Teresa Silva dispensa apresentações no universo dos reality shows. Em 2013, viveu o fenómeno televisivo de perto ao acompanhar a participação do filho Tierry Vilson na quarta edição da "Casa dos Segredos", uma experiência que descreve como muito negativa. Já em 2020, participou e sonhou com uma vitória no "Big Brother". Hoje, do outro lado do jogo, analisa e comenta os concorrentes com o olhar de quem já esteve dentro da casa. Em entrevista à SELFIE, fala das emoções que marcaram a sua trajetória televisiva, revela quais os concorrentes que mais a surpreenderam – pela positiva e pela negativa – e partilha como estas experiências impactaram o seu casamento e a vida familiar.
Se voltasse a receber o convite para entrar num reality show como concorrente, aceitaria?
Não. Nesta altura, não aceitava mesmo. Para mim, já não faz sentido entrar como concorrente. Primeiro, porque sou muito impulsiva e reajo a todas as provocações. E, depois, tenho consciência de que o público, devido à minha idade, cai muito mais em cima de mim e condena muito mais as minhas ações do que se fosse jovem. Estando a comentar o jogo, sinceramente, sinto-me bem, faço parte do jogo na mesma, parece que comento o jogo como se estivesse dentro da casa. Neste momento, prefiro comentar, enche-me mais as medidas do que propriamente estar dentro do jogo.
Como compara a sua experiência no "Big Brother 2020" com as outras edições em que participou?
O "Big Brother 2020" foi uma novidade, eu não sabia para o que ia, foi uma experiência, foi "a" experiência, foi um sonho, um sonho que se tornou realidade. Sonhei que, não sendo o meu filho, que esteve lá dentro primeiro do que eu, a trazer o prémio, poderia ser eu a trazer o prémio, mas nunca na vida eu poderia trazer o prémio, porque não tenho personalidade para ganhar Sou muito impulsiva e acabo por ser uma concorrente muito polémica e, normalmente, ou se gosta muito ou não se gosta nada. No meu caso, pelos vistos, as pessoas não gostaram e, juntamente com a minha idade... Mas, para mim, o "Big Brother 2020" foi o melhor de todos, a novidade. Na outra edição, já fui muito mais consciente. No "Desafio Final" foram só quatro dias, senti outra vez a magia, senti-me muito bem, tentei dar o máximo que podia, porque sabia que ia sair brevemente e isso também ajudou muito ao meu estado de espírito, a estar tranquilamente no jogo e aproveitar ao máximo.
Quem foi o concorrente que mais a surpreendeu, positiva e negativamente?
Sinceramente, pela positiva... Eu nunca criei expetativas sobre ninguém, sabia que estava a jogar sozinha e, portanto, nada era garantido. Sabia que, a qualquer momento, poderia ter de jogar com qualquer pessoa. Pela positiva... Cá fora, sim. Conseguiriam surpreender-me pela positiva, conheci melhor as pessoas e acabei por gostar delas e ter respeito por elas. Lá dentro do jogo, não, é tudo muito superficial, não vi essa positividade. Negativamente, quando estive a jogar, não houve ninguém que visse negativamente. Na altura, houve pessoas de quem não gostei tanto, mas, com o passar do tempo, vai-se apagando essa memória má, não tenho rancor de ninguém nem desgosto de ninguém, até porque também não fazem parte da minha vida. Agora, como comentadora, houve realmente concorrentes de quem, dentro da casa, gostei mesmo muito e que defendi, mas que, quando cheguei cá fora, do pouco que conheci, sinceramente detestei. Houve um ou dois concorrentes rapazes de quem não gostei mesmo nada. Mas é o que é.
Considera-se uma comentadora imparcial? Sem preferências?
Sim, considero que sou imparcial. Posso gostar de um concorrente durante dois meses, mas, se por algum motivo, esse concorrente fizer algo de que eu não goste, sou a primeira a cair-lhe em cima. Aliás, isso aconteceu recentemente: eu gostava muito do Maycon, começou por ser o meu concorrente preferido, tanto individual como em casal com a Renata, e, depois no desenrolar do programa, mudei de ideias. O jogo foi desenrolando e, mediante as atitudes e as coisas que foram acontecendo, eu fui mudando de opinião. Isso acontece-me muitas vezes. Se eu gosto, demonstro realmente que gosto. Se não gosto também acabo por dizer que não gosto, mas, normalmente, tento ver o jogo todo como um todo que inclua todos os concorrentes. Mas é óbvio que há pessoas de quem gosto mais e faço questão de o dizer, não sendo completamente parcial e sem estar sempre a cair em cima da mesma pessoa. Vou comentando mediante aquilo que vai acontecendo.
