"O presente estava a aborrecer-me e fiz uma viagem ao passado. O vento estava a favor e recuei mais de 2000 anos. Na verdade, foram 6500 anos. Jerash é uma combinação do universo greco-romano com tradições árabes. Até Alexandre o Grande se perdeu de amores por aqui. Só há um par de séculos foi redescoberta por um alemão curioso que por aqui vasculhava. Um orgasmo para arqueólogos, portanto", começou.
"Às vezes, faço o exercício de tentar imaginar um recorte da História. Saber o que era socialmente determinante na altura; o que se valorizava; que tipo de desigualdades haveria; que sonhos teriam. Não tenho dúvidas que a nossa natureza continua a mesma, apenas temos outras coisas com que ocupar a cabeça. Porém, jogamos sempre a carta da arrogância quando vamos a jogo. Olhamos sempre para a História com uma altivez surda. A humildade ficar-nos-ia tão bem se a soubéssemos utilizar, sabem?", continuou.
"Se pisamos este solo é porque alguém o construiu para nós. Desta forma, podemos interpretar o passado para desenhar um futuro. Senão são só pedras, tão rígidas e obtusas como o nosso pensamento. Saber de onde vem o chão que pisamos é uma virtude. É como guardar um segredo que ninguém conhece. Um trunfo.Bela arrogância a nossa, a dos novos, progressistas, contemporâneos e futuristas. Como a sobranceria de um adolescente que se acha senhor do Universo, perante um ar condescendente dos pais que dizem “quando chegares à minha idade, vais perceber”. Nós somos os adolescentes nesta História. Por isso, estudem, investiguem, sejam obsessivos na vossa curiosidade. As vossas viagens terão outro significado, acreditem", concluiu.
Veja, agora, as melhores imagens da viagem de Ângelo Rodrigues, na galeria de fotografias que preparámos para si.