Fátima Lopes, de 52 anos, tomou um novo rumo profissional e saiu, recentemente, da estação de Queluz de Baixo, onde trabalhava há 20 anos: "Medi muita coisa, porque sou uma pessoa muita cautelosa. Eu não dou um passo que não seja muito bem pensado. A primeira coisa em que pensei foi nos meus filhos […] Foi neles que pensei, mas, depois, achei que não podia ficar para trás nesta escolha, porque eu também tinha de dar esta lição aos meus filhos.
"A minha filha Beatriz teve um papel muito importante neste caminho. Ela tem 21 anos, é mulher, e disse-me: 'Mãe, tu não estás feliz. Vê-se que não estás feliz. Vê-se que estás cansada e que precisas de mudar. E tu consegues fazer outras coisas. […] Tu nem sabes as coisas bem que consegues fazer'. E, depois, ela tocou na ferida: 'Ter estas coisas boas que nós temos à custa da tua infelicidade não vale, portanto, se for preciso, reestruturamos a vida toda. Não há férias, não há idas a restaurantes… Tu já passaste por coisas muito complicadas em miúda e estás cá, por isso, se for preciso, reestruturamos tudo e eu ajudo o mano a perceber isto tudo’", continuou.
"Mas não foi preciso, porque expliquei-lhe e ele percebeu. Hoje, os meus filhos não me pedem nada. Respeitam-me. Percebem que trabalho muito em casa. […] Também lhes estou a mostrar que sou corajosa, que sou resiliente, que não tenho medo de recomeçar", atirou.
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