Como é que o seu marido lida com a sua participação nos reality shows ou mesmo como comentadora?
Na primeira vez, foi muito difícil. Ele lidou muito mal. Lá está, o factor novidade. Eu não sabia para o que ia e ele não sabia com o que poderia contar, não estava a contar com a fluência do público, da crítica do público, e acabou por não lidar nada bem com isso. Tudo o que as pessoas falavam sobre mim ele levava tudo muito a peito. Acabou por andar bloqueado a tudo o que o rodeava para se focar só nos comentários que as pessoas faziam sobre mim. Quem abriu o meu Instagram foi a Sofia e o Jorge, portanto, era tudo novidade e ele passava os dias todos a bloquear pessoas. Ele lidou muito mal. Quando saí do reality show, ele abraçou-me e disse: "Não ligues a nada do que as pessoas dizem e não ligues aos comentadores!" E eu: "Quais pessoas? O que é que são comentadores?" Eu não estava nem aí, não sabia de nada, porque, nas outras edições, nem havia comentadores. Foi tudo uma novidade também para mim. Já tínhamos a experiência com o Tierry, mas ele não lidou nada bem com a minha participação no "Big Brother 2020".
Ele sempre a apoiou ou houve algum receio da exposição?
O Jorge sempre me apoiou, sabia que era uma coisa de que eu gostava muito. Se ele não fizesse questão da minha participação, é claro que eu não entrava. Como comentadora, ele diz que eu vivo muito o jogo, mas gosta bastante de me ver e de me ouvir. Acaba por falar mais do meu aspeto físico do que aquilo que eu digo: "Hoje, tinhas o cabelo muito giro"; "Não gosto de te ver tão maquilhada". Nós tivemos uma primeira experiência com o Tierry em que tivemos de lidar com a exposição pública e que foi má, muito má. Eu e o Jorge já nos conhecemos há muito tempo para conseguirmos lidar com tudo. Mas, às vezes, é difícil, porque eu acabo por desvalorizar mais as coisas - no jogo, não deixo passar nada, mas, na vida real, passa-me tudo ao lado - mas o Jorge não. Às vezes, comenta aquilo que houve das pessoas e isso acaba por conseguir criar alguns atritos entre nós. Eu digo-lhe que não deve ligar às opinião das pessoas e isso, às vezes, causa atritos.
Como foi o reencontro depois dos programas? Sentiu que precisaram de um tempo para voltar à normalidade?
O reencontro foi bom, parece que não nos víamos há anos. Foi muito estranho, na altura, na rua, as pessoas sempre a falarem comigo... Antes, as pessoas só conheciam o Tierry, mas, de repente, eu não me sentia à vontade em lado nenhum - acho que até hoje continua a ser assim. A entrada num reality show é muito perigosa para um casal em que só um é que entrou no programa, porque, até hoje, às vezes, não conseguimos lidar muito bem com isso, não conseguimos voltar à normalidade. Aquilo que eu desvalorizo - a crítica, os olhares, as opiniões - o Jorge não consegue desvalorizar e continua a fazer-lhe muita confusão quando as pessoas dizem não gostar de mim. Ele não consegue digerir muito bem essa parte.
O que acha que é essencial para um casamento forte e duradouro?
Para uma relação ser forte, acho que é preciso que o casal tenha uma linha de primeiros socorros e que consiga em conjunto tratar as feridas pequenas antes que elas se tornem coisas grandes e graves. No nosso caso, casámos muito cedo e crescemos à medida um do outro. Simples.
O que difere entre a Teresa que vemos na TV e Teresa da "vida real"?
No jogo, dou tudo e não me importo que falem sobre mim, que comentem, que me critiquem. Não me importo nada. Na vida real, isso passa-me tudo ao lado e não admito que se metam na minha vida. Isso é claro que não. Nem dou azo a que isso aconteça. Ninguém me conhece nem tem nada a ver com a minha vida. Claro que os comentários que fazem são sobre aquilo que pensam que sou na vida real, não têm nada a ver com a minha vida pessoal, por isso, passa-me ao lado.
No caso do Tierry, alguma vez falaram sobre como seria entrarem juntos num reality show? O seu marido também seria capaz de entrar?
