

Uma vez que trabalha, diretamente, com a imagem, que outros cuidados tem?
É a beleza que vem de dentro para fora. É o sentir-me bem, beber água, ter consciência do consumo de álcool... Claro que bebo um copo, de vez em quando, claro que gosto de beber um cocktail, um copo de vinho, são assim os meus guilty pleasures, mas tudo controlado. Senão isso, depois, também se reflete… Se for preciso, como uma batata frita, como é óbvio, mas não faço disso o meu estilo de vida. Por exemplo, eu tenho problemas graves de sono, acho que é do stress, então, tive de criar uma goma para dormir melhor, da marca da Frederica. Aquilo que eu consumo é tudo à base de produtos naturais, então, acho que isso é a beleza. Depois, tenho outro tipo de cuidados: faço uma exfoliação, meto um creme... Agora, estou maquilhada, mas não há melhor maquilhagem do que a natural, aquela com que estou ao fim de semana, em que estou de cabelo preso no ar, de biquíni, a aproveitar a minha casa… É a melhor forma! É a compensação. "Agora, vamos tirar isto tudo… vamos tirar a capa e voltamos na segunda-feira."

É uma apaixonada por moda e promove, frequentemente, pequenas marcas ou marcas que estão a começar. Procura fazê-lo, sempre, com verdade?
Gosto mesmo de moda e de marcas. Serei, sempre, uma vaidosa com marcas, mas acredito, também, em ajudar o próximo. Posso ter uma carteira de uma marca luxuosa, mas posso estar a vestir uma peça de roupa de linho, de uma marca portuguesa. É desproporcional ao nível de preço, mas essas marcas precisam dessa projeção e gosto de as misturar. As pessoas dizem que estou sempre bem, então, é giro ter esse feedback. As pessoas perguntam: "De onde é a tua roupa?" E eu digo que é de uma marca de uma miúda que tem 5000 mil seguidores e que tem coisas giríssimas. Elas precisam disso, eu gosto e acredito nessas marcas. Acredito nas marcas todas, desde que sejam boas. Só precisam de uma oportunidade, como as outras já tiveram.

Sente que é, muitas vezes, encarada como uma inspiração? Recebe muitas mensagens nesse sentido?
Sim, recebo. Não faço nada para o ser, mas fico feliz de receber algumas mensagens de mulheres a dizer: "Deste-me uma força incrível. Dás-me imensa força. Passei por um processo complicado de separação, via o teu Instagram e pensava: também vou conseguir!" Acho que isso é muito bom. Também tenho os meus dias maus, os meus dias de frustração, os meus dias em que estou desesperada, em que estou com medo.... Isso nunca se mostra, nem sequer me lembro de mostrar, porque, nesse dia, estou a passar por uma processo que não correu tão bem. Acho que as redes sociais servem para coisas positivas e para ajudar, também. Não gosto de seguir pessoas que estão, constantemente, a mostrar os seus problemas, porque, também, já tenho os meus, não é? Então, aquilo tem de ser uma fonte de descontração para mim. Em que chego ao sofá e vou ver coisas boas. Mas, sim, fico feliz quando me dizem que sou uma inspiração.

Por outro lado, ainda sente o preconceito por ser uma mulher bonita e bem sucedida?
Sinto, mas, também, estou aqui para quebrar esses preconceitos. É um "pré conceito" que vem, basicamente, das mulheres. É-me um bocadinho indiferente, sabes? Mas que isso acontece, acontece, e vai, sempre, acontecer, infelizmente. As próprias mulheres são machistas. Nós vivemos numa sociedade machista, racista, preconceituosa… vivemos, sim! Eu sou vítima desse preconceito, que não se percebe, que não é calculado, mas estou cá para partir essa pedra e esperar que as gerações dos nossos filhos e a geração dos nossos netos vão ser diferentes. Vivo bem em relação a isso, tenho pena, mas faço o meu trabalho. Não deixo de fazer nada, nem de mostrar nada a pensar no que as pessoas preconceituosas possam pensar, porque o problema está nelas, não está em mim. Não faço nada de errado, só estou a viver a minha vida e era bom que elas, também, vivessem a vida delas, mas temos de ser empáticas com as pessoas. Eu não posso fazer com que as pessoas gostem de mim, quando elas próprias não gostam delas. Elas, primeiro, têm de gostar delas, para começarem a gostar dos outros. Acho que é por aí o caminho.

