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Rodrigo Paganelli: "Descobri uma parte de mim que não conhecia"

A SELFIE acompanhou as gravações do genérico da novela "Festa é Festa" e aproveitou para falar com Rodrigo Paganelli acerca do novo desafio do ator.

O que nos pode contar acerca da novela "Festa é Festa"?
Já gravei bastante. O decor da minha família foi feito logo no início, portanto, estava pronto e começámos logo a bombar imenso. Tem corrido muito bem, tem sido uma experiência diferente daquilo a que estou habituado. Esta já é a sétima ou oitava novela que faço com a TVI e não tem nada a ver com as outras, por ser um registo cómico. Toda a linguagem da novela é completamente diferente e tem sido muito interessante experimentar esta maneira nova de trabalhar. Graças a Deus, emos um grande acompanhamento por parte da direção artística, temos ajuda a fazer isto bem, porque é difícil fazer bem comédia. Acho até que é o género mais complicado de se fazer bem, sem cair no ridículo, nos bonecos. Portanto, tem sido um caminho muito interessante, muito cansativo, também, porque temos de estudar bastante, em casa. Na comédia não há espaço para não saber o texto na ponta da língua, não há espaço para não saber perfeitamente onde é que a personagem vai, portanto, o trabalho de casa, aqui, é redobrado e tem sido incrível! Tem sido muito giro, mesmo! 

Como se preparou para esta personagem?
Tivemos três semanas de ensaios que foram essenciais para a preparação da personagem, mas acho que, depois, a personagem, de facto, nasce quando estamos a fazer a novela. É como no teatro: podemos ter muitos ensaios de mesa, mas, depois, as coisas começam a nascer quando estamos no palco. Aqui, esse espaço de ensaio de palco é nos primeiros dias de gravação, quando a personagem, de facto, ganha raízes. Houve um processo de pesquisa, de falar muito com o nosso diretor de atores, o Joaquim Nicolau, para tentar perceber onde é que esta personagem se encaixava porque, depois, quando virem a novela, vão perceber que este Carlos está num registo diferente das outras personagens. Todas as personagens são muito caricatas, são muito específicas, e este Carlos, pelo contrário e ao contrário do que, se calhar, o público está à espera, depois de ter feito o Hugo no "Quer o Destino", é uma personagem muito neutra, parece quase que não existe. Neste caso, o grande desafio está a ser exatamente esse, o não fazer nada. O não fazer nada, mas estar e existir, às vezes, é muito complicado e tem sido difícil nesse sentido. Nós, ao termos muito texto ou uma personagem muito específica, conseguimos defender-nos com essas características da personagem. Quando a personagem é muito observadora, muito neutra, muito resolvida, às vezes, damos por nós a pensar: "Onde é que eu meto as mãos?" Porque é um caminho diferente e isso tem sido muito engraçado, também. Uma personagem muito caricata é muito difícil, é, mas aquelas personagens muito neutras, também são muito difíceis, principalmente numa produção como esta, em que todas as personagens são "esgrouviadas da cabeça". 

O que podem os telespectadores esperar desta novela?
Além de uma festa, podem esperar muita diversão, muito realismo. Por muito extrema que pareça esta aldeia, todas as pessoas que conhecem as realidades de uma aldeia vão perceber que isto é uma aldeia real. Todas aquelas personagens existem na vida real, nós não estamos a fazer de conta, não estamos a gozar, de todo, com as aldeias, estamos a fazer o que é, de facto, a realidade. Estamos a tratar temas super atuais - não posso dizer quais! [risos]. Podem esperar dedicação e uma grande entrega, por parte da parte da equipa artística e da equipa técnica. Demos todos as mãos para este projeto e está a ser um caminho muito interessante. Estamos com muita vontade de fazer isto mesmo bem, para o público gostar muito. 

E como viveu estes períodos de confinamento?
Vivi os dois a trabalhar. Estava a fazer um programa meu, para crianças, na RTP, a partir de casa, portanto, o teletrabalho acabou por acontecer. [risos] Foi engraçado, porque tive de fazer um programa sozinho. Tinha um realizador por telefone, tinha o produtor que me levava as coisas, mas, depois, no terreno, estava só eu e foi interessante, também. Acho que cresci muito com isso e descobri uma parte de mim que não conhecia e que gosto, que é fazer as coisas acontecerem, estar atrás da câmara, também. Em relação a isto da pandemia, claro que é horrível, mas acho que, também, trouxe coisas positivas para a humanidade. Fez-nos entender o que, de facto, tem valor, o que nós queremos e sentimos falta. A liberdade... Falo por mim, porque nasci já nos tempos modernos digamos assim, sempre tive a minha liberdade, sempre tive as coisas que queria, nunca tive que me esconder de ninguém. É bom nós sentirmos que a liberdade não é uma coisa dada, é uma coisa conquistada e acho que, nesse sentido, esta pandemia vem abrir-nos um pouco os olhos, vem-nos aproximar outra vez da família, mesmo estando longe, vem aproximar-nos das pessoas de quem gostamos, vem afastar-nos da futilidade, portanto, acho que trouxe coisas positivas. Em termos de trabalho, para mim, foi muito bom, porque, quando não estava a gravar novela, estava a gravar outras coisas. Tive que me reinventar e acho que isso, também, foi uma coisa boa. Muitas pessoas tiveram que se reinventar no seu trabalho. Muitas pessoas perderam os seus trabalhos e tiveram que inventar coisas para fazer e, se calhar, voltaram a seguir os sonhos que há muito tempo tinham deixado para trás para ter uma vida, digamos assim, normal.

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