Goucha

Anna Westerlund sobre morte de Pedro Lima: "Entrou numa depressão galopante"

Anna Westerlund, viúva de Pedro Lima, concedeu uma entrevista a Manuel Luís Goucha, na qual falou sobre os últimos dias vividos com o ator.

Um ano depois da morte do ator, Anna Westerlund abriu o coração a Manuel Luís Goucha para falar sobre o estado de alma de Pedro Lima nos últimos dias de vida, começando por referir que a pandemia culminou na "tempestade perfeita".

"Entrou numa depressão galopante, violenta e rápida. Ele não teve noção da gravidade da depressão que ele tinha no sentido de ter sido rápida", afirmou a ceramista.

"Ele era um homem feliz, com sombras, certamente, com inseguranças. Acho que os atores são pessoas frágeis por natureza. Acho que é importante dizer que a pessoa não escolhe ficar deprimida", continuou Anna Westerlund.

"As palavras têm muita força, eu digo que o Pedro morreu de suicídio. Suicídio é a consequência de uma doença mental. [...] Quando falamos de cancro, sabemos do que falamos. Quando falamos de depressão é mais complexo, não há prevenção. [...] Quando se fala em suicídio, baixamos a voz", notou a viúva de Pedro Lima, que acredita que o "legado do marido" foi abrir o debate sobre a saúde mental: "Quebrou um bocadinho o olhar [sobre a doença]. Ele morreu de suicídio. Estava doente."

Durante a emotiva conversa com Manuel Luís Goucha, Anna Westerlund garantiu que nunca se "zangou" com o companheiro: "Amo-o de tal forma que não há espaço para zanga. Há uma compreensão racional sobre o que aconteceu. [...] Agarrei-me a este lado racional para olhar [para a depressão] como uma doença. Talvez isso me tenha ajudado."

Sobre os quatro filhos que teve em comum com o ator, Ema, Mia, Max e Clara, e o enteado, João Francisco, que nasceu do relacionamento de Pedro Lima com Patrícia Piloto, Anna Westerlund afirmou: "Temos uns filhos heróis. São corajosos, são fruto de um pai espetacular. Quando dei a notícia a cada um deles, individualmente, a preocupação imediata deles foi comigo. A preocupação deles foi: 'Mãe, como vais viver sem o pai?' Aquele momento deu-me uma força que não sei explicar, só pode vir deste amor que construímos com solidez."

Depois, a ceramista explicou: "A morte do Pedro foi trágica, foi uma surpresa e a forma como foi ainda está associada a tabu e vergonha. Em casa nunca houve espaço para vergonha, houve espaço para perceber. O pai está de tal forma estruturado neles que ninguém lhes tira isto. Não há nada, nem a forma como o Pedro partiu, que ponha em causa o quanto gostava deles."

Recorde-se que foi a 20 de junho de 2020 que Pedro Lima, então com 49 anos, foi encontrado morto.

Caso esteja a sofrer de algum problema psicológico, tenha pensamentos autodestrutivos, ou sinta necessidade de desabafar, deverá recorrer a um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral, podendo, ainda, contactar uma das seguintes entidades:

- Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

- SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

- Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

- Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 030 707

- SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Relacionados

Patrocinados