Nunca entraria num reality show com alguém da minha família. Muito menos com o Tierry ou com o Jorge. Com o Tierry não entrava, não por ele, mas mais por mim, provavelmente ele conseguia lidar com a minha presença no jogo, mas eu talvez não conseguisse lidar se visse alguém a falar mal dele. Era capaz de me mandar logo para cima dessa pessoa. O Tierry era capaz de me deixar resolver as minhas confusões, mas eu, provavelmente, meter-me-ia nas dele. Com o Jorge nunca entraria, porque ele provavelmente dava-me uma opinião para eu ficar calma e eu passava-me logo também com ele. Por isso, nunca ia acontecer. Quanto à entrada do Jorge num reality show, houve uma altura em que lhe apetecia entrar na casa, mas, quando pensou mais a frio, viu que não era o momento e que não fazia sentido.
Já passaram muitos anos desde a entrada do Tierry no reality show da TVI, que memórias guarda dessa altura?
Guardo recordações muito más. A nível pessoal e familiar, foi péssimo, foi desgastante e foi o motivo que levou o meu filho a fazer as malas e a sair do país. A nível profissional, para os jovens, naquele momento, era muito mau. E a nível social também. Não são nada agradáveis as memórias que tenho dessa altura.
Como é hoje a sua relação com a mãe da sua neta, a Sofia?
Neste momento, tenho uma relação muito boa com a Sofia, uma relação de respeito e de carinho, temos a certeza absoluta de que somos uma família.
Tem pena que o Tierry se tenha afastado do mundo da televisão?
Sim, tenho pena que o Tierry não tenha tido uma oportunidade. Acho que toda a gente se ia surpreender. Mas é um assunto que ficou para trás.
O que é mais difícil para si por estarem tão longe geograficamente?
Estar longe de um filho é sempre muito difícil. Quando estamos juntos já sentimos diferenças físicas uns nos outros, o que quer dizer que já passou muito tempo, e o tempo nunca mais se recupera. É difícil ter uma nora e não criar aqueles laços de amizade e não estar presentes nos momentos especiais como o nascimento da minha neta Ayla.
Como é a Teresa enquanto avó?
Acho que sou uma avó como se fosse mãe. Gosto mais deles do que gosto de mim. Sou amiga, sou resmungona, brinco com eles, faço-lhes as vontades. Acho que não há instruções sobre como ser avó, mas também acho que eles não me trocavam por outra avó.
A Teresa fez uma mastopexia há pouco tempo, o que a levou a considerar essa cirurgia?
A Clínica Onyx deu-me a oportunidade de realizar uma cirurgia que era o meu sonho. Eu aceitei logo. Foi tudo planeado de forma rápida. Foram uns 15 dias. Foi só o tempo de fazer os exames para perceber se estava tudo bem.
Como foi o processo de decisão para optar por esse procedimento específico? Qual foi o maior desafio durante o período de recuperação?
Eu aumentei uns quilinhos e as maminhas também ficaram maiores, por isso, as pessoas passavam o tempo todo a perguntar-me se pus silicone e eu tinha de estar sempre a justificar-me, então, acabei por fazer a mastopexia com redução. Tirei um pouquinho da mama. A recuperação não podia ter sido melhor. Acordei na clínica como se estivesse em casa, sem dores. Depois, fui medicada e tinha o Jorge que me tratava como se eu fosse um bebé: dava-me banho, vestia-me, punha-me o creme, acordava de noite para me dar a medicação. Acho que passei muito bem. Fiz a cirurgia a uma sexta-feira e na terça-feira já fui comentar. Sem stress. O Jorge levava-me à TVI. Foi super tranquilo. Ao fim destes quatro meses, sinto-me super bem, as maminhas estão muito bem, continuo a usar aquele soutien que sustenta o peito, e está tudo a correr bem.
Quais foram as mudanças que sentiu em termos de autoestima e confiança após a cirurgia?
Ainda é muito recente. E é preciso frisar que, em termos de autoestima, eu não me sentia mal com as maminhas que tinha. Eu achava que elas eram bonitas, só que, de facto, ficaram maiores porque aumentei de peso. Em termos de autoestima, depois da cirurgia, é claro que me sinto melhor, as roupas assentam bem, parece que tenho umas maminhas de uma jovem de 15 anos, parece que voltaram a ser as maminhas que eu tinha antes de ser mãe.
