Polémica: várias organizações apelam a Conan Osíris para não ir a Telavive

O Comité de Solidariedade com a Palestina, o SOS Racismo e as Panteras Rosa fazem este pedido, em solidariedade com os artistas palestinianos.

  • 3 mar 2019, 10:50
Igor Pires

O Comité de Solidariedade com a Palestina, o SOS Racismo e as Panteras Rosa apelaram neste domingo, dia 3, a Conan Osíris para não ir a Telavive, Israel, representar o nosso país no Festival Eurovisão da Canção, em solidariedade com artistas palestinianos. 

Numa carta endereçada ao vencedor da última edição do Festival da Canção, as organizações afirmam que "a escassos minutos de onde terá lugar o Festival, Israel mantém um cerco ilegal a 1,8 milhões de palestinianos em Gaza, negando-lhes os direitos mais básicos."

As três organizações sublinham que "também a escassos minutos de Telavive, 2,7 milhões de palestinianos da Cisjordânia vivem aprisionados por um muro de apartheid ilegal". "Israel continua a expandir a sua colonização na Cisjordânia, com o intuito de expulsar mais famílias palestinianas, entregando assim as terras e casas confiscadas a colonos israelitas", acrescentam.

O Comité de Solidariedade com a Palestina, o SOS Racismo e as Panteras Rosa juntam-se ao movimento internacional de BDS - Boicote, Desinvestimento, Sanções - que denuncia o uso da cultura por Israel como uma forma de propaganda para melhorar a sua imagem no resto do mundo.

Além disso, este movimento recorre ao BDS como meio não-violento para pressionar Israel a respeitar os direitos humanos da população palestiniana. São já vários os artistas de todo o mundo que recusaram atuar em Israel enquanto o país continuar a apostar na "colonização" e no "apartheid", recorda o movimento BDS.

"Reconhecemos que não é uma decisão fácil, de largar o 'glitz' e glamour da Eurovisão, mas a custo de quê? O apelo ao boicote dos artistas palestinianos, brutalizados durante décadas pelo Estado de Israel, foi seguido por centenas de artistas internacionais e portugueses, de Roger Waters aos Wolf Alice. Eles percebem que a sua arte tem o poder de ajudar a mudar a situação na Palestina, mostrando a Israel que esta ocupação tem um custo", lembra Shahd Wadi, porta-voz do Comité de Solidariedade com a Palestina. E acrescenta que "Israel está a usar a Eurovisão para branquear a opressão do povo palestiniano", pelo que esta "é uma oportunidade para que Conan Osíris encontre um lugar nos livros de História, juntando o seu a outros nomes ilustres nesta campanha".

O movimento de boicote ao Festival da Eurovisão em Telavive recorda também que dois dias após a vitória da canção israelita no Festival da Eurovisão 2018, Israel "massacrou 62 palestinianos em Gaza, incluindo seis crianças". E que nessa mesma noite, Netta Barzilai, a intérprete da canção vencedora da Eurovisão, fez um concerto de celebração em Telavive, sublinhando que os israelitas tinham "motivos para estar felizes".

Recorde a atuação de Conan Osíris na final do Festival da Canção.

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