Crónicas

Raul Minh'alma: "Não há maior prisão do que viver em função da opinião dos outros"

Às vezes, temos tanto receio de ser criticados que ficamos reféns da opinião dos outros. Acabamos a fazer o que nos dizem ser melhor para nós, ou simplesmente escondemo-nos do mundo.

Escritor
  • 7 nov 2023, 16:05
Raul Minh'alma
Raul Minh'alma

É isso que faz Mariana, a personagem principal do meu novo romance "Tudo foi como tinha de ser".

Depois de ter sido divulgado um vídeo íntimo nas redes sociais, Mariana isola-se em casa e esconde-se do mundo para não sofrer com os comentários, olhares e dedos apontados das pessoas com que se cruzava na rua. É com esta história, inspirada em factos reais, que procuro passar uma mensagem que nunca deveríamos esquecer: o que os outros pensam ou dizem sobre nós não define quem somos. Na verdade, o que os outros falam, diz mais sobre eles do que sobre nós. Mas o que pensamos que pensam de nós, é mais um julgamento nosso do que deles. Afinal, ainda não temos a capacidade de ler pensamentos, portanto, projetamos ideias com base na imagem que temos de nós próprios.

"Somos livres de não agradar a toda a gente."

Como tal, um dos primeiros passos para nos protegermos das opiniões alheias é trabalharmos a nossa autoimagem. Aceitarmo-nos tal como somos, perdoarmo-nos por tudo o que fizemos menos bem ou que podíamos ter feito e não fizemos. E compreendermos que aqueles que mais apontam o dedo são, na verdade, quem mais medo tem que olhem para eles. É urgente deixarmos cair esta obrigação de sermos perfeitos e de que temos de ter tudo sob controlo ou de que temos de agradar a todos. Não temos! Somos livres de não agradar a toda a gente e é importante lembrarmo-nos disso.

Não tivemos todos conteúdo íntimo divulgado na internet, como acontece neste romance, mas já todos sofremos com comentários desagradáveis, com opiniões que não foram pedidas e com julgamentos infundados e ideias pré-concebidas. É esse o foco deste livro. Não só fazer uma chamada de atenção a todos os que apontam o dedo com demasiada facilidade e têm o prazer sádico de evidenciar as falhas dos outros, mas também dar ferramentas a quem está do outro lado desses ataques. Ferramentas que os protejam de uma sociedade que procura constantemente sentar-nos no banco dos réus por sermos, simplesmente, humanos num processo de aprendizagem e crescimento.

"São horas de darmos mais a mão e menos a opinião."

Não há maior prisão do que viver em função da opinião dos outros, por isso, são horas de nos libertarmos desta constante necessidade de validação que nos esconde da nossa verdade. São horas de sermos mais compassivos e compreensivos uns com os outros. São horas de darmos mais a mão e menos a opinião. São horas de aprendermos o que a Mariana também está prestes a aprender ao longo do livro: "Tudo foi como tinha de ser".

Patrocinados