Entrevistas

Rúben Pacheco Correia: "A vinda para a TVI sabe a futuro"

Numa entrevista exclusiva para a SELFIE, Rúben Pacheco Correia fala sobre o convite para a estação de Queluz de Baixo e que sonhos espera realizar na TVI.

Como surgiu o convite para vir para a TVI?

Inicialmente, o convite foi feito via telefone. Depois, por reunião, através do Zoom, com a Cristina [Ferreira, Diretora de Entretenimento e Ficção da TVI], que estava no Dubai, enquanto eu estava nos Açores. A Cristina disse-me: 'Confia em mim.' E eu confiei. E confio. Não preciso de mais.

Esse convite chegou na altura certa?

Acho que nunca é a altura certa para se tomar uma decisão como esta. Mas quem muda Deus ajuda. Portanto, acredito que, se o convite foi lançado nesta altura, é porque assim o tinha de ser. E correspondi.

Estava à espera?

Não estava, fui apanhado de surpresa. Mas gosto de me sentir desafiado e, certamente, este é um dos maiores desafios que tenho pela frente.

Por que acha que lhe foi feito este convite?

Acho que o convite foi feito na sequência do novo programa da Cristina ['Cristina ComVida']. Já tínhamos trabalhado juntos, foi ela quem acreditou e apostou em mim em termos televisivos. Percebemos que havia uma certa química entre nós e que funcionávamos bem. Gosto da energia da Cristina e, sobretudo, gosto de estar a trabalhar com profissionais de excelência, para que possa aprender. E a Cristina é a maior referência televisiva da minha geração. É uma honra estar ao lado dela e aprender com ela todos os dias.

Quem foi a primeira pessoa a quem contou que vinha para a TVI?

Aos meus pais, claro. Estavam comigo nos Açores, quando recebi o convite.

Como reagiu a família?

Os meus avós, inicialmente, com alguma reticência. As pessoas mais velhas, em norma, resistem um pouco às mudanças. Os meus pais apoiaram-me e foram importantes na decisão final. Não faço nada sem consultá-los, em primeiro lugar. São o pilar da minha vida.

De que forma é que espera que este convite lhe acrescente como pessoa e como profissional?

Espero que seja uma aprendizagem. Para mim, é uma enorme honra estar ao lado da Cristina Ferreira e ter a oportunidade e o privilégio de aprender com ela. Acredito que será muito importante para mim, como pessoa e profissional. A Cristina é, de facto, o [Cristiano] Ronaldo da televisão, mas a Cristina é muito mais do que isso.

Entretanto, já se estreou, no programa "Cristina ComVida". Que balanço faz?

Ainda estou a conhecer os cantos à casa. Mas tenho sido muito bem recebido. Tratam-me como se fosse da família. E isto é muito importante, para mim.

Considera que os programas de entretenimento, como é o caso de "Cristina ComVida", são, especialmente, importantes, em alturas de crise, como a que vivemos?

A Cristina tem um poder de proximidade incrível. Os programas dela puxam os telespetadores para dentro da televisão. Esta proximidade e genuinidade são cada vez mais importantes, sobretudo na altura que estamos a viver.

Que sonhos espera conseguir realizar, na TVI?

Sobretudo quero sentir-me desafiado. Sou um homem de desafios e gostava de fazer outras coisas em televisão que não seja apenas cozinhar. Veremos!

Sempre teve o objetivo de fazer parte do mundo da televisão?

Confesso que o mundo da televisão sempre me encantou.

É fácil conciliar o trabalho em televisão com a culinária?

Claro, mas, sobretudo é importante que não nos esqueçamos de que não sou chef, nem cozinheiro. Aliás, comecei a cozinhar em televisão, quando fui ao "Programa da Cristina", para falar do meu último livro: Comer à Moda dos Açores. E, a partir de então, fui desafiado a voltar e a cozinhar mais receitas do livro e a contar as respetivas histórias. Portanto, diria que adaptei a "culinária" à televisão, porque, de facto, não sou cozinheiro.

Consegue encontrar semelhanças entre dois mundos, aparentemente, diferentes?

Gastronomia é amor. É uma forma de amar o próximo. De o satisfazer, de criar momentos de felicidade. E acredito que a televisão tem o mesmo objetivo: satisfazer as pessoas, entreter, criar momentos de descontração. A televisão pode, portanto, ser também vista como uma forma de amar quem nos vê. Tal qual como na culinária. Uma forma de amar e satisfazer quem degusta.

Falando em culinária, como tem enfrentado os efeitos da pandemia, tendo em conta que tem um restaurante, o Botequim Açoriano?

A pandemia tem efeitos devastadores para toda a economia, mas sobretudo para a restauração e a hotelaria. Não tem sido fácil sobreviver, mas estamos a conseguir. Tivemos que nos reinventar e criar menus de take-away e entregas ao domicílio para podermos manter os postos de trabalho.

Nesse restaurante, a comida açoriana é a grande protagonista dos pratos. Por que é que a gastronomia dos Açores é tão deliciosa?

A gastronomia açoriana, tal como a maior parte da gastronomia portuguesa, é uma gastronomia pobre. Uma cozinha criada por cozinheiras humildes que, com o pouco que tinham em casa, improvisavam e criavam receitas diferentes, que, hoje, fazem parte do nosso património gastronómico. Mas, sobretudo, a gastronomia açoriana é uma gastronomia multicultural, porque 'bebeu' das influências dos vários e diferentes povos que povoaram as ilhas. Temos influências europeias, como, também, orientais, das naus de especiarias que paravam nos Açores, acabadas de chegar da Índia. É uma gastronomia muito rica, possivelmente, uma das mais ricas do nosso país. Merece ser estudada.

Já fez um pouco de tudo e ainda só tem pouco mais de 20 anos: dedica-se à cozinha, trabalha em televisão, já tem cinco livros editados, foi líder de uma juventude partidária, entrou para um curso de Direito, abriu um restaurante... Qual é o próximo objetivo?

Sonho continuar a colocar os meus sonhos em prática, na literatura, nos negócios e, quem sabe, na televisão. Estou preparado para sair da televisão a qualquer momento e seguir a minha vida, que existe paralelamente a isto. As pessoas conhecem-me da televisão, mas a minha vida não é apenas isto. Tenho apenas uma pequena passagem pela televisão, não é isto que me coloca 'o pão em cima da mesa'. Contudo, também sinto que estou preparado para a eventualidade de quererem que a minha passagem pela televisão se prolongue por mais algum tempo. Estou sempre preparado para novos desafios. Sinto-me muito entusiasmado e feliz, quando me sinto desafiado. Odeio monotonia. O meu objetivo de vida presente e, no futuro, é continuar a sentir-me desafiado, motivado e, com isso, ser feliz como tenho sido até aqui.

Mesmo sendo tão ativo, fez um ano sabático, logo após terminar o Ensino Secundário. Em que é que lhe mudou esse ano de transição?

Foi um ano de reflexão e empreendedorismo, tal como é muito comum se fazer nos Estados Unidos da América. Serviu, por exemplo, para abrir o meu primeiro negócio, o meu restaurante, que este ano faz já cinco anos de existência.

Última pergunta: a que sabe esta vinda para a TVI?

Esta vinda para a TVI sabe a futuro. Um futuro que quero experimentar, com sabores diferentes e estimulantes.

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