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Infetada com Covid-19, Tânia Ribas de Oliveira confessa: "Chorei muito, durante dois ou três dias"

A apresentadora Tânia Ribas de Oliveira falou sobre o estado de saúde, num longo texto que publicou no blogue "O Nosso T2".

"A caminho do oitavo dia em casa e já me sinto com vontade de escrever. Apesar de os meus sintomas físicos terem sido ligeiros (cansaço e falta de olfcto e paladar), acho que se fala muito pouco sobre o peso emocional que o covid cria nas pessoas infetadas", começa por escrever Tânia Ribas de Oliveira, no blogue "O nosso T2".

"É certo que o meu teste positivo chegou no dia 23, às 21h30, e o facto de a véspera de Natal estar à porta foi muitíssimo duro. Toca o telefone, é do laboratório: 'boa noite, as notícias não são boas'. Passei várias horas ao telefone, a avisar a RTP, os amigos e também conhecidos, porque o Natal era no dia seguinte e algumas famílias iriam juntar-se. Eu tenho contacto diário com muitas pessoas. Eu não sabia sequer se os meus filhos e marido estavam infetados (no dia seguinte, percebemos que não, felizmente) e uma série de dúvidas começaram a surgir", conta a apresentadora, de 44 anos.

Num relato sincero, Tânia Ribas de Oliveira prossegue: "O que dói verdadeiramente? É o medo. Ele existe. Não sabemos como vamos acordar no dia seguinte e, no silêncio das noites infinitas, somos nós e as nossas angústias. 'Vou ter febre? Tosse? Falta de ar? Ficarei com sequelas? E se pioro de um momento para o outro?' Fingimos que os fantasmas não têm voz e tentamos dormir. Os primeiros dias são muito duros. Passa um, dois, três, quatro e ao quinto dia começa a esperança a ganhar lugar. 'Se não piorei até aqui, pode ser que seja das sortudas por quem o covid passa sem magoar muito'. Chorei muito durante dois ou três dias. Muito, muito. Sem esforço. As lágrimas escorriam e eu cansada, nem as limpava. Veio o Natal e, com ele, outros fantasmas. Tive amigos que o passaram verdadeiramente sozinhos. Sem mais ninguém. Porque trabalho com uma grande equipa que usa máscara, mas eu não, é a minha profissão. À medida que os dias foram passando, comecei a receber mensagens de todos: 'Negativo, Tânia!' e o meu coração foi apaziguando. Não há culpa, há 'apenas' um vírus que circula e que, por mais cuidados que tenhamos, podemos apanhar. Mas há o cuidado de não querer ter infetado ninguém".

A apresentadora descreve, depois, que já se sente melhor. "Hoje abri a janela. Apanhei ar na cara, senti-me feliz. Tão feliz que me caiu uma lágrima! Daqui a pouco já vou poder abraçar os meus filhos novamente, e o João. Trabalhei durante toda a pandemia para fazer companhia às pessoas, confinadas em casa para fugir do covid. Entrevistei várias dezenas de pessoas sobre o tema: médicos, enfermeiros, infetados, familiares. Não falei sobre outra coisa, todos os dias, durante meses a fio. E bateu-me à porta, na véspera de Natal, e eu com tanta informação na cabeça: histórias boas e menos boas, algumas mesmo muito más. A revolta já passou, a paz ganhou lugar. E quando fazemos as pazes com a vida, as peças começam a encaixar-se no puzzle que nunca tínhamos vislumbrado antes: há quanto tempo eu não parava mesmo? Quão desgastante foi este ano para mim? Quanta responsabilidade tenho nos ombros? A resposta, para mim, foi evidente. A onda de amor que me chegou não tem explicação, agradeço a todos, mas essencialmente à minha família. Em especial ao meu Amor João e aos meus filhos. Estou quase de volta, para não mais vos largar", afirma Tânia Ribas de Oliveira que se mostra esperançosa na vacina: "Viva a vacina! Viva a ciência ao serviço das pessoas! E silêncio aos desinformados que continuam a acreditar que é apenas uma gripe. Não é. E se eu sempre encontrei a mais profunda felicidade nos mais minúsculos momentos, ai 2021… prepara-te. Vou mergulhar em ti e nadar nos teus dias, um por um."

"Adeus 2020. Feliz ano novo!", rematou a apresentadora.

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