"A Sara viveu. Há mais de 21 anos, contrariou a imensa improbabilidade de vir a ser. Esta semana, antecipou a absoluta certeza da morte. A existência da Sara merece que os que nela participaram a encontrem na partida. Que a ausência seja confrontada. Que, fechando os olhos, tentemos, ainda que impossível, aproximar-nos da dor de quem mais chora. Uma dor maior do que a dor. Uma dor que se agiganta no peito, mas não faz diminuir a memória. Lugar sagrado, no qual guardo a minha amiga Sara", começou por escrever Manzarra.
"Em pequena, ia, muito timidamente, assistir ao 'Ídolos', programa em que o pai era jurado, foi, aí, que a conheci, era fã do João e da Cláudia. Mais tarde, fez o programa 'A Máscara', no qual brilhou e tornou lenda a Pantera. A Sara caminhava com uma simpatia constante, tinha tanto de gozona como de doce, era pessoa de uma autenticidade fora do comum, a Sara era a Sara. Falava muito dos cães, adorava-os. A Sara era esperta e curiosa, estudou mandarim e tinha interesse em filosofia. Tinha amor infinito pelos irmãos, pai, mãe e avós. Trazia-os, sempre, com ela. Lembro-me de dizer que tinha poucos, mas bons, amigos. Era uma miúda de coração. Ficaram sonhos por cumprir, letras para escrever e cantar. A Sara foi, também, causa de alegria na minha vida, no tempo em que os nossos mundos se encontraram", continuou.
João Manzarra recordou, ainda, a última mensagem que Sara Carreira lhe enviou: "A última mensagem que me enviou foi em junho, no dia do meu aniversário. Dizia: 'Passei o dia a ler Espinosa!'. Adorei que se tivesse lembrado do meu filósofo favorito, mesmo na certeza de que estava a gozar comigo. A Sara era uma miúda mesmo fixe, gostava muito dela. Sei que o antes não volta a ser, mas acredito na redefinição da harmonia se soubermos ser amor. Um abraço profundo a todos aqueles onde a Sara vive. Estou com vocês."