Estamos a viver uma revolução silenciosa, mas brutal. E, nesta revolução, quem está a perder o norte são eles.
Os homens estão perdidos. Já não sabem quem são, o que se espera deles, qual o seu papel na sociedade. Já não precisam de caçar, de construir casas com as próprias mãos, de sustentar a família sozinhos. O velho papel de provider morreu. E, com ele, morreu uma parte da sua identidade.
O problema? É que ninguém os ensinou a lidar com isso. Nem as mães. Sobretudo, as mães.
O medo que muitos homens sentem hoje é irracional.
Continuamos a educar rapazes para o mundo de ontem, quando o mundo de hoje exige homens emocionalmente maduros, empáticos, vulneráveis e presentes. Mas eles foram ensinados a não chorar, a não mostrar medo, a não falar sobre sentimentos. Foram ensinados a reprimir. E tudo o que se reprime, volta. E volta feio.
O medo que muitos homens sentem hoje é irracional. O medo da mulher independente, do sucesso feminino, da voz firme, da liberdade sexual. Não sabem lidar com isso, porque isso os confronta com a sua própria fragilidade. E como ninguém lhes ensinou a lidar com emoções, o medo transforma-se em machismo. Em agressão. Em controlo. Em frases como "Your body, my choice!", ditas por adolescentes num país dito desenvolvido.
Na adolescência, nós não assistíamos a estas expressões de violência e posse. Havia discussões, corações partidos, mas não havia esta raiva e controlo que se vê agora. Algo está a falhar redondamente na forma como estamos a educar os rapazes. E, sim, temos de olhar para as mães. As mães que superprotegem, que desculpam, que perpetuam o mito do homem fraco mas especial. O rei da casa. O único a quem tudo se perdoa.
A revolução verdadeira acontece quando as mães deixam de criar filhos para serem príncipes e começam a criá-los para serem homens inteiros.
Temos de ter coragem para dizer isto: as mães têm um papel crucial na formação dos homens que depois nós, mulheres, temos de enfrentar no mundo lá fora.
Não basta lutar contra o patriarcado fora de casa, se o alimentamos dentro das quatro paredes.
Talvez seja Edipo. Talvez seja a culpa inconsciente das mães que não conseguiram escolher melhores pais para os filhos. Talvez seja medo de perder o amor deles. Talvez seja apenas repetição cega. Seja o que for, é urgente quebrar este ciclo.
Porque, enquanto educarmos homens que não sabem quem são sem o seu papel de herói, eles continuarão a atacar tudo o que os obriga a confrontar-se com essa perda.
E quem paga o preço? As mulheres. As filhas. As irmãs. As companheiras. Sempre.
A revolução verdadeira acontece quando as mães deixam de criar filhos para serem príncipes e começam a criá-los para serem homens inteiros.
Porque homens inteiros não têm medo de mulheres inteiras.
E quando isso acontecer, irmã, a história vai dar uma reviravolta que nem Freud vai conseguir explicar.