O Natal é...
De 24 para 25... [risos].
Qual a memória mais especial que guarda do Natal?
Foi quando, finalmente, aos meus 12 anos, recebi a minha máquina de costura
E o que se come na noite da Consoada?
O bacalhau, naturalmente, o polvo, porque a família do meu pai é transmontana. E o polvo requer batatas cor-de-rosa, porque são cozidas na mesma água do polvo. Há sempre muito alho picado, para pôr por cima de tudo, há grelos ou espigos de couve; há sempre sonhos de abóbora, não pode faltar; as rabanadas lá em casa por acaso não são assim grande coisa...; há azevias e há um doce maravilhoso que a minha avó fazia - e que eu este ano tenho a missão de o fazer - chamado Nogado. [...] Agora, deu-me um ratinho [risos].
E a árvore de Natal?
Lá em casa, faz-se a árvore de Natal, com as crianças. É uma atividade que fazemos com as crianças. Os meus filhos fazem enfeites e nós vamos pendurando coisas na árvore de Natal e, quando chega a altura de desmontar a árvore, lá para março [risos], vamos tirando e, afinal, tínhamos imensas coisas na árvore... [risos].
E presépio?
Fazemos presépio em casa da minha mãe. Nós - eu, o meu marido e filhos - temos um presépio, mas nunca nos dedicámos a montá-lo. A minha sogra também há presépio e é um grande acontecimento. Existe, até, uma inauguração do presépio [...] com fotografias e tudo.
Presentes: quantos dá e quantos recebe?
A regra é que só as crianças é que recebem. Eu com os presentes já fui educada de uma forma muito mais restritiva... Os meus pais o que decidiam fazer connosco era o seguinte: como no nosso caso não tínhamos de esperar pelo Natal para receber uma coisa muito especial, no Natal, os presentes que trocamos são meramente simbólicos: um livro, um disco... E, desde que existem crianças mais pequeninas na família, só as crianças é que recebem. Eu faço, normalmente, os presentes dos meus filhos e sobrinhos [...]
E onde vais passar o Natal? Com quem? Como é que vai ser este ano?
Vou passar como passamos sempre, que é com o nosso núcleo familiar mais próximo, que é bastante reduzido, e, portanto, continuaremos a fazê-lo. Uma consoada simples que termina muito cedo porque temos crianças muito pequeninas [...] e eu aproveito.
E até quando acreditou no Pai Natal?
A minha mãe sempre disse: cá em casa não há Pai Natal, só há o Menino Jesus.
Numa altura em que não se podem dar beijinhos e abraços, quais as sugestões para as pessoas partilharem esse amor?
Duas coisas: usem muito os olhos, que, com a máscara, é aquilo que está de fora [risos] e são o espelho da alma. Para além disso, os meus beijinhos e as minhas prendas são sob a forma de alimento. Gosto de fazer uma sopa, um prato, umas bolachas... qualquer coisa para dar conforto. E, acima de tudo, escrevo sempre um cartão, à mão, e dedico-me a sentar-me, refletir e escrever no papel. [...] E é assim que faço a coisa acontecer.