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Morreu o escritor brasileiro Rubem Fonseca

O escritor brasileiro Rubem Fonseca, de 94 anos, morreu na quarta-feira, dia 15 no Rio de Janeiro.

com Lusa
Rubem Fonseca
Rubem Fonseca

Autor de livros como "Feliz Ano Novo" (1976) e "O Cobrador" (1979) e "A Grande Arte" (1983), Rubem Fonseca foi distinguido com o Prémio Camões, em 2003.

O escritor era apontado pela crítica como "o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX".

"Carne crua", o seu mais recente livro de contos inéditos, foi editado em 2018.

Contudo, antes de entrar no universo da literatura, o escritor, nascido em Juiz de Fora, município no interior do estado de Minas Gerais, formou-se em Direito e construiu uma carreira de seis anos na polícia civil, como comissário.

Fonseca viria a estrear-se na literatura em 1963, com o livro de contos "Os Prisioneiros".

O escritor brasileiro venceu cinco vezes o prémio Jabuti na categoria de Contos e Crónicas, pelos livros "Lúcia McCartney" (1969), "O Buraco na Parede" (1995), "Secreções, Excreções e Desatinos" (2001), "Pequenas Criaturas" (2002) e "Amálgama" (2014).

Na categoria de Romance, o nonagenário venceu apenas uma vez, com "A Grande Arte" (1983).

Em 2015, quando foi distinguido com o Prémio Machado de Assis, a Academia considerou "Rubem Fonseca um dos mais importantes ficcionistas contemporâneos brasileiros", que "exerceu profunda influência na cena literária brasileira, inaugurando a tendência que Alfredo Bosi chama de 'brutalista'".

Consagrou-se pela sua narrativa nervosa e ágil, ao mesmo tempo clássica e moderna, entre o realismo e o policial, revelando a violência urbana brasileira, sem perder o olhar sensível para a tragédia humana a ela subjacente, a solidão das grandes cidades ou para os matizes do erotismo. Seu estilo contido, irónico e cortante, ao mesmo tempo denota um leitor dos clássicos e um ouvido atento ao falar das ruas em seu tempo", descreveu ainda a ABL.

Conhecido também pela sua reclusão, e consequente recusa a dar entrevistas, Rubem Fonseca viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, tornando-se numa das figuras da cidade.

Em 2012, quando esteve em Lisboa para receber a Medalha de Mérito Municipal, afirmou que “mais importante que esta grande honraria é o estar em Portugal”, terra de todos os seus antecessores.

Escritores e personalidades de várias áreas lamentaram hoje a morte do escritor brasileiro Rubem Fonseca, de 94 anos, através de mensagens partilhadas nas redes sociais, onde o apelidaram de "mestre", frisando o seu contributo para a literatura.

O escritor português Valter Hugo Mãe usou a rede social Facebook para partilhar uma fotografia ao lado do autor brasileiro, afirmando estar "desolado" com a morte do amigo.

Desolado com a notícia da morte de Rubem Fonseca, essa maravilha das letras do mundo. Querido amigo, querido magnífico escritor que tanto me honrou, tanto me inspirou. Adeus, mestre. Obrigado por tudo", escreveu o autor português.

Já o escritor angolano José Eduardo Agualusa optou por realçar a importância que Rubem Fonseca teve na sua formação literária.

Rubem Fonseca foi importante para a minha formação enquanto escritor. Tenho todos os livros dele e continuarei a lê-lo, como sempre o leio quando preciso de me sentir inquieto para escrever. Escritores morrem quando deixam de ter leitores. Rubem continuará a ter leitores", sublinhou Agualusa, também através das redes sociais.

O jornalista, escritor e editor português Francisco José Viegas referiu-se a Fonseca como seu "grande mestre".

"Meu mestre, meu professor, meu grande mestre. Morreu Rubem Fonseca (1925-2020), um dos maiores ficcionistas de sempre da nossa língua. O autor de 'A Grande Arte', um dos livros dos livros. Meu mestre, a quem roubei tudo o que pude", escreveu Viegas.

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