Entrevistas

Filipe Salgueiro de regresso à ficção: "Um desafio muito grande"

O ator Filipe Salgueiro está prestes a estrear a sétima peça de teatro. A SELFIE esteve à conversa com o ex-"moranguito" para conhecer todos os pormenores do espetáculo.

Filipe Salgueiro começou a carreira como modelo, mas foi em 2005, quando deu vida a Luís Alvarenga, na segunda temporada da série "Morangos com Açúcar", da TVI, que ficou conhecido do público.

Agora, o artista, de 42 anos, está prestes a estrear a sétima peça, chamada "Algodão Doce: o fim pode ser um bom começo", e não podia estar mais expectante. A SELFIE esteve à conversa com Filipe Salgueiro, sobre os preparativos do espetáculo, que arranca em maio, e sobre a carreira do ator.

Como surgiu este "Algodão Doce: o fim pode ser um bom começo"?
A ideia nasceu em 2018, segue uma obra escrita por Max Aub, chamada "Crimes Exemplares" e eu fiz essa obra, em teatro, com outro encenador, em 2013. Fiquei apaixonado pela história e quis, então, fazer isto à minha maneira.

O que diferencia esta peça, da obra original?
Os "Crimes Exemplares", normalmente, são feitos de uma forma muito agressiva, com sangue, e eu queria levar a coisa para outro lado. Então nasceu esta dualidade, no nome do "Algodão Doce - o fim pode ser um bom começo". O algodão doce acaba por ser algo ligado às crianças, fofinho, cor-de-rosa, mas, também, acaba por ser uma coisa que esvanece, que desaparece rapidamente. E, se comermos durante algum tempo, ficamos com a língua encortiçada. E o espetáculo fala, um bocadinho, disso. Basicamente, são 15 crimes, todos eles inspirados na base original, com um toque de realidade à mistura, ou seja, crimes que aconteceram, na nossa atualidade, histórias verídicas. Leva o espectador numa viagem imersiva, porque insere-se dentro destas histórias todas. Todos os assassinos têm uma relação uns com os outros.

Esta peça conta com uma particularidade...
São 16 pessoas em palco, 15 atores e uma cantora lírica. Nunca abandonam o palco. São cerca de 30 figurinos, ao todo, feitos pela escultora Elisabete Marques Ferreira, quase como se fossem instalações artísticas, inspiradas no Dadaísmo e no Surrealismo. A peça tenta dar ao público situações antagónicas. Rir de coisas que não é suposto rir, deixando o espectador com um sentimento de culpa. É uma peça que tem momentos dramáticos, cómicos, de frustração ou nojo. É altamente esquizofrénica, até porque a base fala, também, de saúde mental, que está na ordem do dia.

Como foi a preparação?
Foi um processo árduo, estamos há um ano em ensaios. Mas foi uma experiência muito interessante, porque a minha ambição era a de fazer teatro de forma diferente. Por exemplo, dos 15 atores, temos atores que não tinham experiência. Temos um atleta que é velocista no SL Benfica, temos outro rapaz que era padeiro. Queria que fosse muito orgânico e que se sentisse que as pessoas são diferentes umas das outras. Foi um desafio muito grande, até porque os atores não têm marcações. Jogaremos com a intuição.

Durante a preparação, perdeu a sua mãe. Como geriu, emocionalmente, tudo isto?
Morreu há cerca de um ano. Este espetáculo serviu, para mim, como catalisador. Se não tivesse existido, tinha dado em doido. Com a pandemia, parou tudo e as artes foram das áreas mais afetadas. Foi muito penoso. A minha mãe tinha demência e, em termos práticos, vi a minha mãe a definhar. A minha mãe tinha uma importância muito grande na minha vida, ia a todos os meus espetáculos. Vai ser diferente, agora. Saber que estou em palco e que ela não está na primeira fila... Mas neste processo, de perder a minha mãe, o facto de ser ator ajudou muito.

Este é o sétimo espetáculo que assina. Trata-se do mais arrojado?
Sim, sem dúvida. Foi no que mais arrisquei até hoje.


Em 2005, deu vida a Luís Alvarenga em "Morangos com Açúcar", da TVI. As pessoas ainda o abordam sobre isso?
Sim, muito! Foi, talvez, o projeto com mais impacto em que participei.

Sente que, depois disso, tem tido oportunidades em televisão?
A televisão é muito sobrevalorizada. Um ator, para estar numa produção televisiva, não poderá fazer muito mais e, de repente, fica meses e meses anexo a um projeto que, muitas vezes, não se sabe para onde vai a personagem. Se calhar, não faço mais, porque, quando me convidam, às vezes são para personagens que eu acho que não têm aquele peso na trama como eu acharia que seria interessante. E acho que os atores portugueses têm muita dificuldade a dizer que não, porque há falta de trabalho. Adoro teatro, até porque é a base.

Quando participou no filme "The Promise", em 2016, o que sentiu?
Foi ótimo e muito enriquecedor. Percebi, perfeitamente, que, em Portugal, temos muita coisa para aprender, a nível de produção, etc. Gostava muito de participar em mais produções de cinema.

Para terminar, como está o seu coração?
Continuo solteiro e bom rapaz [risos].

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