Miguel Rocha Vieira recorda episódio numa cozinha: "Agarraram-me pelos colarinhos e encostaram-me à parede"

O Chef Miguel Rocha Vieira esteve à conversa com a imprensa nas gravações da final do "MasterChef Celebridades" e fez revelações curiosas.

Miguel Rocha Vieira
Miguel Rocha Vieira

Terminadas as gravações do "MasterChef Celebridades", o Chef Miguel Rocha Vieira, que integra o painel de jurados, admitiu que foram dois meses muito intensos e deixou no ar a possibilidade de abandonar o formato.

"Não sei se não fico por aqui no que toca ao 'MasterChef'. Já são cinco... Não sei, vamos ver. É provável que fique por aqui. A minha profissão não é isto. Não posso abdicar daquilo que sou, daquilo que faço ou daquilo que gosto mesmo de fazer... Nestes dois meses foi difícil conjugar as duas coisas. Se, algum dia, tiver de optar por alguma das coisas será sempre pela cozinha. Foram dois meses puxados, preciso de férias, de sair e de me dedicar ao Guincho. Reclama toda a gente: a família e os cozinheiros, porque eu para estar aqui abdico de várias coisas e, se calhar, não apoio outras coisas que devia apoiar mais. E eu tenho noção disso."

Sobre o convite para fazer o primeiro "MasterChef" com celebridades, confessou:

"Ao princípio, tive algum receio. Pensava: 'Será que isto vai ser a sério?'. Depois, impõe-te um bocado de respeito veres caras conhecidas do outro lado, pessoas que têm completa noção disto tudo e que nos ensinam o que é a televisão. Nos primeiros dois ou três dias ficas um bocado assim... mas depois ligas o forno e o fogão e esses nervos passam todos e começas a estar na tua praia. Tivemos um grupo fantástico. Acho que não poderiam ter escolhido melhor."

Entre risos, Miguel recusou o rótulo de Chef mais duro do programa:

"Eu não sou duro com ninguém... Isso é a produção [risos]. Posso ser exigente. Mas tenho a certeza de que qualquer um deles vai dizer que aprendeu imenso aqui durante estes dois meses."

No coração, o Chef guarda com especial carinho, o primeiro "MasterChef Júnior":

"Esse foi o mais giro. O 'MasterChef Júnior é mais espontâneo e divertido, não há maldade nenhuma. No primeiro houve o Pedro Jorge, que marcou e que até já tem mais trabalho do que eu e uma agenda mais preenchida [risos]."

Já sobre a possibilidade de integrar uma espécie de "MasterChef" com Chefs a competir, frisou:

"Não participaria. Não tenho nada que provar a ninguém."

Quando questionado sobre a hipótese de apresentar um formato como o "Pesadelo Na Cozinha", Miguel hesitou:

"Se calhar... Não sei. Nunca pensei muito nisso. Vi um episódio do programa há 15 dias. Aquilo é a realidade. É mesmo assim. Acho incrível e percebo perfeitamente que o Ljubomir se passe, porque nós temos respeito pela nossa profissão e há coisas que são inaceitáveis. Mas, obviamente, que cada um tem a sua maneira de o dizer. Eu, se calhar, na minha cozinha, também sou um bocadinho assim. Só não me dou conta. Tenho consciência de que há uns anos era bem pior. No meu primeiro mês em Budapeste, naquela que foi a minha primeira vez à frente de uma cozinha, devem ter passado umas 50 pessoas naquela cozinha. Tive cozinheiros que a meio do serviço iam-se embora e já não voltavam. Perguntavam-me: 'Chef, posso ir à casa de banho'. E nunca mais voltavam. Eu mandava pratos à parede, todas as semanas mudava o caixote do lixo, onde dava pontapés. Mas depois paras e pensas: Se continuar assim vou acabar sozinho e não vou a lado nenhum."

Miguel recordou, inclusive, um episódio que viveu em França:

"Agarraram-me pelos colarinhos e encostaram-me à parede, em França. Foi há 10, 15 anos. Fiquei lá, calei-me, voltei para o meu sítio e acabei o serviço. Nunca deves levar estas coisas para o lado pessoal. Era comum isso acontecer, até há uns anos. Agora, com isto da televisão, as coisas mudaram e os miúdos que saem das escolas já não estão para aturar isto, e com razão. Mas não nos podemos esquecer de que esta profissão, há uns anos, não tinha tanta visibilidade e era muito dura. As pessoas agora já não estão para aturar isto. Já ninguém trabalha 18 horas por dia. Eu trabalhei assim durante muitos anos... Hoje, dizem-te que não e vão embora."

O Chef revelou ainda que escrever um livro faz parte dos seus planos, mas não para já:

"Estive quase para fazer um livro, mas eu quando fizer um livro tem de ser um livro que daqui a 10 anos me sinta orgulhoso. Fazer um livro com receitas lá para casa não me apetece ou fazer um livro para vender não me apetece. E não há editoras que queiram fazer um livro que não seja para vender. Quero fazer um livro para mim, do qual me sinta orgulhoso."