Entrevistas

"Festa é Festa": Marta Melro faz revelações sobre nova personagem

A SELFIE marcou presença nas gravações do genérico da segunda temporada de "Festa é Festa" e conversou com Marta Melro, que se juntou ao elenco.

Este regresso às novelas foi muito desejado?
Já não fazia desde "A Herdeira". E, sim, tinha saudades. Gosto de fazer um pouco de tudo, gosto muito de fazer teatro, novela, cinema, séries e gosto muito, também, de estar do lado da produção, da direção de atores, coisa que, também, tenho estado a fazer nos últimos tempos. Tinha muita vontade de regressar às novelas, mas não via isso com o desespero do "ai, meu Deus, está sem trabalho”. Graças a Deus, trabalho não me faltou mesmo! E aliás, a novela veio numa altura em que estava sobrecarregada de trabalho. E digo sempre: "Não, nunca mais vou conciliar", porque uma novela deixa-nos sempre muito pouco tempo livre, mas caio, sempre, no mesmo erro bom de colar uma novela com outras 50 coisas e, depois, as pessoas olham para mim e pareço, completamente, estouvada, e dizem-me: "Andas sempre a correr!" Mas não sei viver de outra forma. Eu queixo-me, mas sinto-me agradecida! Queixo-me quase sempre na brincadeira; "Não tenho vida, não sei quem sou..." E toda a gente sorri e diz: "Mas tu gostas de viver assim!" Eu gosto de ser proativa e incomoda-me muito estar parada, coisa que é muito difícil eu estar. Quase que é preciso, literalmente, meter-me num avião e desligar-me de tudo para não pensar em trabalho.

As férias nas Maldivas permitiram-lhe relaxar?
Foi só esse bocadinho e, mesmo assim, levámos trabalho para lá. Digamos que não é, propriamente, um mau escritório, mas fomos com trabalho e estivemos lá a trabalhar, também. Sim, estar a trabalhar ali com aquele clima e aquela luz... não me queixo.

Como surgiu este desafio?
Este desafio chega-me por correio expresso, veio de avião, literalmente (risos). Não estava nos meus planos, para já. No dia em que aterrei das Maldivas, cheguei às 08:00 e às 14:00 horas estávamos a falar sobre o projeto… e, passados cinco dias, estava a gravar. Portanto, foi, literalmente, assim, muito a correr. O tempo de preparação foi curtinho. Se preferia que tivesse sido um bocadinho mais? Preferia! Mas, também, não sou pessoa de negar fogo e também me dá pica o facto de ter assim um desafio tão à pressão e de confiarem em mim para ser capaz de me aguentar com um desafio assim tão rápido.

Como preparou a personagem em tempo recorde?
Como assumi, não houve tempo para fazer uma preparação como, habitualmente, faço, além de ler os textos com muita atenção. Não tive tempo, sequer, para ter alguns conhecimentos mínimos médicos para não cometer nenhuma gafe. Ao contrário de um trabalho em que nós temos muito tempo para preparar, aqui a preparação passa muito mais por mim, Marta, em manter-me calma e não desesperar e não me sentir frustrada por não conseguir fazer as coisas, exatamente, como quero fazer logo à primeira. Na primeira semana, andei, completamente, perdida e só agora, que já estou a gravar há três semanas, é que começo a interiorizar, realmente, a personagem. Já não estou tão preocupada em decorar o texto, porque estava nessa pressão, tinha de ser muito rápido. Neste momento, já consigo. A melhor maneira de preparar esta personagem é conversar com os meus colegas, com os outros atores, porque, sendo uma família, é importante sentirmos a dinâmica de todos. Também nunca tinha gravado com uma família tão grande e acho que tem passado muito por aí, por dialogarmos com o que nos faz sentido, por irmos analisando os textos...

O que pode revelar sobre a personagem?
A Isabel é, aparentemente, uma mulher muito ponderada e muito controlada, mas a paciência tem limites e a família da Isabel e o contexto de trabalho da Isabel, - que é como quem diz a Nelinha - tornam-na numa mulher à beira de um ataque de nervos a toda a hora. Eu fico ansiosa a ler os textos, estou a ler e já estou ansiosa. Mesmo os nossos colegas… Ainda agora estava a maquilhadora a comentar: "Eu leio as vossas cenas e fico enervada!" Portanto, a Isabel estará, frequentemente, muito enervada, sendo que ela não é uma pessoa que está sempre irritada, mas é impossível, no contexto. O marido é um tipo desligado, egocêntrico, narcisista que deita para cima dela tudo o que é tarefa, independentemente de ela ser médica e de trabalhar que se desunha. O enteado detesta-a, porque acha que ela veio substituir a mãe, mas ela não tem essa pretensão. Ela, de facto, tenta aproximar-se dele, mas ele é execrável com ela. A enteada é a única ponderada naquela família e com quem ela tem uma boa relação, mas até com ela vai entrar em conflito… Ninguém a larga (risos). O sogro é... o desespero! Imaginemos um hipocondríaco com uma nora médica. Ele acha, realmente, que eu sou médica particular dele, é hipocondríaco, é surdo. Aos olhos dele, a Isabel uma incompetente, aos olhos do meu marido, é má esposa, aos olhos da Nelinha, é má médica... Aos olhos de todos, independentemente do que fizer, está tudo errado, menos aos olhos do Tomé! O Tomé já a vê em todo o seu esplendor e a Isabel também vê todo um esplendor no Tomé.