A Vanessa tornou-se conhecida do público através da série "Morangos com Açúcar". Acha que o caminho podia ter sido mais difícil ou, pelo menos, diferente, se não tivesse tido este percurso? 
Faz parte. Quando eu fiz os "Morangos com Açúcar" não havia redes sociais, não sabia nada disso, por isso, o percurso foi muito natural. Desde cedo, quis televisão, queria ser atriz, mas tive de passar pelas coisas para saber que não era esse o caminho e que tinha imensas capacidades, que tinha este lado empreendedor, que também desconhecia, mas tive de passar por esse trajeto. Claro que a televisão me trouxe todo aquele público que me seguia, na altura, através da televisão e que passou a seguir-me através das redes sociais. O engraçado é esse público continuar a crescer e continuar a abranger ainda mais pessoas, mas, como é óbvio, a televisão continua a ter um impacto muito grande na vida das pessoas, nas redes sociais, mas, pronto, é o futuro.

Voltar à representação, está fora de questão?
Foi uma passagem mesmo, e não digo isto com qualquer peso. Fez parte, mas não me vejo, agora, a fazer uma telenovela, a decorar textos, a estar em estúdio das 09:00 às 20:00... Como é que, agora, com todas as responsabilidades que tenho, com os projetos em que estou envolvida, conseguiria voltar a representar? O que dizia à minha equipa? "Desculpem lá, agora, vou fazer uma novela durante um ano, fiquem aqui a tratar de tudo…" Não pode ser! Já nem vibrava dessa forma. Podia voltar à televisão noutro formato, mas a nível de representação… já nem sei representar (risos). Acho que não existem bons ou maus atores, existe é o trabalho! Um ator pode ser ótimo, mas tem de praticar! No meu caso, não é uma coisa que me daria muito prazer. Fez parte da minha vida, há dez anos, mas já não faz parte! Eu estou bem resolvida em relação a isso. Mas é engraçado que ainda dizem que sou atriz… Não! Eu não sou atriz! Por amor de Deus! Eu não fiquei lá atrás, a minha vida continuou. Ao nível da representação, lamento, mas não me vão ver a representar.

Era aqui que imaginava estar aos 35 anos?
Não sabia que era aqui, mas, agora, ambiciono mais, porque isto é tão giro! Gosto tanto de criar, vamos ver. Mas se me dissessem que ia ficar assim, por mim, está ótimo! Trabalho todos os dias feliz.

Há novos projetos na calha?
Há, sempre, novos projetos. Estou, sempre, a criar coisas novas, coisas giras, coisas com que me identifico e, sim, faz parte do crescimento. Só começou agora (risos).

Um projeto ligado ao empreendedorismo, faria sentido para si?
Acho que faria sentido continuar a estar ligada a esta parte em que, realmente, acredito, em mulheres empreendedoras, comunicativas, que têm ali aquele lado que ninguém conhece e que nós descobrimos… Sim, seria interessante.

Onde é que se imagina daqui a cinco anos?
Daqui a cinco anos, com 40 anos… gostava de ter um filho, gostava de ver este lado maternal a despertar, e, não sei, acho que é só esse o objetivo. A nível profissional, gostava de estar ainda mais longe e a fazer coisas maiores, quero que a Frederica cresça muito e seja uma referência ao nível do lifestyle para todas as mulheres. A nível pessoal, gostava de ser mãe, e, se não for, iremos continuar, mas, sim, daqui a cinco anos, vejo-me a ter, pelo menos, um filho.

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