Em entrevista a Manuel Luís Goucha, para o vespertino da TVI, Luísa Castel-Branco revelou que a filha, Inês Castel-Branco, "poderia não ter nascido".
Há 40 anos, numa altura em que a interrupção voluntária da gravidez era proibida em Portugal, a escritora equacionou fazer um aborto. "Eu tinha arranjado um emprego. Finalmente, estava a ganhar dinheiro. E muito dinheiro. Eu era secretária de uma holding inglesa e não podia perder o emprego. Não podia mesmo!", explicou.
Luísa Castel-Branco referiu que, se decidisse prosseguir com a gestação, "iria pôr em risco o emprego". "Eu estava seis meses à experiência. Tinha um filho pequeno - a Inês e o Gonçalo têm 11 meses de diferença. Perante isso e sem hipótese de resolver o assunto, resolvi fazer um aborto. A minha mãe arranjou-me um local, em Alfragide, e eu lá fui", contou.
A decisão foi revertida na última oportunidade. "Naquele exato segundo, saltei de lá e disse: 'Não'. Por isso, quando a Inês nasceu, eu disse-lhe que ela é minha filha duas vezes. É minha filha porque engravidei e é minha filha porque não a matei", argumentou.
"Como é que ela reagiu?", questionou o anfitrião do programa "Goucha". "Com enorme consciência. Eu tenho a certeza de que a Inês nunca faria um aborto na vida. Mas, ao mesmo tempo, tal como eu, ela defende profundamente a liberdade de as mulheres escolherem. A liberdade e a responsabilidade", defendeu.
Além de Gonçalo e Inês, Luísa Castel-Branco é mãe de António.
Veja, agora, os vídeos da entrevista concedida pela escritora na TVI.