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Pedro Chagas Freitas lamenta sobre o filho: "Uma tristeza sem fim pelo que ele hoje teve de passar"

No Instagram, o escritor Pedro Chagas Freitas deixou um novo desabafo, a propósito do estado de saúde do filho, Benjamim.

É através do Instagram que Pedro Chagas Freitas tem partilhado com o público episódios que tem vivido com o filho, Benjamim, de seis anos, que foi submetido recentemente a um transplante de fígado, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Desta vez, o escritor confessou a ambiguidade de sentimentos por que tem passado ao longo deste momento mais frágil: "Não há maneira de haver dias fáceis, sem novidades que nos façam cair um pouco. Depois levantamo-nos, conseguimos sempre, mas poderia haver um dia de menos angústia para descansar um pouco, só um bocadinho."

"Neste hospital, em quarenta dias, fui mais feliz do que nunca, e nunca sofri tanto como aqui. A alegria não ensina nada. É maravilhosa, estupenda, um espctáculo, mas não ensina nada. Quando não aprendemos nada, podemos estar alegres, rir muito, mas é uma exultação oca, sem conteúdo, sustentada numa relação sem espessura com a vida. A alegria não traz a felicidade. A felicidade não existe sem um pouco de fracasso, sem uma lágrima que se junte a ela para construir uma pessoa total. A grandeza vem do que corre mal, das falhas no plano, do chão que racha debaixo dos pés. Formamo-nos na véspera do riso, na sala de espera da gargalhada. Preciso muito de rir, e rio muito todos os dias; preciso também de sofrer, e é assim que me livro do sofrimento. Lido com ele, sinto-o", acrescentou.

"Adormeci há minutos o Benjamim, fui feliz como nunca, e veio uma tristeza sem fim pelo que ele, hoje como em outros dias, teve de passar, as provas que teve de superar. Superou-as todas, o que me trouxe uma alegria insana, e sofreu com todas, o que me trouxe uma dor insana. Quando ele pousa a cabeça junto ao meu ombro, quando me pede a mão a agarrar a dele, assume a precisão absoluta, a necessidade primordial de proteção. É nesse território, ao qual só ascende quem vive a dor, que se erige a felicidade. Não porque precisamos de sofrer para sermos felizes, mas porque só sabemos o que é a felicidade quando nos sentimos, nem que por segundos, impedidos para sempre de a sentir", sublinhou, ainda, garantindo: "Numa festa não há necessariamente gente feliz, pode haver apenas gente distraída, alienada. Nada contra, mas não me chega, já não me satisfaz a satisfação da pele, da euforia na veia. Sei que a felicidade é a travessia, nunca o destino."

"Neste hospital, em quarenta dias, sofri mais do que nunca, e nunca fui tão feliz como aqui", completou.

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