Apresentador, ator e agora também anfitrião de um podcast de autor. Pedro Granger resgata a faceta de comunicador em "Foi como foi - O podcast das canções", um projeto no qual dá palco àquilo que sempre o fascinou - saber o que está por detrás das letras que nos tocam.
Gravado nos estúdios da RFM e com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores e da Fundação GDA, este formato é, segundo Pedro Granger, sobre escutar com atenção, ir além do refrão e perceber o que torna cada canção única.
O que é que o atraiu neste desafio ligado à rádio e à música?
Por um lado, a vontade de voltar à apresentação de programas, coisa que gosto muito de fazer e já não fazia desde 2018, altura em que preparei e moderei as conferências de imprensa dos vários países na Eurovisão, e apresentei a Red Carpet Eurovisiva também. A verdade é que, desde que apresentei o "Ídolos", ao lado da Sílvia Alberto, na SIC , e, depois, o "Rédea Solta", na TVI24, o "Elo Mais Fraco", na RTP, ou até mesmo quando apresentei a primeira edição do "Secret Story", ao lado da Júlia Pinheiro nas galas de domingo, e de segunda a sexta-feira com a Leonor Poeiras, foi-se juntando a este meu lado de ator uma paixãozinha que se foi tornando numa grande paixão, que é esta de conduzir, moderar, entrevistar e apresentar programas.
E porquê um programas sobre música especificamente?
E porque não ? (risos) Eu sempre ouvi muita musica, gosto de escrever, de compor... e sempre fui um curioso no que diz respeito às letras das músicas. Desde miúdo que me ponho a imaginar se o que determinado cantor está a cantar quer mesmo dizer aquilo que estou a imaginar. Qual é que é mesmo a verdadeira história daquela música, daquela letra? Depois, já adolescente, quando comecei a cantar em bares, juntou-se a esta curiosidade a curiosidade de saber como tinha sido o processo de composição das músicas, a gravação em estúdio... Isto tudo bem misturado dá o ponto de partida para o podcast/videocast "Foi como foi - O podcast das canções". É sobre isto que se quer e vai falar aqui. Descobrir os segredos e as verdadeiras histórias por detrás das canções.
Sente-se preparado para este novo registo?
Realmente, mesmo não sendo um programa de rádio, é um programa feito na rádio, e trabalhar na rádio já era um sonho muito antigo que tinha. Este podcast, que pode ser visto na sua versão de vídeo também no site da RFM, no Youtube, no Spotify... não passa na rádio propriamente dita, mas é lá que é gravado, como se de um programa de rádio se tratasse. Quantas vezes é que eu já disse rádio nesta resposta? (risos) Aliás, uma das coisas mais divertidas na preparação do "Foi como foi" foi a verdadeira aula sobre "como operar uma mesa de rádio" que o António Mendes, o diretor da RFM, me deu. Ao principio, era super confuso, parecia um miúdo a aprender a nadar, só a meter agua e a engolir pirulitos, mas, depois, aquilo acaba por ser mais fácil e intuitivo do que parece.
O que é que este podcast tem de diferente das experiências que já viveu?
Este projeto obriga-me a adjudicar muito tempo à pesquisa, escrita e preparação dos programas. Sendo um programa de autor, que aliás teve o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores e da Fundação GDA, recaem sobre mim todas estas tarefas, para além da apresentação propriamente dita.
O podcast será focado exclusivamente na música ou gostava de alargar a conversa a outros temas?
Este é um podcast sobre música, músicos e as suas histórias. O que é que as músicas dos cantores, autores, compositores convidados querem mesmo dizer, em que é que se inspiraram, como foram feitas, onde foram criadas, como foram recebidas pelo publico... Para entrevistas de vida e de carreira já há aí espaços que cheguem. O objetivo do "Foi como foi" é diferente. Aqui, fala-se e conta-se a história e as historias das músicas.
Que tipo de abordagem quer trazer às entrevistas? Vai seguir um guião ou deixar-se levar pela conversa?
Como dizia, há sempre o trabalho de pesquisa, alinhamento, guião , apresentação do convidado e fecho de programa... Não é chegar lá, pôr a gravar e dizer: "O que é que tens para contar?" Mas mal de mim e dos convidados se não nos deixássemos levar pela conversa também.
Tem algum artista com quem esteja particularmente entusiasmado por conversar ou que gostasse muito de convidar?
Isso é um bocado difícil de responder, numa altura em que já foram feitos e aceites mais de dez convites... Mas a Carminho está em digressão pelo mundo fora e, por isso, não dava, nem sequer fiz o convite mal olhei para o cartaz com as datas dela, mas... quem sabe se mais la para a frente...
Como estão a correr as gravações? O que já pode contar?
(risos) Não vou contar muito. A ideia é as pessoas verem ou ouvirem. Mas está a ser mesmo uma experiência muito fixe. Tenho uma produtora e uma realizadoras incríveis (obrigado, Catarina e Bárbara), o ambiente na RFM é super boa onda, é mesmo uma alegria enorme trabalhar assim e ali.
E o que nos pode revelar sobre os convidados, mesmo sem revelar nomes?
Vocês da SELFIE são sempre tão queridos que revelo uns nomes na boa: Carolina Deslandes, Aurea, Luísa Sobral, Sónia Tavares... São apenas algumas das convidadas com quem já gravámos. Convidei pessoas que têm músicas que me suscitam a tal curiosidade de saber qual é a verdadeira história por detrás das suas letras.
E que papel tem a música na sua vida pessoal?
A música não se limita a ter um papel na minha vida. Na minha vida, a musica tem papel, caneta, lápis, borracha. Quer porque gosto de escrever e compor, quer porque me ajuda a criar, imaginar, lidar e superar situações e sentimentos...
Sente que a cultura, e em especial a música, tem hoje o espaço e reconhecimento que merece?
Qualquer forma de Arte merece sempre mais espaço do que aquele que tem. Mas, se formos a pensar e fizermos uma comparação com o panorama atual e o que acontecia nos anos 90, penso que hoje em dia há muito mais bandas e artistas a conseguirem mostrar o seu trabalho, há muito mais concertos e festivais, as rádios passam mais música portuguesa... Se é suficiente e se chega a todos os tipos de músicos e bandas... provavelmente e infelizmente não. O mesmo acontece no mundo da representação.
Que tipo de ligação gostaria de criar com os ouvintes através deste podcast?
Ouvinte e não só - que o programa também pode ser visto no site da RFM e no Youtube. Mas, respondendo à pergunta: espero que as pessoas gostem, que se divirtam, que isto lhes acrescente alguma coisa e que comecem a dar mais importância às letras das músicas, às histórias que nos estão a ser cantadas e que valorizem todo o trabalho de processo criativo dos artistas.
Como define o seu papel neste novo projeto: mais entrevistador, mais curioso ou mais fã?
All the above (risos).
Se tivesse de descrever esta rubrica numa só frase, qual seria?
Foi como foi, e foi muito bom.
Se, um dia, interpretasse um músico num filme, quem gostaria que fosse?
Ui! Essa é difícil. Talvez o Robbie Williams, o Phill Collins ou a Sara Bettens. vocalista dos K's Choice.
Que outros projetos planeia concretizar em 2025?
Tem sido um ano de muito trabalho. Este verão vai ser bem carregadinho de coisas boas. Entre projetos de comédia, drama, mais modernaços e mais antigos - e este podcast "Foi como foi" - vai haver lugar para tudo. Mas tudo a seu tempo...