Entrevistas

Maria Sampaio conta tudo sobre regresso à TVI

A atriz Maria Sampaio regressa aos ecrãs, na nova novela da TVI "Festa é Festa", e contou à SELFIE como está a correr o desafio de dar vida a Valquíria.

O que nos pode contar acerca da sua personagem na novela "Festa é Festa"?
Ainda não comecei a gravar, só tive ensaios, mas posso contar que ela se chama Valquíria e é muito desbocada [risos]. Ela não é da aldeia, aparece lá e não sabemos muito sobre o passado dela, embora ela fale sobre tudo, muito abertamente. Tem uma promiscuidade, mas nunca com maldade. Ela casa-se com o Peixoto [interpretado pelo ator Vítor Emanuel], o empreiteiro da vila, que anda sempre a enganar toda a gente. A Valquíria adora dar nas vistas, toda ela é muito vistosa, usa sempre saltos gigantes e vai andar sempre com as mamas enfiadas na cara do marido, porque ele lhe dá pelo ombro [risos]. Pode parecer uma gold digger, mas acredito que ela gosta mesmo do marido e vai mudar um bocadinho a aldeia. Vai ser uma persona estranha para aquela aldeia com mulheres mais recatadas.

E como foi preparar esta novela?
Tivemos imensos ensaios com o Joaquim Nicolau, que tem sido uma ótima ajuda para todos os atores. Está tudo a acontecer muito rápido. Inspiro-me em algumas pessoas, porque a Valquíria tem um lado popular, mas, ao mesmo tempo, não é burra, de todo. Nós, mulheres, sofremos muito com o estigma quando gostamos de dar nas vistas. Estamos super tranquilas com o nosso corpo e acabamos apelidadas de "a badalhoca", "a que está a provocar", "a que só quer é dar nas vistas"… Para ela, isto é super normal. Aliás, ela vai mostrar-se super feminista, também. Não na palavra atual, política, mas pela experiência de vida que ela tem.

Em quem se inspirou-se para o papel?
Há algumas personagens de séries e filmes nas quais me estou a inspirar para da vida à Valquíria, mas acho que perde a piada se disser quais são, porque as pessoas, também, têm de descobrir. Vai haver muita comédia, mas não é aquela comédia gratuita. É uma comédia muito inteligente, o texto está incrível e temos um elenco com muita comédia. Ensaiei imenso com a Sílvia Rizzo, com o Manuel Marques, com o Pedro Teixeira… Toda a gente está nesta vibe de comédia, mas sem cair em estereótipos. Quando comecei a falar da minha personagem, no Instagram, quase toda a gente achou que ela ia ser aquela cantora pimba clichê, que masca pastilha elástica. Se calhar, ela não vai ter esse clichês todos, mas o texto é muito claro, pelo que não vou precisar de exteriorizar assim tanto, porque está tudo lá. 

É importante não cair em estereótipos?
Não vamos fazer bonecos de nada. Isso é o trabalho de cada um de nós, é acreditar… Por exemplo, por que é que eu acredito que esta mulher gosta mesmo do marido e que não está com ele só por dinheiro? Se calhar, as pessoas lá em casa vão pensar que ela casou com o marido só por dinheiro. Acho que as personagens estão muito bem escritas por essa razão, porque não são uma "chapa 5", não são um estereótipo de nada, ou seja, todas elas têm imensas nuances da realidade. Ninguém é só uma coisa, ninguém está sempre feliz, ninguém está sempre triste e acho que isso vai trazer uma realidade de que o público vai gostar.

Que características tem a Valquíria que são comuns à Maria?
Somos parecidas, fisicamente, a minha maneira de estar e de ser, também, puxou um bocadinho para esta personagem. Ainda por cima, também, brinco muito nas minhas redes e faço uma personagem que é a Miga Constrangida, com a qual brinco imenso e falo, abertamente, sobre tudo, e acho que eles foram buscar isso. Apesar de, muitas vezes, aquilo, também, ser uma personagem. São mais as personagens que vou fazendo que me vão trazendo essa liberdade e trago algumas coisas minhas, mas, também, de personagens que me proponho a fazer, naturalmente. A Valquíria não pensa antes de falar e eu, também, tenho um bocadinho isso. Apesar de eu, Maria, não dizer certo tipo de coisas, em determinados locais. Já esta mulher não pensa se está com o Presidente da República ou não. Ela diz tudo o que pensa, sem querer saber o que os outros acham.

E a Maria, como viveu estes períodos de confinamento?
Felizmente, sou uma privilegiada, porque, assim que começou o novo confinamento, iniciei os ensaios para a novela e comecei a gravar o "All Together Now". Portanto, tive o privilégio de não estar tão fechada como no primeiro confinamento. O primeiro foi assustador! Eu e o meu marido [Gonçalo Cabral] somos os dois artistas e ficámos a pensar: "Oh, meu Deus, o que é que vamos fazer à nossa vida, sem subsídios, sem nada?" Nós sabemos como está a situação para os artistas, mas não sei porquê, de repente, numa fase de crise como a que estamos a passar, temos os dois imenso trabalho e quase não sentimos muito este confinamento. Felizmente, para mim, mas, também, penso muito no privilégio que é estarmos com trabalho nesta fase, porque há imensa gente que não o tem. Há pessoas que estão em teletrabalho e queixam-se, mas há muita gente que não tem trabalho e temos de ter ter essa consciência do privilégio que é estarmos com trabalho. No início, fiquei muito assustada, mas, agora, acho que me deu essa consciência de que não me está a faltar nada neste momento. Aliás, eu e o Gonçalo abrimos um alojamento local, no verão passado. Decidimos que tínhamos de arranjar outra forma de rendimento. A verdade é que nós, artistas, nunca temos perspetivas, porque podemos acabar um trabalho e não sabemos quando é que vamos ter outra vez. Somos muito desta vida da cigarrinha que guarda… mas, havendo uma pandemia... Eu fazia muito teatro, o Gonçalo, também, como bailarino e ator, faz muitas peças cá em Portugal e a nível internacional e, para nós, foi mesmo ver tudo a ficar cancelado. Algumas, ainda, estamos à espera que voltem. Mas, no meu caso, não me posso queixar, pois está a ser um ano muito bom, na verdade.

Voltando à novela "Festa É Festa", o que podem as pessoas esperar deste projeto?
Modéstia à parte, acho que vai ser a melhor novela que Portugal teve nos últimos 20 anos, graças ao Joaquim Nicolau, ao Roberto [Pereira, autor da novela], ao Tó [Correia, realizador]… A criação e o texto são incríveis, ou seja, facilita imenso o trabalho dos artistas. A direção de atores está incrível, dá-nos imensa confiança, mesmo, para experimentar e errar, etc. As pessoas vão passar o tempo a rir, vão ficar com abdominais marcadinhos de tanto rir. Portanto, vai começar em setembro e, no verão de 2022, vai tudo com abdominais para a praia, garanto! [risos]

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