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Morreu o ator José Lopes e colegas lamentam: "Morreu sozinho, numa tenda onde vivia"

O ator português José Lopes foi encontrado morto, numa tenda, aos 61 anos, segundo anunciaram colegas, através das redes sociais.

José Lopes
José Lopes

Tinha 61 anos e, de acordo com o testemunho de outros atores e amigos, vivia numa situação económica desfavorável. Nas mensagens de pesar, ficamos a saber que o ator terá sido encontrado morto, numa tenda, onde vivia. Agora, os colegas pedem donativos para que possam dar a José Lopes uma cerimónia fúnebre digna.

Entre as várias publicações que circulam, é possível ler as seguintes palavras da atriz Carla Vasconcelos: "Morreu sozinho numa tenda onde vivia, sem meios dignos para se sustentar. Temos que ser corajosos para ser artista nesta m**** a que chamamos país e ainda manda o politicamente correcto que nele haja orgulho".

Já Ângela Pinto escreveu: "Dói-me no peito... até sempre José Lopes, menino-actor de alma pura. Quem puder ajudar."

"[...] O Zé Lopes foi o primeiro grande actor que conheci, ainda no teatro da escola, Os Arletes, em 1975, orientados pelo professor Limpinho, de Filosofia, que ainda cá anda (parece) mas está difícil de localizar por quem para com ele tem (e somos muitos) uma dívida de gratidão. Nós éramos aprendizes de, o Zé Lopes era já actor autêntico. E ator se tornou. O que têm os actores que os torna tão frágeis, vulneráveis à chuva ácida? Ao contrário dos espertos como eu que nos habituámos a só sair à rua de gabardina com protecção anti-bala? O teatro nunca foi o nosso forte em escrita (pouca, poucachinha ao longo de oito séculos brilhantes para a poesia e a prosa, artes mais solitárias, logo mais adequadas ao clima português) mas foi vibrante em palco, mesmo quando o público voava noutras direcções. O teatro exige um público, uma sociedade que saiba dialogar, onde até o mais fraco tenha afiada língua contra poderoso senhorito, e nós sempre fomos mais de calar que de falar. «O silêncio é de ouro, o diálogo mata», poderia ser um lema. O Zé Lopes foi. Já cá não está. A última vez que o vi não tive a certeza de que era ele e, quando o pude ir procurar, tinha desaparecido. Agora desapareceu. Fica a memória, o algum remorso, a voz e a presença claras, de quando era um actor feliz. Se justiça houver, estará neste momento a receber aplausos, o melhor prémio para um actor. De dinheiro (o segundo melhor prémio para um actor) já não precisa. Apenas nós, para o seu funeral", escreveu o ator Rui Zink.

 

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