Gany Ferreira lança videoclipe: "A sedução também é uma arte"

Gany Ferreira, o Vitó Carlos Bagina da novela "A Herdeira", decidiu lançar-se na música. "Chocolate" é o primeiro single do ator, que concedeu uma entrevista exclusiva à Selfie.

Como é que surge esta aposta na música?

Esta aposta tem sido feita desde sempre, porque nunca deixei de gravar músicas que me vinham à cabeça, mas de forma mais amadora. Aos 17 anos, juntei-me a um grupo de sound system de quatro pessoas, intitulado Natty Vibration, em que passávamos alguns vinis de reggae e eu cantava por cima dos que tinham apenas instrumental e animava o resto da noite. Chegámos a fazer muitas festas num bar chamado Sai de Gatas, no Estoril, e no Groove Bar, no Bairro Alto. Mais tarde, o grupo acabou por se diluir, com a nossa entrada para a faculdade e com os cursos, que nos ocupavam bastante tempo. Aos 20 anos, recebi o convite do André Mário (trompetista Mukuco), amigo de amigos, que tinha uma banda que tocava por amor à música. Com a minha entrada, passámos a ser uma banda reggae. Passou a chamar-se Luso United (de Lusófonos Unidos). Tocávamos originais com letras minhas e de outros membros como o baixista Paulino/kaluassi, que foi quem me deu a alcunha de "meurei", do tecla Luís e do tecla Ritchaz Cabral, que, ainda hoje, canta a solo. Éramos 10 em palco a contar com o Jorge, o nosso técnico de som, que estava presente em todos os ensaios e concertos. Foi uma altura mágica. Mas logo surgiu um projecto de televisão, "Windeck", e a boa nova de que iria ser pai. Com isto outras faltas de tempo e a banda diluiu-se. Parece que foi há muitos anos, mas não foi assim há tanto tanto tempo. O tempo foi passando e senti-me até um pouco culpado, mas já não havia nada a fazer. Estávamos cada vez mais longe uns dos outros. Mas o bichinho, em alguns, permaneceu.

Como é que nasceu a letra de "Chocolate"?

A letra é minha. Tem alguns anos. Criei o refrão numa brincadeira, numa noite de copos, com uns amigos e umas amigas. Uma delas chamava-me "chocolate", e eu, para me meter com ela, usei a famosa expressão portuguesa "o que tu queres sei eu" [risos]. Estávamos a falar de música e até falámos de um tema do Sam the kid - "Poetas de Karaokê" - enquanto comíamos um chocolate, que, na altura, era o que havia para aliviar a bebedeira. Tinha recheio de coco por dentro. Aproveitei a junção de coisas com os meus improvisos e comecei a cantar "Do you want, chocolate, coconut inside outside and chocolate" (dizendo chocolate quase como se juntasse o português ao inglês). E, assim, surge o refrão, no meio de uma brincadeira de amigos. Nunca mais me esqueci deste momento. E, agora que lancei o tema, percebi que eles também não [risos]. Só este ano terminei o resto da letra. Fiz com todo o carinho, lembrando os velhos tempos.

Podemos saber quem é a Julieta de que fala na música?

Não existe propriamente uma Julieta, mas deixo ao critério de cada um.

Costumam chamar-lhe "chocolate"?

Já me chamaram algumas vezes, de forma carinhosa, mas não me intitulo como tal. Como quero ver as pessoas felizes e esse é um dos efeitos do chocolate, pois aumenta a dopamina no corpo, um dos principais agentes que contribui para a felicidade, juntou-se o útil ao agradável. Os médicos até aconselham um quadradinho por dia de manhã, porque melhora o humor, a energia e a flora cerebral. Eu já experimentei e vale a pena! Penso que tenham reparado que todo o tema está construído para elevar o ouvinte. O instrumental tem uma vibe que, penso eu, transmite essa mesma sensação de felicidade e de boas energias, como me senti no momento da criação do refrão. Eu procuro ser feliz e levo-te, levo-vos comigo. O facto de ter este tom de pele de chocolate nada tem a ver com o tema. Foi apenas uma coincidência. Não podia deixar de lançar o tema por achar que me iriam associar a um vipe de egocentrismo ou a alguma forma de afirmação negra, mesmo não tendo nada a ver. Sejam felizes! Se eu poder ajudar com este tema, estou aqui! Eu procuro ser feliz sempre e quando tu estás feliz podes contagiar os outros. A felicidade é contagiante, passa de pessoa para pessoa. Be happy, and don't worry. Nós temos o chocolate!

Para quem gosta de cantar?

Essencialmente para mim mesmo. Desculpa se pareço egoísta, mas a arte é feita disso mesmo. Vem de dentro de ti, não estás à espera de agradar a ninguém. E se estiveres estás erradíssimo. Se agradar melhor, se não igual. Também não vou negar que, por vezes, quando quero por um sorriso na cara de quem está comigo tento com a música. Mas nada sai se for forçado! Tem de fluir e o momento é que dita isso. Às vezes, também estou mais feliz e meto-me a cantar. Há pessoas que não gostam e, por isso, se não contagiei afasto-me, porque as más vibrações, às vezes, conseguem dar cabo da tua felicidade. Deixa-se fluir. É como um rio a abrir caminho para o mar. Se encontra uma rocha desvia, mas mantém o seu percurso. E nós não queremos ter águas paradas, pois não!?

Já seduziu alguma rapariga a cantar?

Ui... esta pergunta. Respondo apenas que arte é arte! A sedução também é uma arte. Devemos usar as ferramentas que tivermos. Pode correr bem, mas também pode correr mal.

Vamos ter disco e concertos em breve?

Não pretendo gravar disco para já. Ainda estou com um projeto bastante interessante como ator, "A Herdeira", como sabem, e não quero deixar de me focar nele. Está muito interessante! Sem contar que um disco exige outro tipo de atenção. Se forem ao meu Instagram têm um e-mail para solicitar. Por ser apenas o primeiro single não dá para um concerto de uma hora, mas quero explorar-me ainda mais. Mas se for solicitado para cantar o tema será porque as coisas com o "Chocolate" correram melhor do que esperava. Terei todo o gosto e será um orgulho. Para primeiro tema, significaria que o "Chocolate" foi bem recebido pelo público português e que pode, agora, viajar pelo mundo. E posso dizer que não tenciono ficar por aqui.

Como tem sido o feedback das pessoas que habitualmente o vêem na novela "A Herdeira", na pele de Vitó?

O feedback das pessoas tem sido muito bom. Alguns já conheciam este meu lado musical, outros mostraram-se muito surpresos. Mesmo sendo cerca de 10% das pessoas que me seguem nas redes, para mim, e, confesso, estou um pouco surpreso, já tem sido bastante bom. Vejo as coisas que faço como se estivesse a subir degraus. Há que por bem o pé em cada um deles. E fico muito feliz por ver que as pessoas me dão os parabéns e mandam todas aquelas mensagens fofinhas a dizer que me adoram e que adoram o meu trabalho. É sempre um orgulho. Tenho a caixa postal entupida, o que está a ser emocionante. E isto ainda não é nada [risos].

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