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José Carlos Pereira recorda toxicodependência: "Era de sexta a domingo, sem parar, sem dormir"

O ator e médico José Carlos Pereira falou, abertamente, sobre o problema de toxicodependência contra o qual lutou, no passado.

"Tinha um padrão semanal, compulsivo. As pessoas identificam esta coisa da adição como toxicodependente de rua, que consome diariamente. Não era o meu caso. No meu caso, era de sexta a domingo, sem parar, sem dormir. Existem depois repercussões, na semana de trabalho. Durante a semana o padrão não se repetia, podia sair, esporadicamente, uma vez", começou por dizer, recentemente, José Carlos Pereira, num podcast dedicado à saúde mental, do Observador.

A jornalista quis saber se se tratava de um consumo de álcool ou de drogas. "De tudo. começa com o álcool, com uma coisa social. Tive a olhar para trás e perceber como tudo começou. Percebi-me que houve uma altura, foi parte cultural daquela altura, quando comecei a fazer novelas, tinha 21 anos, éramos pagos para sairmos à noite, pagavam-me para sair à noite, para beber álcool, para fazer presenças"; respondeu o ator, acrescentando: "Era tudo e muito. Deixamo-nos ir, um bocadinho. Somos novos, queremos divertir-nos. Começa com uma brincadeira, achamos piada e começa a tornar-se parte da normalidade, que não é assim que deve ser, obviamente. E, mais tarde, apercebemo-nos que há aqui qualquer coisa que não está a funcionar, porque já não sabemos sair, sem utilizar determinadas substâncias. Falo de álcool e de algumas drogas, não todas, mas algumas".

José Carlos Pereira abordou, ainda, as consequências familiares e profissionais, daquela época. "Almoços de família não aparecia, deitava-me às 10 horas da manhã e não aparecia. Compromissos laborais, trabalhava à segunda de manhã, mas tinha-me deitado no domingo, à noite, depois de vários dias seguidos acordado, não acordava e ligava a dizer que estava atrasado", enumerou.

O, também, médico adiantou que "dizia que não ia fazer mais, mas, na semana seguinte fazia a mesma coisa" e explicou, na respetiva perspectiva, o que é a adição: "No meu caso, não conseguia divertir-me sem estar sob o efeito de determinadas substâncias, seja álcool, seja drogas. A adição tem uma componente que é a compulsão. A partir do segundo copo não existia limite. O meu cérebro dizia-me: 'Bebe mais, bebe mais, bebe mais e, agora, vais fazer tudo o resto'".

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