"Morreu-me a minha Anita", começou por escrever Zé Manel, acerca da morte da modelo e atriz Ana Afonso, antes de confessar: "E o que mais me entristece é dizer que não me surpreende. Estamos doentes. Somos doentes. Enquanto sociedade, há muito perdemos o rumo."
"O que nos move, afinal? Qual o nosso propósito enquanto espécie? Estamos desacreditados no governo, na igreja, na família, no jornalismo, no amor, no mérito e, antes de mais, em nós próprios. Sabemos demais e substituímos a vontade de sermos felizes pela necessidade de estarmos em paz", continuou o músico.
"Falámos anteontem. A Ana ia ser professora de moda no projeto social que coordeno. A Ana só queria ser vista, gostada e entendida. Claro que nem sempre bem se sucedeu. O mundo não está feito para quem sente demais. Para quem se lança sem rede nos braços de tão vil e julgadora plateia. Agora, os mesmos que de si fizeram conversa de café, pasmam-se com a sua partida", acrescentou Zé Manel, afirmando, de seguida: "Nunca a merecemos. Estou certo será sempre melhor acolhida noutro plano que nos olhe além da vista. A mim, vai fazer-me falta. Sempre nos amámos. Como só as almas fazem."
No final, Zé Manel deixou um pedido de desculpas à amiga: "Desculpa, se não soube driblar as entrelinhas. Andamos todos demasiado ocupados a salvarmos-nos para que escutemos o grito de socorro do vizinho. Enquanto o parecer se sobrepuser ao ser, estamos condenados. Os meus sentimentos à família e principalmente aos filhos. A vossa Mãe ama-vos muito."
Recorde-se que Ana Afonso morreu, esta quinta-feira, dia 4, aos 47 anos.