Que outros procedimentos já fez ou gostaria de fazer?
Os tratamentos que já fiz são os injetáveis, o dito botox. Depois, faço tratamentos à base de vitaminas para melhorar o envelhecimento da pele, dar mais brilho ao rosto, tirar manchas. Também já fiz o corte da gengiva, porque tinha os dentes da frente muito pequeninos. Tratar dos dentes talvez seja agora o próximo passo que vou dar, meter facetas ou fazer algum procedimento para alinhar os dentes e ficar com um sorriso mais bonito.
Com uma presença televisiva tão regular, preocupa-se ainda mais com a sua imagem?
Não é por estar na televisão que cuido de mim. Sempre me preocupei com a minha aparência. Não por vaidade, mas porque gosto de cuidar de mim. Sou assim. E, agora, com a idade a avançar como um tsunami, acho que me preocupo ainda mais.
Tem algum produto de beleza que recomende a todas as mulheres?
Não tenho algum produto especial, mas, desde a minha juventude, nunca houve um dia em que me esquecesse de pôr um creme na cara. Faço isso há anos a fio. Continuo a fazer. Mais do que uma vez. Se estou em casa ou se estou na rua, preocupo-me sempre em limpar muito bem o meu rosto, em não apanhar muito sol. Em criança, andava muito de bicicleta ou de patins em linha, passava o meu tempo na rua, era uma criança e uma jovem muito ativa. E, hoje em dia, não tenho segredo nenhum. Estava a dar um tempinho por causa da cirurgia, mas vou voltar a treinar em breve, a fazer os exercícios que já fazia aqui em casa, onde tenho um ginásio.
E que outro segredos nos pode partilhar para estar sempre bem e com um aspeto tão jovial?
O aspeto jovial não vem só de fora, nem vem dos cremes que usamos. Vem de dentro, sai-nos de todos os poros, a vontade de sorrir, de ser feliz, de vestir roupa jovem, mesmo que as pessoas digam que fica mal, eu não me importo porque eu sou assim e sinto-me bem com o que uso
Que outros cuidados tem com a alimentação e com o corpo?
Agora que já passaram quatro meses desde a cirurgia, volto novamente a treinar. Foi o tempo que decidi que ficava sem treinar. No que toca à alimentação, não como fritos, não como salgados, nem os faço em casa. Não gosto de provar novas comidas, para não ficar a gostar e ser mais uma comida que vou comer. O único senão é que adoro doces e todos os dias tenho de comer qualquer coisa que seja doce, senão provavelmente eu morro.
É hoje a mulher que imaginava ser?
Não. Acho que gostava de ter sido muito mais.
Olhando para trás, guarda algum arrependimento? Alguma coisa que fizesse diferente?
Tenho alguns arrependimentos, mas não me foco nisso, porque sei que não dá para alterar aquilo que já foi feito, por isso, nem me canso. Tento ser feliz com aquilo que tenho, com aquilo que sou. E, às vezes, comparo-me aos outros. Comparando-me aos melhores, poderia ter sido mais. Comparando-me aos piores, estou muito satisfeita.
O que diria à Teresa da sua infância/adolescência?
Diria que deveria ter-me esforçado mais por aquilo que eu queria ser e pelos meus sonhos.
Se pudesse voltar atrás no tempo, voltaria a que momento?
Sinceramente, se pudesse voltar atrás, nem é por mim, mas talvez voltasse a um jantar de Natal em que estava a família toda reunida para poder ter novamente os meus sogros juntos comigo e com o meu marido, porque, nas reuniões de família, eu estou feliz, porque ainda tenho os meus pais, a minha irmã, os meus sobrinhos, os meus filhos e os meus netos, mas o meu marido não tem os pais nem ninguém que o faça recordar da adolescência dele. Vê-lo com os pais novamente e vê-lo feliz ia fazer-me feliz.
Onde e como é que se imagina daqui a 5/10 anos?
Ai que horror! Daqui a 10 anos, imagino-me muito velha, a ralhar com o Jorge, a preparar o jantar de Natal para a família e, provavelmente, a morrer de saudades dos meus pais. Que horror. Por isso é que eu detesto pensar no futuro, gosto só de viver muito o presente. Imagino-me a conhecer o namorado da minha neta.... O melhor mesmo é pensar que, daqui a 10 anos, faço parte daqueles que gostam de mim. Fazer parte daqueles que gostam de mim.