Patrícia Matos sobre o "Você Na TV": "Tem tudo a ver comigo. Ninguém sabe o que o futuro reserva"

A jornalista Patrícia Matos esteve, em direto, no Facebook da Selfie, para esclarecer dúvidas e satisfazer a curiosidade dos seguidores. A pivô da TVI chegou a fazer declarações inéditas.

Gostava de ser apresentadora de um programa de entretenimento como o "Você Na TV"?

Para fazer isso, tinha de entregar a minha carteira de jornalista, porque entretenimento e o jornalismo não são compatíveis, já que [o entretenimento] envolve marcas e publicidade. [...] Se acho que me sentiria bem a fazer um programas desses? Absolutamente. Acho que tem tudo a ver comigo, e seria muito divertido, muito animado. E não me sentiria um peixe fora de água! Quem sabe... fica aqui o repto para o futuro. Ninguém sabe o que o futuro nos reserva. Se algum dia eu posso deixar o jornalismo e enveredar pelo entretenimento, nunca se sabe. 

Qual a sensação de saber que é uma inspiração para as pessoas que a seguem e acompanham o trabalho que faz?

Fico muito contente por isso, não porque tenho que ser a inspiração de ninguém. Não tenho essa pretensão, mas ainda bem que o consigo ser. Ainda bem que consigo animar o dia de alguém, ajudar ao acordar, ajudar a essa manhã... Sinto-me muito feliz, naturalmente. Eu sei - e toda a gente que trabalha em televisão sabe - que é uma companhia. Há muitas pessoas sozinhas, e muitas pessoas que passam o tempo sozinhas [...].

Como é que uma jornalista gere as emoções, tendo em conta que há notícias mais difíceis do que outras?

Gere-se com experiência, gere-se com maturidade. Aquilo que a experiência e os anos nos vão dando. Vamos buscando àquelas "gavetas", nas quais vamos buscar esses recursos todos. E nós vamos buscar, nos momentos mais complicados [esses mesmos recursos]. Para começar, tudo funciona bem se respirarmos. A respiração está na base de tudo e nós conseguimos controlar a tristeza e a ira [...].

Qual a notícia que, para si, foi a mais difícil de dar até hoje?

Não sei, mas foram, seguramente, notícias que têm a ver com colegas nossos que partem. É muito difícil uma pessoa partir da nossa vida, ainda para mais uma pessoa com quem nós lidamos durante tanto tempo e tantas horas. O nosso trabalho, às vezes, acaba por ser a nossa primeira casa, confunde-se um bocadinho. E as pessoas passam a fazer parte da nossa vida. [...]"

Qual o segredo para conseguir criar tanta empatia?

O segredo é a autenticidade, a humanização. Não há aqui nenhum segredo. É aquilo que nós somos todos os dias. Aquilo que vocês veem, agora, é aquilo que eu sou, e aquilo que vocês veem, no jornal, é aquilo que eu sou. Obviamente, tenho que ter a minha formalidade. Porque estar, aqui, em casa, não é a mesma coisa que estar a dar notícias, mas sou a mesma pessoa. [...]"

Alguma vez teve de provar que não era apenas um sorriso bonito?

Acho que tenho que provar isso todos os dias. Acho que temos de provar isso todos os dias. [...] Não basta sorrir, não basta ter uma cara bonita, ou estar muito bem arranjada, porque se vocês não perceberem o que eu digo, ou se não fizer com respeito pelo meu trabalho, ou se não fizer com profissionalismo, é muito fácil de perder isso tudo. Portanto, acho que provas temos de dar todos os dias. [...]

Era capaz de trocar o "Diário da Manhã" pelo "Jornal das 8", ou pelo "Jornal da Uma"?

Estou disponível para fazer tudo na TVI. Todos os jornalistas gostam de fazer, naturalmente, noticiários de referência. O "Diário da Manhã" é um jornal de referência, para mim, que já o faço há 9 anos. E o "Jornal da Uma", também, já o fiz imensas vezes e, brevemente, vou lá voltar. O "Jornal das 8" é, naturalmente, a maior referência para mim. Pude estar, recentemente, no "Jornal das 8" e é algo que me orgulha muito e nos orgulha muito. É o horário nobre. É um jornal marcante, na televisão portuguesa, e é apresentado por pivôs muito sólidos no panorama nacional. [...].

Sente que o seu trabalho é reconhecido?

Naturalmente que sim. Se estou há 10 anos em antena, e se estou há 12 anos na TVI, e há 9 no "Diário da Manhã" é, naturalmente, um reconhecimento do meu trabalho. Não posso achar que estou ali só porque sim. Não sou hipócrita nesse sentido [...] e, obviamente, que o feedback que recebo é positivo. [...]"

Tem cuidado com a alimentação?

Sim. No ano passado tive alguns problemas de saúde e fiquei intolerante a uma série de alimentos. E, por exemplo, deixei de beber café. Eu era movida a café, como vocês calculam. De manhã, àquela hora, é muito complicado. E, de um momento para o outro, tive de deixar de beber café. 

Como surgiu o nome do blogue "Deve Ser De Mim"?

Surgiu da expressão que toda a gente tem "deve ser de mim"... qualquer coisa que acontece, não sei se é estranho ou não, mas "deve ser de mim". E a expressão foi ficando para, quando acontece alguma coisa e não temos nada para dizer: "deve ser de mim". E foi assim, ganhei esse hábito, e pareceu-me um nome que entra no ouvido de toda a gente e que é uma expressão que se adapta a muitas pessoas e a muitas situações. 

Qual o filme preferido?

"A Vida É Bela", um filme cheio de mensagens [...].

Por que tem uma cicatriz em cada joelho?

Esta é, provavelmente, a primeira vez que estou a falar disto publicamente. É um assunto com o qual estou, perfeitamente, bem resolvida. Fui operada, quando era uma jovem. Fui operada primeiro ao joelho esquerdo, depois ao direito, porque tenho uma deformação congénita no alinhamento do fémur e das rótulas, portanto tive de corrigir essa situação e, para viver bem, foi isso que se passou. Ficar com estas cicatrizes representa uma prova de vida, um momento da minha vida. Se elas me incomodam? Já não. Elas só estão aqui para me lembrar daquilo que passei e já superei, e de um momento positivo. Porque, se eu não tivesse sido operada e não tivesse resolvido este problema, não conseguiria andar, nem conseguiria praticar desporto. 

Como se imagina daqui a 10 anos?​

Imagino-me mais velha, com 45 [risos]. Mais conhecedora, experiente, profissional... [...] Daqui a 10 anos, quero estar, consideravelmente, melhor. O objetivo é estarmos sempre bem, procurar formas de comer melhor, de estar melhor, de dormir melhor e de viver melhor com todas as pessoas que estão à nossa volta. [...] Gostava imenso de ter a minha família, daqui a 10 anos. De ter a minha casa bem composta, de ter muitos amigos à minha volta [...].

Sempre quis ser jornalista?

Não. Nunca pensei ser jornalista, até certa altura da vida. Quis ser professora de inglês. Gosto muito da língua, aprendi e desenvolvi. É uma das minhas línguas de eleição, leio e estudo muito em inglês. Portanto, nunca pensei ser outra coisa que não professora de inglês. [...] Jornalista surgiu na altura em que comecei a fazer rádio. Tinha 12 anos e, depois, um bocadinho mais tarde, fui desenvolvendo esse gosto. [...]. Amo, profundamente, aquilo que faço [...].

Veja esta e outras questões, no vídeo. 

Relacionados