Sente o "peso" da responsabilidade pelo facto de a novela "Festa é Festa" já ser um grande sucesso?
Muito. Primeiro, entrar num projeto sem ser do início é sempre difícil. Entrar num projeto que seja de sucesso, mesmo que as pessoas possam pensar que é um registo fácil, porque é leve e de brincadeira, é difícil, daí a pressão que senti quando comecei, porque tinha de dar continuidade a um projeto que já é de sucesso, sobre o qual há uma expetativa e sabendo que o público tem muito carinho pelas personagens... No meu caso, é um bocadinho ingrato, também, porque faço uma personagem que é um bocado chata, rodeada de pessoas e de colegas que adoro, talentosíssimos e que têm uma graça descomunal... Tenho que ser a chata, no meio disto tudo... Só penso que as pessoas vão odiar a Isabel, porque ela está sempre aborrecida (risos). Aliás, eu já não sentia esta comichãozinha boa desde os "Morangos Com Açúcar", porque, nessa altura, nós tivemos esta sensação de irmos dar seguimento a um projeto que já era de sucesso, porque eu entrei na segunda temporada. Será que vai correr bem? Será que vão gostar tanto como da temporada anterior? É difícil, mas faz parte do desafio.

Como está a ser contracenar com este elenco?
Eu conheço muito bem quase todas as pessoas com quem estou a trabalhar. Ironicamente, o Pedro Giestas que faz de meu marido, fazia de meu padrasto em "A Única Mulher". O Júlio César, também já tinha trabalho com ele. Acho que as poucas pessoas com quem não tinha trabalhado - porque é a primeira viagem deles - são os atores que fazem de meus enteados. Mas, de resto, acho que conheço toda a gente, trabalhei com quase todos eles e com alguns já não trabalhava há muito tempo e estava com muitas saudades. Por exemplo, o Pedro Teixeira… já fizemos imensas novelas juntos, mas já não trabalhávamos juntos há muito tempo e eu já sabia que ia ser um fartote de rir. Com a Ana Guiomar não trabalhava desde os "Morangos Com Açúcar" e ela é uma atriz que admiro muito e com quem é muito difícil trabalhar, porque eu não posso achar-lhe graça, tenho de fazer cara feia enquanto a vejo tirar coisas da cartola que eu não sei de onde é que aquilo vem e tenho de manter uma cara séria. Ela foi uma das pessoas que gostei muito de rever, passados estes anos todos. Nunca tinha trabalhado com a Inês Herédia, mas, de resto, todo o elenco é-me muito familiar, portanto, também, houve esse conforto, fui recebida com muito carinho. Apesar de parecer um projeto fácil, não foi nada fácil. Todos eles tiveram muita dificuldade, no início, e, quando me viram muito atrapalhada e muito frustrada, disseram-me: "Marta, calma, nós passámos todos por isso. Sentimos, exatamente, a mesma coisa, não te questiones. Daqui a duas semanas, está tudo bem!"… E, assim, foi!

Por que é que as pessoas não podem perder a segunda temporada de "Festa é Festa"?
Quem não viu a primeira temporada, não sabe o que perdeu. E eu assumo que era uma dessas pessoas! Não tinha noção, de facto, do quão divertida e gira era a novela. Assumo, e quem diz a verdade, não merece castigo: eu não vi, não tinha tempo, sequer, para ver nada e comecei a ver e não tinha noção de que era tão gira. Percebo o porquê de as pessoas estarem tão agarradas! Acho que, numa fase como esta, faz falta um projeto despretensioso, acho que é muito leve, uma ótima maneira de as pessoas acabarem o dia, em casa. Se não viram, passem a ver, porque vai continuar a ser a alegria que era para trás e não vai ser aborrecido, não vamos encher chouriços e vão continuar a existir muitas peripécias. Nós ficamos entusiasmados quando recebemos os episódios, portanto, isso é um bom sinal. Outra coisa muito gira: é a primeira novela que faço em que 90% da equipa que a faz também vê a novela. Até os técnicos veem a novela! Isso demonstra o ambiente giro que se vive e que o projeto é mesmo agradável de se ver. Normalmente, a equipa técnica está tão cansada de trabalhar no projeto que não tem disponibilidade para a ver, mas, aqui, todos veem, entusiasmam-se, e perguntam: "Quando é que vai passar aquela cena que nós gravámos naquele dia?" E isso é espetacular. Estão ansiosos por ver, na prática, como é que vai resultar na emissão, portanto, se até a equipa quer ver, é um bom sinal para as pessoas também verem em casa.

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