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Emanuel Monteiro: "É nas festas populares que se vê o que é ser português"

Emanuel Monteiro é jornalista da TVI e autor da rubrica "Meu Querido Mês de Agosto". A Selfie procurou saber a história desta rubrica e conhecer, também, alguns dos momentos mais marcantes.

Como surgiu a ideia desta rubrica?

A ideia surgiu no ano passado, alguns meses antes do verão. Pela altura dos Santos Populares, percebi que as festas populares por esse país fora, também eram muitas. Eram sítios tão diferentes e com histórias tão engraçadas e eu pensei: 'a televisão não vai a estes sítios', especialmente quando são aldeias mais pequenas. Pensei que, sendo enquadrado numa rubrica, seria um bom assunto para fazer reportagem, para mostrar a festa e, acima de tudo, mostrar de que é feita a cultura portuguesa. É nas festas populares que se vê o que é ser, de facto, português. As festas populares que acontecem em Portugal, durante o mês de agosto, são uma coisa que não acontece noutra parte do mundo.

Porquê o nome "Meu Querido Mês de Agosto"?

Achei que tinha de ser uma coisa que ficasse no ouvido das pessoas e lembrava-me da música do José Reza, o "Meu Querido Mês de Agosto". Foi quando se fez um "clique" porque a maior parte das pessoas conhece a música, sabe a letra e a verdade é que agora, quando vamos em viagem, as pessoas vêem o nosso carro, reconhecem a equipa e começam logo a cantar a música. Acho que isso funciona muito bem para "agarrar" o público e para que as pessoas não se esqueçam de nós.

Qual a melhor história que encontrou até ao momento?

Este ano estamos a encontrar histórias maravilhosas. Histórias de amor, de amizade, de união e também histórias de superação. Eu recordo uma que me marcou muito, porque foi muito imprevisível. Nós estávamos na ilha de São Jorge, na festa, e estávamos a perguntar às pessoas de onde eram. As pessoas diziam-nos que viviam no Canadá e nos Estados Unidos, porque emigraram de São Jorge, visto que a vida lá não é fácil. É quando eu encontro uma rapariga de Alcobaça que estava a estudar turismo, que de um dia para o outro, conheceu um rapaz, de São Jorge, que era militar em Lisboa e ele conseguiu convencê-la a mudar-se para São Jorge e ela não pensou duas vezes. Por amor, ela deixou tudo no continente e foi para São Jorge, abrir uma exploração de vacas. É uma história que tem tanto de hilariante, mas é também uma história de um amor verdadeiro. Tenho também de falar de uma história de superação, a história da cantora Rebeca. Estávamos no Alentejo, e reparámos que ela estava a dar um concerto. De repente, a Rebeca diz em palco que está uma pessoa muito diferente porque achava que ia morrer, há sete anos, quando teve um cancro. No dia seguinte, fomos fazer uma reportagem só com a Rebeca e ela abriu-nos o coração, contando-nos tudo! É uma história tão bonita que, ao nível de redes sociais, foi a peça que melhor funcionou até agora. 

A maior dificuldade com que se deparou?

Nós somos uma equipa de duas pessoas, eu e o Pedro Pereira, que é repórter de imagem. É complicado porque trabalhamos 18 horas por dia. Para terem uma ideia, começamos por volta das 22/23horas a fazer reportagem na festa e nunca nos conseguimos despachar antes das 03/04horas da manhã. Aí dormimos um pouco até às 08/09horas da manhã e depois começamos a visionar todo o material que recolhemos. Por volta das 18/19horas, acabamos de montar a peça e em seguida, arrancamos para outra festa e aí começa tudo de novo. Eu costumo dizer ao Pedro (Pereira), quando acabamos de montar uma peça e quando esta chega a Lisboa: "Boa Pedro, já está no ar" e ele relembra-me: "Não te esqueças que agora vai começar tudo de novo" (risos). É muito cansativo mas é muito bom perceber o "feedback" que temos das pessoas. Desde que isto começou, as pessoas reconhecem-nos na rua. Eu sou abordado nas áreas de serviço, para saberem qual é a próxima festa e quando vou à aldeia dessas pessoas.

Rubricas para o futuro? Para o ano, vamos ter outro "Meu Querido Mês de Agosto"?

A meio do mês, eu costumo sempre ficar muito cansado e dizer que já não aguento mais. A verdade é que depois chega ao final e é tão recompensador olhar para o nosso trabalho e ver que ficou um legado, com valor e que mostra o que é a cultura. Por muito que eu não queira mais, sei que vou chegar para o ano, ao mês de maio, e vou estar desejoso de voltar a passar o mês na estrada a fazer isto, porque apesar de tudo, temo-nos cruzado com pessoas muito boas e que nos recebem tão bem. Rubricas para o futuro? Ainda não sei, mas mesmo que soubesse não podia revelar já (risos).

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