Internacional

Magnata da pornografia Larry Flynt morre aos 78 anos

O magnata da pornografia e fundador da revista "Hustler", Larry Flynt, também autoproclamado defensor da liberdade de expressão, morreu aos 78 anos.

com Lusa

Larry Flynt morreu, na passada quarta-feira, dia 10, em Los Angeles, depois de uma paragem cardíaca.

A informação está a ser avançada por vários órgãos de comunicação social norte-americanos, incluindo o The Washington Post, que cita o irmão Jimmy Flynt.

Larry Flynt, que estava numa cadeira de rodas - banhada a ouro -, desde que sofreu uma tentativa de homicídio, em 1978, sempre foi uma figura controversa. Precisamente em 2013, na altura em que Joseph Paul Franklin, que baleou o milionário na coluna, ia ser executado, no Missouri, o magnata apelou para que não tal não acontecesse. "Tenho todos os motivos para ficar feliz com isto, mas não estou", disse, em outubro desse ano, ao The Hollywood Reporter, um mês antes da execução de Franklin.

Em outubro de 2017, o fundador da revista pornográfica Hustler, deu o considerado "último golpe" de uma vida controversa, ao oferecer, numa página do diário norte-americano The Washington Post, dez milhões de dólares (mais de oito milhões de euros) por quaisquer informações que ajudassem no primeiro processo de destituição do então Presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump. Na opinião de Larry Flynt, este era um "dever prioritário".

Em 1974 criou a Hustler, como concorrente direta da Playboy, que o próprio Larry Flynt considerava "desatualizada". Esta versão, considerada mais atual pelo fundador, tinha imagens muito explícitas e um tom deliberadamente escandaloso. Foi a partir daqui que começou o império de Flynt, que progrediu para estúdios dedicados à produção de filmes pornográficos.

Já em 2000, o empresário abriu um casino baseado na revista que fundou, em Los Angeles (Califórnia), mas este investimento durou pouco.

A 'explosão' da Hustler deu-se em 1975, quando a revista publicou fotografias da antiga primeira-dama dos Estados Unidos, Jacqueline Onassis, casada com o antigo Presidente John F. Kennedy, despida. Flynt pagou a um paparazzo 18 mil dólares (mais de 16 mil euros) para fotografar a antiga primeira-dama, sem o consentimento da própria. A revista vendeu mais de um milhão de cópias só com esta edição.

Um ano depois, foi julgado em Cincinnati por acusações de obscenidade e crime organizado. Condenado entre sete a 25 anos de prisão, Flynt abandonou o estabelecimento prisional com apenas seis dias de pena cumprida, por alegações de conduta imprópria durante o julgamento e parcialidade.

Depois de uma capa a satirizar, em novembro de 1983, um anúncio do televangelista Jerry Falwell, Larry Flynt foi processado pela personalidade parodiada, que acusava a empresa do magnata de invasão de privacidade de danos emocionais intencionalmente infligidos.

Condenado a pagar 150 mil dólares (mais de 145 mil euros), Larry Flynt recorreu ao Supremo Tribunal em 1988, que, unanimemente, decidiu, com base na primeira e 14.ª Emendas da Constituição norte-americana, que previnem uma figura pública de ser ressarcida por danos emocionais que sejam infligidos por intermédio de uma caricatura, sátira ou paródia dessa figura pública, que uma pessoa razoável não tivesse interpretado como factual. Para meu espanto, vencemos", escreveu Larry Flynt. O caso tornou-se central para os julgamentos sobre liberdade de expressão, e, entretanto, foi citado, inúmeras vezes, em situações semelhantes e para vários argumentos legais, razão pela qual Larry Flynt se intitulou o defensor da liberdade de expressão.

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